sexta-feira, 5 de setembro de 2025

– DAVI, O REI HUMANO E FALHO. - da Serie O Homem Sentado no Banco da Igreja

 


– DAVI, O REI HUMANO E FALHO

Por Abilio Machado 

Hoje, o homem sentado no banco da igreja subiu até o telhado de uma casa antiga. As telhas rangem sob seu peso, o sol se despede atrás dos prédios e a noite começa a vestir a cidade. Ele olha para baixo, para as janelas iluminadas, onde vidas se cruzam em silêncio. E pensa em Davi.


Não o pastor que enfrentou Golias.

Não o salmista de harpa em mãos.

Mas o rei que caiu do trono da própria consciência.


Davi, o ungido, o poeta, o guerreiro, se perdeu em uma noite comum, no lugar errado, com os olhos fixos na direção errada. Do alto do telhado, viu Bate-Seba. E, a partir desse olhar, deixou a paixão se tornar poder, o desejo virar violência, o erro se transformar em assassinato.

Aquele que unificou um reino foi incapaz de governar a si mesmo.


O homem no telhado suspira. Pensa em quantos líderes, pastores, políticos, homens e mulheres de hoje carregam o mesmo peso. Gente que se apresenta como exemplo, mas que no íntimo sabe dos becos escuros da alma. Gente que tenta maquiar erros, manipular narrativas, apagar rastros.

Mas sempre há um profeta que aparece com a parábola na boca, como Natã diante de Davi: “Tu és o homem.”


O telhado é um lugar perigoso: alto o suficiente para olhar tudo, mas também para cair de si mesmo. E o homem sentado sabe disso.

A diferença entre Saul e Davi não foi a ausência de falha — ambos falharam.

Foi a resposta à falha. Saul se justificou, culpou, endureceu.

Davi chorou, quebrou, escreveu salmos de arrependimento que até hoje ecoam: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro.”


O homem continua sentado no telhado.

Não há harpa em suas mãos, nem coroa em sua cabeça. Apenas o peso do reconhecimento: todos nós somos um pouco Davi — frágeis, vulneráveis, cheios de desejos que podem nos trair. Mas também todos podemos ser Davi: capazes de chorar, recomeçar e, quem sabe, transformar até o pecado em poesia de redenção.



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quarta-feira, 3 de setembro de 2025

Voce ja ouviu falar de HALF-BOY ?

 



Você já ouviu falar em Johnny Eck, o “Half-Boy” que conquistou o mundo?

Nascido em 1911, em Baltimore (EUA), Johnny veio ao mundo com agenesia sacral, uma condição rara que fez com que tivesse o tronco completo, mas pernas atrofiadas. Medindo apenas 45 cm de altura, ele transformou o que muitos viam como limitação em espetáculo, talento e humor.


Desde pequeno, aprendeu a andar sobre as mãos antes mesmo do irmão gêmeo dar os primeiros passos. Mais tarde, brilhou em circos e sideshows com sua força e acrobacias, chegando até ao cinema — foi estrela do cultuado Freaks (1932) e apareceu em filmes de Tarzan.

Artista multifacetado, também foi pintor, músico, fotógrafo, ilusionista e dono de fliperama. Um de seus truques mais famosos arrancava gargalhadas: corria atrás de um anão que levava suas “pernas falsas”, gritando “I want my legs back!”.


Com seu humor afiado, dizia: “Why would I want legs? Then I’d have pants to press.” (“Pra que eu iria querer pernas? Só teria mais calças para passar.”).


Johnny faleceu em 1991, mas sua história segue viva como inspiração de coragem, autenticidade e criatividade.


#HistóriaReal #Curiosidades #Superação #Cultura #Inspiração #FatosIncríveis #FatosCuriosos #FatosInteressantes #SaberMais #Curiosidades

segunda-feira, 1 de setembro de 2025

A mulher mais feia do mundo !

 


💔 A mulher mais “feia” do mundo — e o maior exemplo de amor materno

Mary Ann Bevan nasceu em 1874, no Reino Unido. Enfermeira dedicada, levava uma vida comum até casar-se com Thomas Bevan, com quem teve quatro filhos.

Mas sua vida mudou drasticamente em 1914, quando ficou viúva de repente. Sem apoio financeiro e precisando sustentar sozinha a família, Mary Ann enfrentou um destino cruel.

Pouco tempo depois, ela foi diagnosticada com acromegalia, uma rara condição causada pelo excesso do hormônio do crescimento. A doença provocou o aumento anormal dos ossos e deformações faciais, transformando sua aparência de forma irreversível.

