Essa crônica nasceu da cena que vi (e vivi): um homem entrando na igreja sem ânimo, sentando no último banco, sem levantar as mãos, sem cantar, sem responder “amém”. Mas ali, naquela presença desajeitada e ferida, havia uma oração viva. Essa é para todos os que ainda vêm… mesmo se arrastando.
O Homem que Ainda se Arrasta até a Igreja: Ele Ainda Veio
Por Abilio Machado
Ele não entrou triunfante. Não veio de terno, nem com a Bíblia debaixo do braço. Na verdade, mal se vestiu com dignidade — colocou o que estava mais próximo da cama, porque a alma estava longe demais para se importar com aparência.
Ele não veio para adorar. Não veio para participar da ceia, nem para cantar louvores. Não veio por obediência, por empolgação ou por teologia. Ele apenas veio.
Veio porque não suportava mais ficar em casa com aquele vazio. Veio porque, mesmo ferido, havia algo lá no fundo que dizia que talvez — só talvez — Deus ainda estivesse por perto.
E assim, arrastando seus próprios escombros, ele entrou. Sentou no último banco. O lugar dos esquecidos. Dos que já não fazem parte do sistema. Dos que oram baixo porque já gritaram demais por dentro.
Ele veio com raiva de alguns irmãos, com mágoas que os cultos não curaram, com perguntas que os sermões não responderam. E mesmo assim, veio. Porque, embora a fé estivesse esburacada, ainda existia uma saudade de Deus maior do que a decepção com os homens.
> Não veio pelo pastor. Nem pelos irmãos. Nem pela comunhão.
Veio por Deus — e talvez nem saiba ao certo se ainda acredita em tudo como antes,
mas sabe que Deus ainda escuta o que o homem não consegue dizer.
No último banco, ele não precisa fingir força. Não precisa sorrir nem carregar versículos na ponta da língua. Ele não quer palmas. Nem bênçãos públicas. Já teve tudo isso — e ainda assim desabou.
Hoje, ele só quer existir na presença de Deus. Nem que seja em silêncio. Nem que seja com o rosto escondido entre as mãos.
> No último banco, não se busca mais visibilidade.
Aliás, foi de tanto ser invisível entre os da frente que ele se arrastou até o fim.
E agora, neste banco isolado, ironicamente,
ele se sente mais visto por Deus do que em todos os púlpitos e holofotes.
Ele não veio porque está bem.
Ele veio porque ainda sangra.
Porque ainda chora.
Porque ainda acredita — mesmo sem saber explicar.
Ele ainda veio.
E só isso já é um milagre maior do que qualquer profecia dita em voz alta.
Essa crônica rasga o verniz da religiosidade performática. Ela denuncia, sem agredir, o quanto se espera que o homem vá à igreja como quem vai a um palco — com roupa limpa, rosto erguido, fala ensaiada e fé impecável.
Mas o homem do último banco não vai para ser visto. Ele vai porque não suporta mais não estar ali. Ele vai mesmo quando a alma está despenteada, quando a roupa não combina, quando o coração ainda não perdoou. E isso — essa honestidade crua — é muito mais sagrado do que qualquer terno engomado.
Me conta nos comentários a igreja que frequenta como age ao receber alguém despido de roupas de marcas ou ternos de corte de alfaiate em risca de giz, como olham ao sei jeito de ser e estar...
E envia para aquela pessoa que você acha que vai fazer sentido ...
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