domingo, 1 de setembro de 2024

A incrivel mania (teimosia) do indivíduo em não aceitar a crença e a fé do outro !

 


A busca incessante do ser humano para provar que a sua crença é a verdadeira e superior às demais tem sido um dos fatores históricos mais significativos na formação de conflitos e guerras. Esta atitude, enraizada profundamente nas complexidades da psicologia humana, religião, e dinâmica social, levanta uma série de questões sobre a natureza do homem e a necessidade de validar suas próprias convicções a qualquer custo.


 A Necessidade de Validação Pessoal e Social


Primeiramente, o desejo de provar que a própria crença é a verdadeira pode estar ligado à necessidade fundamental de validação. A crença, seja religiosa, filosófica ou ideológica, é frequentemente uma parte central da identidade de um indivíduo. Quando essa crença é questionada ou confrontada por outras, o indivíduo pode sentir que a sua própria identidade está sob ameaça. Nesse contexto, provar que a sua crença é a correta se torna um mecanismo de defesa, uma forma de reafirmar a sua identidade e encontrar segurança em um mundo incerto.


Além disso, a validação não é apenas pessoal, mas também social. Em muitas culturas e comunidades, a adesão a uma crença comum fortalece os laços sociais e cria um senso de pertencimento. Quando essa crença é desafiada por outra, o grupo pode ver isso como uma ameaça à sua coesão e, por extensão, à sua sobrevivência. Isso pode levar a uma reação defensiva, na qual o grupo procura não apenas afirmar a superioridade da sua crença, mas também suprimir ou eliminar crenças concorrentes.


 O Medo do Desconhecido e da Alteridade


Outro fator importante é o medo do desconhecido e da alteridade. A humanidade, ao longo da história, demonstrou uma tendência a temer e desconfiar do que é diferente. Crenças diferentes podem ser vistas como um desafio não apenas ao sistema de valores de uma pessoa ou grupo, mas também ao seu entendimento fundamental da realidade. Esse medo pode gerar uma necessidade quase instintiva de eliminar ou converter o “outro” para restabelecer uma sensação de ordem e segurança.


Esse medo do desconhecido também pode se manifestar como uma recusa em aceitar que a verdade pode ser multifacetada ou subjetiva. Muitos sistemas de crenças são baseados na premissa de que existe uma verdade absoluta e universal, e a ideia de que outras crenças possam ser igualmente válidas pode ser profundamente perturbadora. Assim, a insistência em provar que a própria crença é a verdadeira pode ser uma tentativa de evitar o desconforto psicológico de enfrentar a complexidade e a diversidade da experiência humana.



Poder e Controle


A questão do poder também não pode ser ignorada. Ao longo da história, líderes religiosos, políticos e sociais têm utilizado a crença como uma ferramenta para exercer controle sobre as massas. Provar que uma crença é a verdadeira frequentemente se traduz em consolidar poder e influência, seja sobre uma comunidade, uma nação ou até mesmo o mundo. Guerras e desavenças muitas vezes têm menos a ver com a pureza da crença em si e mais com os interesses de poder que se ocultam por trás dela. Ao conquistar ou suprimir outras crenças, os líderes podem reforçar a sua posição de autoridade e expandir seu domínio.


 Ignorância e Fanatismo


A ignorância e o fanatismo também desempenham um papel crucial nesse fenômeno. Quando uma pessoa ou grupo é profundamente ignorante sobre as crenças e valores dos outros, é fácil desumanizar e demonizar aqueles que pensam diferente. Esse processo de desumanização facilita a violência, já que o “outro” é visto como menos digno de respeito ou mesmo de vida. O fanatismo, por sua vez, é uma forma extrema de convicção que não admite questionamento ou dúvida. Para o fanático, não há espaço para compromissos ou convivência pacífica com aqueles que não compartilham da sua visão de mundo.


Em última análise, a insistência do ser humano em provar que sua crença é a verdadeira, ao custo de ignorar ou rejeitar a crença do outro, está enraizada em uma combinação complexa de fatores psicológicos, sociais, culturais e políticos. O desejo de validação, o medo do desconhecido, a busca por poder e a ignorância alimentam a intolerância e o conflito. Enquanto esses impulsos permanecerem, as desavenças e as guerras continuarão a ser uma parte trágica, mas inescapável, da experiência humana. Para transcender esse ciclo, é necessário cultivar o entendimento, a empatia e a aceitação da diversidade de crenças, reconhecendo que a verdade pode ser mais ampla e inclusiva do que qualquer sistema de crenças isolado possa abarcar.



Opinião 

Atacar ou rejeitar a crença do outro pode ser entendido como uma forma de autoafirmação e validação pessoal ou coletiva. Quando uma pessoa ou grupo se sente inseguro ou ameaçado em relação à própria identidade ou crença, a necessidade de reafirmar essa identidade pode levar à tentativa de desqualificar ou eliminar crenças diferentes. Esse comportamento serve como uma maneira de proteger e fortalecer o próprio senso de segurança e pertencimento, garantindo que a visão de mundo na qual a pessoa ou o grupo se apoia permaneça intacta e incontestada.


Em outras palavras, ao invalidar ou atacar a crença do outro, o indivíduo ou grupo está, de certa forma, reafirmando a própria posição e identidade, muitas vezes na tentativa de suprimir qualquer dúvida interna ou externa sobre a legitimidade da sua própria crença. Isso pode ser visto como um reflexo de insegurança, onde a aceitação de outras perspectivas é vista como uma ameaça que deve ser neutralizada para manter o equilíbrio interno e a coesão social.


Atacar ou desrespeitar o outro por causa de diferenças de crença é não apenas insano, mas também uma grande perda de tempo e energia. A história nos mostra que essas atitudes frequentemente resultam em sofrimento, conflitos e destruição, sem que nada de verdadeiramente positivo seja alcançado.


Quando as pessoas se recusam a respeitar as crenças dos outros, elas fecham as portas para o diálogo, para o aprendizado mútuo e para a construção de uma sociedade mais inclusiva e harmônica. O desrespeito e a intolerância alimentam divisões, enquanto o respeito e a compreensão têm o potencial de unir as pessoas, mesmo em meio às suas diferenças.


No fundo, cada pessoa tem o direito de ter suas próprias crenças, desde que essas crenças não sejam usadas para justificar o dano aos outros. O respeito mútuo é o alicerce para a convivência pacífica e para o progresso coletivo. Investir em diálogo, empatia e aceitação é muito mais produtivo e enriquecedor do que se engajar em confrontos que, no fim das contas, não trazem nenhum benefício real. 


É a capacidade de respeitar e valorizar a diversidade de pensamentos e crenças que nos permite evoluir como indivíduos e como sociedade. Isso sim é uma demonstração de verdadeira força e maturidade.


Abilio Machado Psicoarteterapeuta e PG em Docência em Filosofia e Teologia entre outras 

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