Em uma época sem compreensão médica ou empatia social, Mary Ann sofreu discriminação constante. Para conseguir alimentar e educar os filhos, ela se inscreveu em um concurso e acabou recebendo o título cruel de “a mulher mais feia do mundo”.

Com isso, passou a se apresentar em circos e feiras, incluindo o famoso Coney Island, em Nova York, onde era exibida ao lado de outras atrações. O preço? Humilhações públicas e olhares de desprezo.

😢 Mas por trás da dor estava uma força admirável: Mary Ann suportou tudo para garantir dignidade e futuro aos filhos. Sua história é lembrada até hoje como um verdadeiro exemplo de sacrifício, coragem e amor materno.

✨ Uma lição poderosa: às vezes, os maiores heróis não usam capas, mas sim o coração de uma mãe.


domingo, 31 de agosto de 2025

SAUL _ o rei escolhido pelo desejo do povo de “ter alguém como as outras nações” - da Serie O Homem Sentado no Banco da Igreja

 


SAUL _ o rei escolhido pelo desejo do povo de “ter alguém como as outras nações”

Por Abilio Machado 

Hoje, o homem sentado no banco da igreja não está na igreja.

Ele se encontra em um ferro-velho, rodeado de carros enferrujados, peças retorcidas e coroas de metal que um dia brilharam mas agora não passam de peso inútil. Ele se senta sobre um assento arrancado de algum veículo abandonado, como um trono quebrado. O cheiro de óleo velho e ferrugem o envolve, lembrando que até o que já foi imponente pode virar sucata.


Ali, entre restos de glórias passadas, ele pensa em Saul.

O primeiro rei de Israel. Escolhido por sua estatura, pela aparência imponente, pelo desejo do povo de “ter alguém como as outras nações”. Saul começou pequeno aos próprios olhos, tímido, escondido entre bagagens. Mas o poder, quando repousou sobre sua cabeça, corroeu-lhe o coração.


No ferro-velho, cada peça parece contar a mesma história: coisas que já brilharam e hoje não passam de descarte. Assim foi Saul. Um homem que tinha tudo para ser lembrado como libertador, mas que se tornou símbolo de desobediência, inveja e medo.

Ele não suportou o peso da coroa.

A coroa virou sucata.


E o homem suspira: quantos “Saul” temos hoje?

Líderes que começam humildes, falando de servir, mas logo se perdem na embriaguez do poder. Gente que troca a obediência pela aparência, a verdade pela conveniência, a fé pelo aplauso. Governantes que governam para si, líderes religiosos que transformam púlpitos em palcos, chefes que querem ser adorados, não respeitados.


Saul queria ser rei como os outros reis. E o povo queria seguir alguém visível, em vez de confiar no invisível. O preço disso foi alto: guerras desnecessárias, paranoia, perseguição, um trono manchado de sangue e lágrimas.


O homem olha ao redor: carros retorcidos, portas amassadas, coroas quebradas. Ele entende que todo poder que não é exercido em humildade acaba aqui, no ferro-velho da história.

E murmura baixinho: “Talvez o maior rei seja aquele que nunca esquece que continua sendo servo.”



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OS JUÍZES ESQUECIDOS - da Serie O Homem Sentado no Banco da Igreja

 


OS JUÍZES ESQUECIDOS

Por Abilio Machado 

Hoje, o homem sentado no banco da igreja não está na igreja.

Ele se encontra no parque da cidade, mas não no balanço, nem na gangorra. Senta-se num carrossel enferrujado, desses que giram quando alguém empurra, mas que agora está parado, coberto de ferrugem. Ele olha para os cavalinhos imóveis, sem brilho, e sente que há uma história escondida naquilo que não gira mais.


Ali, ele pensa nos juízes esquecidos.

Otniel, que venceu batalhas, mas cujo nome pouco ecoa.

Eúde, o canhoto que libertou Israel com uma adaga escondida.

Sangar, que derrubou inimigos apenas com uma aguilhada de bois.

E depois, Tola, Jair, Ibsã, Elom e Abdom… homens que governaram, mas deixaram quase nada além de números: quantos anos julgaram, quantos filhos tiveram, quantas cidades governaram.


Na gangorra de Eli havia silêncio por omissão.

No carrossel, o silêncio é de esquecimento.

Eles existiram, mas a roda da história quase não girou para lembrá-los.


