Caríssimos e amadas.
A distinção entre a verdadeira e a falsa religião é um tema que tem ecoado nos círculos religiosos, esotéricos e místicos ao longo dos séculos. Este tema se aprofunda na diferença entre o culto ao deus-demiurgo exterior e o culto ao verdadeiro Deus, o Cristo interior.
Esta diferenciação, essencial para o entendimento profundo da espiritualidade, revela as bases sobre as quais construímos a nossa relação com o sagrado, com o divino e com o universo.
No esoterismo, o termo "demiurgo" se refere a um ser divino ou força celestial que cria e ordena o mundo material.
Na tradição gnóstica, o demiurgo é frequentemente visto como uma entidade divina menor que governa o mundo físico, porém distante do verdadeiro Deus ou da divindade suprema.
O culto ao deus-demiurgo exterior é aquele praticado pela maioria das religiões e pessoas, muitas vezes sem terem a plena consciência de sua natureza ou implicações.
Este culto é marcado por rituais e práticas externas, cultos totalmente voltados para a obtenção de bens materiais, poder, e sucesso mundano.
Aqueles que seguem este caminho tendem a adorar uma figura ou força divina externa, atribuindo a ela todo o poder, glória e controle sobre suas vidas.
Essa figura, o falso deus, requer veneração constante e oferece em troca apenas "migalhas materiais" – pequenas satisfações e conquistas terrenas que mantêm o indivíduo preso à ilusão da materialidade e da separação do verdadeiro divino.
Esse culto exterior alimenta o ego e mantém a alma em um estado de servidão, sempre buscando algo fora de si para preencher o vazio interno.
A alma, ao buscar na matéria o que é de sua natureza espiritual, acaba se afastando da verdadeira fonte de paz e liberdade.
Em contraposição ao culto exterior, o verdadeiro culto religioso é aquele voltado para o Deus íntimo, o Cristo interior que reside em cada ser humano. Este culto não exige templos majestosos ou rituais grandiosos, pois seu altar é o coração do próprio praticante. Ao voltar-se para dentro, o indivíduo inicia o processo de autodescobrimento, encontrando o divino não como uma entidade separada, mas como a essência de sua própria alma.
Este Deus interior, quando reconhecido e cultivado, desabrocha como uma rosa de luz e revela sua verdadeira natureza: amor incondicional, paz duradoura, liberdade plena e imortalidade da alma.
O culto ao Deus interior é um caminho de iluminação, onde a alma transcende as ilusões do mundo material e encontra sua verdadeira identidade como uma extensão do divino.
Através de práticas como a meditação, a introspecção e o serviço desinteressado, o buscador começa a despertar para a realidade espiritual.
O processo de desabrochar do Cristo interior não é instantâneo, mas gradual. Conforme a alma vai se purificando e se libertando das cadeias do ego e das ilusões terrenas, mais manifesta se torna a presença do Christo.
A verdadeira liberdade espiritual, portanto, não é alcançada através da adoração de forças externas ou da busca por bens materiais. Ela é o resultado do profundo trabalho interno, da reconexão com o divino que habita em cada um de nós.
Este processo de religar (religião)é também o de autoconhecimento e auto-realização que leva o indivíduo a reconhecer que a paz, o amor e a imortalidade não são concessões de um deus exterior, mas sim estados naturais da sua alma que desperta.
Enquanto o culto ao deus-demiurgo exterior mantém a alma presa às limitações do mundo físico, o culto ao Cristo interior a eleva para além das dualidades e ilusões da matéria.
A alma que cultua o Deus interior vive em comunhão constante com a fonte divina, experimentando a verdadeira liberdade que transcende a morte e o sofrimento.
Por fim, para concluir, a diferença fundamental entre a verdadeira e a falsa religião está, portanto, no foco do culto: enquanto a falsa religião adora o demiurgo exterior, buscando gratificações efêmeras e materiais, a verdadeira religião se volta para o Deus interior, o Cristo que habita em cada ser humano, buscando a realização espiritual e a consequente libertação da alma.
Aqueles que trilham o caminho do culto ao Deus interior encontram, no desabrochar do Cristo em seus corações, a chave para a verdadeira paz, amor, liberdade e imortalidade. Este é o verdadeiro propósito da espiritualidade: não a adoração de uma força externa, mas o reconhecimento e a vivência do divino que habita em nós, transformando cada aspecto de nossas vidas e nos conduzindo à plenitude espiritual.
Assim, a verdadeira religião não é uma prática externa, mas uma jornada interna, onde a alma se reconcilia com sua origem divina e se eleva para além das limitações do mundo material, alcançando a eterna comunhão com o Todo.
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Autoria: WS Oliveira
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