Sentado no chão frio de um aeroporto estrangeiro, entre malas que mais parecem cicatrizes, o homem observa o letreiro que anuncia partidas, mas não regressos. Ele está exilado — não por crime cometido, mas por palavras ditas. Palavras que desagradam os reis de turno, que ferem a vaidade dos palácios e ecoam como afronta em tribunais que, ironicamente, se dizem da justiça.
"Profetas no Exílio"
Por Abilio Machado
“Nem todos os desertos são feitos de areia — alguns têm vista para o Congresso.”
Ele não é Elias fugindo de Jezabel, nem Daniel jogado entre leões — mas se sente um pouco de cada um.
A Bíblia está cheia de profetas exilados. Jeremias lançado à cisterna, Ezequiel vendo visões longe de casa, Amós fugido por denunciar os abusos dos governantes. Eram homens com coração em brasa e boca incômoda. Eram chamados de loucos, perigosos, radicais. Alguns foram mortos. Outros apenas calados.
Hoje, a perseguição vem em dossiês, em relatórios frios e votos monocráticos. Vem em manchetes enviesadas, em bloqueios bancários, contas em redes sociais censuradas, em ameaças veladas. Os modernos “profetas” — pastores, alguns políticos, jornalistas, pensadores, influenciadores, os que enfrentam a bolha do sistema — são lançados ao exílio digital, social ou geográfico. Muitos foram forçados a deixar o país. Outros perderam suas famílias, suas vozes, suas igrejas. Alguns ainda pregam, fazem a sua rebeldia — de longe, online, com medo.
Mas como calar o que arde no peito?
O homem sentado ali não se vê como mártir. Também não quer ser vítima. Ele só quer poder dizer o que acredita sem ser tratado como um criminoso. Quer voltar pra casa sem precisar pedir desculpas por ter falado em nome de uma verdade maior que a dos tribunais, de um wm específico comandado por 11 indivíduos onde a ira de um deles tem provocado mais ruínas povo que a tal democracia que se julga defender .
Talvez seja isso que une os exilados de ontem e de hoje: o desconforto de ver Deus substituído por governos, a dor de assistir à fé sendo negociada em comissões, em trocas de liberação de verbas numa famigerada troca de voto por dinheiro e a solidão de ser voz fora do coro.
Profetas não são santos. São apenas homens que viram demais para fingirem que não viram.
E o exílio, ainda que solitário, às vezes é o único lugar onde se ouve Deus claramente.
Porque o barulho das palmas nos palácios cala as vozes do deserto.
E quem se recusa a bater continência à religião do poder, acaba marchando sozinho.
Os profetas no exílio não têm púlpito, mas têm olhos abertos.
Não carregam títulos, mas sustentam perguntas.
E não se vestem de glória, mas de vergonha, poeira e verdade.
Eles não estão longe porque erraram. Estão longe porque não se venderam.
E seu isolamento é a evidência de que escolheram continuar sendo inteiros,
mesmo que isso custe a reputação, a liberdade ou o chão.
Talvez por isso tantos hoje se calem:
é mais seguro ser funcionário da fé do que estrangeiro de Deus.
Mas há algo sagrado no exílio:
é ali que os vendavais limpam a alma,
que os ídolos perdem o brilho,
e que o Nome — o único que importa — volta a sussurrar no escuro.
No fim, o exílio não é castigo.
É trincheira de lucidez num mundo embriagado de consensos deformados por anos de militância acadêmica, cultural, política e judiciária.
E quem já ouviu Deus no exílio,
não se impressiona com os discursos da corte.
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