domingo, 31 de agosto de 2025

SAUL _ o rei escolhido pelo desejo do povo de “ter alguém como as outras nações” - da Serie O Homem Sentado no Banco da Igreja

 


SAUL _ o rei escolhido pelo desejo do povo de “ter alguém como as outras nações”

Por Abilio Machado 

Hoje, o homem sentado no banco da igreja não está na igreja.

Ele se encontra em um ferro-velho, rodeado de carros enferrujados, peças retorcidas e coroas de metal que um dia brilharam mas agora não passam de peso inútil. Ele se senta sobre um assento arrancado de algum veículo abandonado, como um trono quebrado. O cheiro de óleo velho e ferrugem o envolve, lembrando que até o que já foi imponente pode virar sucata.


Ali, entre restos de glórias passadas, ele pensa em Saul.

O primeiro rei de Israel. Escolhido por sua estatura, pela aparência imponente, pelo desejo do povo de “ter alguém como as outras nações”. Saul começou pequeno aos próprios olhos, tímido, escondido entre bagagens. Mas o poder, quando repousou sobre sua cabeça, corroeu-lhe o coração.


No ferro-velho, cada peça parece contar a mesma história: coisas que já brilharam e hoje não passam de descarte. Assim foi Saul. Um homem que tinha tudo para ser lembrado como libertador, mas que se tornou símbolo de desobediência, inveja e medo.

Ele não suportou o peso da coroa.

A coroa virou sucata.


E o homem suspira: quantos “Saul” temos hoje?

Líderes que começam humildes, falando de servir, mas logo se perdem na embriaguez do poder. Gente que troca a obediência pela aparência, a verdade pela conveniência, a fé pelo aplauso. Governantes que governam para si, líderes religiosos que transformam púlpitos em palcos, chefes que querem ser adorados, não respeitados.


Saul queria ser rei como os outros reis. E o povo queria seguir alguém visível, em vez de confiar no invisível. O preço disso foi alto: guerras desnecessárias, paranoia, perseguição, um trono manchado de sangue e lágrimas.


O homem olha ao redor: carros retorcidos, portas amassadas, coroas quebradas. Ele entende que todo poder que não é exercido em humildade acaba aqui, no ferro-velho da história.

E murmura baixinho: “Talvez o maior rei seja aquele que nunca esquece que continua sendo servo.”



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