O MESTRE AINDA ESTÁ NO BARCO
Crônica da série “O Homem Sentado no Banco da Igreja” por Abilio Machado
Hoje ele não está sentado no banco da igreja, nem na praça, nem na calçada do posto de saúde ou numa sala de espera para consulta ou exame.
Hoje ele está sozinho...
No meio do mar.
Dentro de um barco pequeno.
Frágil como sua fé.
Não é um barco literal. É aquele lugar invisível onde vamos parar quando tudo parece prestes a afundar: o barco das dúvidas, dos medos, da espera por algo que nunca vem.
As ondas são grandes, impiedosas.
O céu, fechado.
O vento, frio e constante.
E o silêncio...
Atordoante.
Ali, só há ele.
E o Mestre.
Mas o Mestre dorme.
🌊 A travessia de quem crê sozinho
Naquele barco, não há multidão.
Não há outros discípulos para dividir a angústia, nem vozes para clamar juntas por socorro.
Só ele — o homem que aprendeu a orar calado, com o estômago vazio e os olhos cansados, com suas dores e displays de conprimidos.
Ali, ele não representa uma igreja, nem um povo, nem uma instituição.
Representa a alma de quem já perdeu quase tudo, menos a esperança de que, na quase certeza de que... o Mestre ainda esteja no barco.
Não há tanta certeza, tampouco dúvida exacerbada.
Apenas uma intuição silenciosa:
> “Ele está aqui, ainda que dormindo, eu sinto, eu fico.
Porque não quero morrer nadando sozinho numa fé inventada por mim.
Prefiro naufragar com Ele dormindo, do que nadar acordado rumo a nada.”
🛶 A fé sem plateia — e sem espetáculo
Essa fé — sem testemunhas, sem espetáculo, sem pregação — é a fé crua.
A fé de quem não tem mais promessas penduradas na parede.
A fé de quem não recebe milagres, nem profecias, nem bênçãos em série.
A fé de quem só tem o barco…
E o silêncio.
Mas ele escolhe permanecer.
E isso já é um milagre.
🔥 O silêncio como ato revolucionário
Esperar em silêncio, num mundo que exige respostas imediatas, é um ato subversivo.
Confiar num Deus que parece dormir, porém se faz presente a cada olhar, a cada pulsar do coração, num Cristo que pode parecer ausente, mas derramou o seu sangue, deu axsua vida terrenal por mim, por você..., Se tem que cantar louvores e declarar vitória.
O homem sentado no banco da igreja — agora, deitado num barco desgastado — descobre que não é o barulho que move o céu.
É a confiança silenciosa de quem sabe que, mesmo adormecido, o Mestre não abandona o barco.
Naquele dia, o mar não se acalmou.
Mas ele parou de gritar.
Fechou os olhos.
E dormiu também.
Talvez porque o verdadeiro milagre…
Seja não o vento parar,
mas a alma descansar.
Descansar no Senhor!
Quer promessa melhor que esta?!
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