O último Amém de Francisco
Na manhã em que a Praça de São Pedro ecoou o “Aleluia” da Páscoa, ninguém imaginava que aquela bênção seria sua despedida. Aos 88 anos, Papa Francisco fechou os olhos para o mundo terreno pouco após proclamar a ressurreição de Cristo. Uma saída simbólica, quase poética, para um pontífice que fez da fé um gesto vivo, cotidiano — e muitas vezes desconfortável para os donos da tradição.
Jorge Mario Bergoglio, o jesuíta argentino que recusou os palácios do Vaticano e preferiu viver num quarto simples, fez história desde o primeiro “boa noite” na sacada da Basílica, em 2013. Não foi um papa de gestos apenas simbólicos — foi um líder que, com frases simples e firmes, empurrou a Igreja alguns passos à frente do tempo que ela mesma teme acompanhar.
“Quem sou eu para julgar?” não foi só uma frase sobre homossexualidade — foi um terremoto de misericórdia num edifício habituado à rigidez. Francisco incomodou os conservadores, provocou cardeais, aproximou-se dos pobres, lavou os pés de imigrantes, e falou do aquecimento global enquanto ainda havia quem o negasse.
Muitos o chamaram de progressista, como se isso fosse um pecado. Mas Francisco preferia ser chamado de pastor. E foi: entre as trincheiras da desigualdade, nas fronteiras onde os refugiados afundavam no mar, e nos corredores silenciosos onde a fé parecia sufocada pelo escândalo.
Sua morte, ocorrida logo após a bênção de Páscoa, parece um aceno final. Um gesto silencioso dizendo que cumpriu o que tinha de cumprir. Morreu como viveu: em meio ao povo, com a liturgia nas mãos e o olhar voltado para o alto — e para os últimos da fila.
Agora, o mundo se despede. Não só de um papa, mas de uma voz que insistiu em lembrar que fé sem compaixão é só discurso vazio. E que a Igreja, para continuar viva, precisa se parecer mais com Cristo do que com o poder.
Seu corpo já está preparado, em caixão vestido em túnica vermelha, com a tradicional mitra a cabeça, receberá visitantes fiéis no decorrer dos dias e será sepultado no próximo sábado, 26.
Que repouse em paz, Francisco. E que a Igreja não se esqueça do que ele ousou lembrar.
Oro para que Deus em sua infinita bondade lhe conceda os Portões Celestiais abertos para que adentre aos Jardins Eternos do Reino, sem dores, sem medos ou apegos terrenos.
________________________..._________________________
Sou Abilio Machado, um membro de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias e que por alguns anos fui coordenador do Ministério Cênico Angelo's Marianos e presidente da Juventude Marial Vicentina (JMC) em Campo Largo- Paraná.
Nenhum comentário:
Postar um comentário