domingo, 27 de julho de 2025

"Profetas no Exílio" - da série O Homem Sentado no Banco da Igreja


Sentado no chão frio de um aeroporto estrangeiro, entre malas que mais parecem cicatrizes, o homem observa o letreiro que anuncia partidas, mas não regressos. Ele está exilado — não por crime cometido, mas por palavras ditas. Palavras que desagradam os reis de turno, que ferem a vaidade dos palácios e ecoam como afronta em tribunais que, ironicamente, se dizem da justiça.


"Profetas no Exílio"

Por Abilio Machado 


“Nem todos os desertos são feitos de areia — alguns têm vista para o Congresso.”


Ele não é Elias fugindo de Jezabel, nem Daniel jogado entre leões — mas se sente um pouco de cada um.


A Bíblia está cheia de profetas exilados. Jeremias lançado à cisterna, Ezequiel vendo visões longe de casa, Amós fugido por denunciar os abusos dos governantes. Eram homens com coração em brasa e boca incômoda. Eram chamados de loucos, perigosos, radicais. Alguns foram mortos. Outros apenas calados.


Hoje, a perseguição vem em dossiês, em relatórios frios e votos monocráticos. Vem em manchetes enviesadas, em bloqueios bancários, contas em redes sociais censuradas, em ameaças veladas. Os modernos “profetas” — pastores, alguns políticos, jornalistas, pensadores, influenciadores,  os que enfrentam a bolha do sistema — são lançados ao exílio digital, social ou geográfico. Muitos foram forçados a deixar o país. Outros perderam suas famílias, suas vozes, suas igrejas. Alguns ainda pregam, fazem a sua rebeldia — de longe, online, com medo.


Mas como calar o que arde no peito?


O homem sentado ali não se vê como mártir. Também não quer ser vítima. Ele só quer poder dizer o que acredita sem ser tratado como um criminoso. Quer voltar pra casa sem precisar pedir desculpas por ter falado em nome de uma verdade maior que a dos tribunais,  de um wm específico comandado por 11 indivíduos onde a ira de um deles tem provocado mais ruínas povo que a tal democracia que se julga defender . 


Talvez seja isso que une os exilados de ontem e de hoje: o desconforto de ver Deus substituído por governos, a dor de assistir à fé sendo negociada em comissões, em trocas de liberação de verbas numa famigerada troca de voto por dinheiro e a solidão de ser voz fora do coro.


Profetas não são santos. São apenas homens que viram demais para fingirem que não viram.


E o exílio, ainda que solitário, às vezes é o único lugar onde se ouve Deus claramente.

Porque o barulho das palmas nos palácios cala as vozes do deserto.

E quem se recusa a bater continência à religião do poder, acaba marchando sozinho.


Os profetas no exílio não têm púlpito, mas têm olhos abertos.

Não carregam títulos, mas sustentam perguntas.

E não se vestem de glória, mas de vergonha, poeira e verdade.


Eles não estão longe porque erraram. Estão longe porque não se venderam.

E seu isolamento é a evidência de que escolheram continuar sendo inteiros,

mesmo que isso custe a reputação, a liberdade ou o chão.


Talvez por isso tantos hoje se calem:

é mais seguro ser funcionário da fé do que estrangeiro de Deus.


Mas há algo sagrado no exílio:

é ali que os vendavais limpam a alma,

que os ídolos perdem o brilho,

e que o Nome — o único que importa — volta a sussurrar no escuro.


No fim, o exílio não é castigo.

É trincheira de lucidez num mundo embriagado de consensos deformados por anos de militância acadêmica,  cultural,  política e judiciária.


E quem já ouviu Deus no exílio,

não se impressiona com os discursos da corte.


---


📌 #ProfetasNoExílio #OHomemNoBancoDaIgreja #PerseguiçãoModerna #VozesSilenciadas #FéEPolítica #STF #ExílioEspiritual #LiberdadeDeExpressao #AbilioMachadoArtes #DevocionalCrítico #ResistênciaProfética #CrônicasDeFé #CristianismoVivo


Nenhum comentário:

Postar um comentário