quarta-feira, 16 de julho de 2025

Aos 10 anos, posso escolher mudar de sexo?

 


Aos 10 anos, posso escolher mudar de sexo?

Por Abilio Machado 

Sentado no banco duro de uma recepção hospitalar, vejo uma criança com o uniforme da escola, os pés balançando porque não tocam o chão. Tem um celular nas mãos e parece saber mais de redes sociais que muito adulto. Mas, será que sabe mesmo sobre si?


A pergunta tem ecoado nos debates políticos, nas mesas de jantar, nos tribunais e nas igrejas:


> “Uma criança de 10 anos tem maturidade para decidir mudar de sexo?”




Vamos respirar fundo. Antes da ideologia, da militância, da polarização. Vamos ouvir a ciência e a alma da infância.


👁️ O olhar psicológico


Aos 10 anos, o cérebro ainda está em desenvolvimento. O córtex pré-frontal — responsável por decisões, planejamento e controle de impulsos — só amadurece plenamente por volta dos 25 anos.

A identidade, nesse estágio, é um campo fértil de experimentações: gosto disso hoje, mudo amanhã; sou corajoso numa hora, tímido na outra; um dia quero ser astronauta, no outro veterinário.


Na infância, a identidade de gênero pode ser sentida, questionada, mas ainda não é um território estável o suficiente para decisões definitivas. A confusão entre expressão de gênero (como se veste, se comporta) e identidade de gênero (como se sente) é comum — inclusive entre adultos.


O papel da psicologia não é reafirmar impulsos infantis como verdades absolutas, mas acolher, explorar com cuidado, e proteger da pressa e das pressões externas — inclusive dos próprios pais, escolas ou ativismos radicais.


🏛️ A crítica sociopolítica


Transformar a experiência de uma criança em bandeira política é perigoso. A direita grita “castração de crianças”; a esquerda responde com “liberdade de identidade”. Enquanto isso, as crianças ficam no meio, às vezes instrumentalizadas por agendas que pouco se importam com seu sofrimento real.


A indústria farmacêutica, os centros de cirurgia, o mercado da transição crescem. E não se pode ignorar que há interesses por trás da suposta “urgência” de medicar e intervir precocemente.


A escola, que deveria ensinar a pensar, às vezes ensina a se rotular. Pais, perdidos entre o medo de reprimir e o medo de errar, também cedem à pressa de dar um nome ao que às vezes é só um grito de identidade: "olhem para mim! Me vejam! Me aceitem!"


Numa sociedade onde crianças mal aprendem a lidar com frustrações simples, estamos permitindo decisões irreversíveis antes mesmo de elas poderem votar, dirigir, beber, casar ou trabalhar.


🤲 O que devemos, como sociedade?


Acolher, ouvir, proteger — mas sem precipitação.

Tratar com respeito, sim. Mas com responsabilidade.

O amor verdadeiro não diz "faça o que quiser agora", mas "estarei com você enquanto você cresce e descobre quem é".


Porque quem ama, não acelera o tempo da infância.


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