sábado, 19 de abril de 2025

O Sábado de Aleluia 2025 no Brasil

 


O Sábado de Aleluia 2025 do Brasil

Pós Abilio Machado 

O sábado de aleluia amanheceu quente. Sol firme, céu limpo e um cheiro no ar que misturava carvão queimado com frustração acumulada. É o dia da malhação do Judas — tradição antiga, mas que o brasileiro, com sua criatividade infinita, reinventa a cada ano. Em tempos de crise, o boneco de pano vira símbolo de desabafo coletivo.

Neste ano, não houve surpresa. O povo escolheu seus "Judas" com a pontaria certeira de quem já cansou de apanhar da realidade. No centro de muitas cidades, estavam lá os bonecos com a faixa no peito: “Lula” e “Alexandre de Moraes” ou "STF". Um ex-metalúrgico que virou presidente depois de ser preso, condenado em todas as instâncias jurídicas e que retornou por ações do STF para aniquilar a economia brasileira através de impostos, taxas e altos juros e um juiz com cara de poucos amigos, que prefere dar anos de prisão a velhinhas por manifestação a soltar bandidos declarados da sociedade como traficantes e membros de facções sem mencionar que advogou a uma delas, mas joga bem para todas ascque existem no país. Tanto Lula quanto Moraes e STF são símbolos de tudo o que incomoda, do que não se entende direito, mas se sente na pele.



A malhação foi mais que encenação. Foi catarse. No Brasil de 2025, o salário não acompanha o carrinho de supermercado, a picanha não veio, o ovo virou artigo de luxo, 9 cafe a hora da morte, o Pix pinga menos, e o aluguel,  água e luz comem a renda feito traça. Gritar com um boneco não resolve, mas dá uma aliviada momentânea,  porém segunda o chicote da realidade comerá a pele de cada brasileiro com os horrores da hipocrisia de um homem ressentido com a população e sua deslumbrada primeira dama. 

O brasileiro, que sempre teve o dom de rir da própria tragédia, aproveita. Faz piada, vende churrasquinho, cerveja quente e picolé ao lado do Judas pendurado e segue a vida.



Política aqui virou torcida — e torcedor não perdoa juiz. Alexandre de Moraes virou o vilão oficial de mais da metade do país, quem seria o guardião da Constituição virou a figura que a tem rasgado e modificado segundo suas vontades... Sim, hoje é o algoz da liberdade. Já Lula, com seu discurso gasto e promessas que não cabem mais no bolso da esperança, passou de herói a Judas com a velocidade de um aumento no preço da cesta básica e as tarifas que não param de serem impostas onde o povo não vê retorno das políticas públicas.

Mas a malhação do Judas não é só um protesto, é também um espelho. Cada soco no boneco é um grito contra o que se sente impotente pra mudar. No fundo, o brasileiro não quer queimar Lula nem Moraes literalmente. Quer sim queimar a sensação de que nada melhora. Que a fila do posto de saúde anda mais devagar,  a falta de medicamentos, falta de médicos, falta de empregos, é uma raiva contida quando passa no caixa do supermercado, é sobre o ônibus lotado, é sobre as imperícias do INSS. É sobre o filho que  estuda e não vê futuro. Sobre um governo que se diz do amor porém só causa violência,  agressão e dor.



O que nos parece que a política e o judiciário parecem um teatro onde o povo nunca pega o papel principal.

E assim se passa mais um sábado de aleluia. Entre cinzas de bonecos e piadas de esquina, o povo brasileiro fez o que sabe fazer melhor: resistir com um sorriso cansado no rosto e uma vontade secreta de que, quem sabe, na próxima páscoa, ressuscite alguma esperança. Nem que seja só pra variar. Com uma mudança escalonada para melhor, chega de corrupção,  de injustiças, de hipocrisias e desgoverno do falso amor...



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