E o homem suspira: quantos de nós também somos “juízes menores”? Pessoas que viveram, trabalharam, sofreram, amaram… mas cujos nomes não entram em livros, nem viram manchetes, nem são citados em púlpitos. A memória do mundo é seletiva. Só alguns nomes ficam, os outros se dissolvem no tempo como tinta desbotada.


Mas talvez aí esteja a lição.

Nem toda liderança precisa de palco. Nem todo ato precisa de lembrança para ter valor. Otniel, Eúde, Sangar e os outros carregam esse lembrete: que o bem feito em silêncio continua sendo bem, mesmo se o carrossel da história parar e ninguém mais se lembrar de empurrar.


O homem olha o brinquedo abandonado. Pensa que, no fim, só há duas memórias que importam: a que fica diante de Deus e a que fica gravada no coração de quem foi alcançado por nossos pequenos gestos. O resto é carrossel que gira e para, gira e para, até se perder na ferrugem.



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Eli, “até quando você ficará imóvel, sem reação?- da serie O Homem Sentado no Banco da Igreja

 


"ELI, até quando você ficará imóvel, sem reação?"

Por Abilio Machado 

Hoje, o homem sentado no banco da igreja não está na igreja.

Ele foi ao parque, mas não para brincar. Senta-se numa gangorra, sozinho, parado no ar. Não há ninguém para contrabalançar seu peso. A madeira range, e o ferro enferrujado parece perguntar: “até quando você ficará imóvel, sem reação?”


Naquele balanço que não balança, ele pensa em Eli. O juiz, o sacerdote, o homem de Deus… mas também o pai que fechou os olhos para a corrupção dos filhos. Eli via, mas não agia. Sabia, mas não confrontava. A cadeira onde ele se sentava virou símbolo de sua omissão — e da sua queda.


A gangorra é uma boa metáfora para isso: a liderança é sempre um jogo de peso e contrapeso. O problema é quando um lado da balança pesa demais e ninguém tem coragem de levantar o outro. Eli permitiu que seus filhos transformassem o sagrado em lucro, a fé em negócio, o altar em feira. Ele escolheu o silêncio, e o silêncio custou caro: a arca foi levada, a honra perdida, a glória partiu.


E hoje?

Quantos “Eli” se sentam nas cadeiras de nossas instituições, igrejas e parlamentos? Quantos preferem o conforto do cargo e a conveniência dos relacionamentos à difícil decisão de corrigir os seus? Quantas vezes vemos líderes apontando dedos para os de fora enquanto protegem seus próprios filhos, amigos e aliados, como se houvesse duas medidas: uma para o público, outra para os íntimos?


O homem na gangorra suspira. Sabe que o preço da omissão não é só pessoal: é coletivo. Quando quem deveria corrigir escolhe fechar os olhos, toda a comunidade sofre. A glória se vai, a confiança se quebra, e sobra apenas um ferro enferrujado, rangendo num parque vazio.


O homem continua parado, pesado de pensamentos. A gangorra não sobe, não desce. O silêncio dele também pesa. Ele entende, com um nó na garganta, que o mundo não precisa de mais “Eli”. Precisa de coragem.



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sábado, 30 de agosto de 2025

 "PORTUGUÊS" É O ÚNICO IDIOMA EM QUE SE PODE ESCREVER UM TEXTO SÓ COM A LETRA "P".


 "PORTUGUÊS" É O ÚNICO IDIOMA EM QUE SE PODE ESCREVER UM TEXTO SÓ COM A LETRA "P".


PODEMOS PARTIR?


Pedro Paulo Pereira Pinto, pequeno pintor português, pintava portas, paredes, portais. Porém, pediu para parar porque preferiu pintar panfletos. Partindo para Piracicaba, pintou prateleiras para poder progredir. Posteriormente, partiu para Pirapora. Pernoitando, prosseguiu para Paranavaí, pois pretendia praticar pinturas para pessoas pobres. Porém, pouco praticou, porque Padre Paulo pediu para pintar panelas, porém posteriormente pintou pratos para poder pagar promessas.


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Pálido, porém perseverante, preferiu partir para Portugal para pedir permissão para papai para permanecer praticando pinturas, preferindo, portanto, Paris. Partindo para Paris, passou pelos Pirineus, pois pretendia pintá-los. Pareciam plácidos, porém, pesaroso, percebeu penhascos pedregosos, preferindo pintá-los parcialmente, pois perigosas pedras pareciam precipitar-se principalmente pelo Pico, porque pastores passavam pelas picadas para pedirem pousada, provocando provavelmente pequenas perfurações, pois, pelo passo percorriam, permanentemente, possantes potrancas. Pisando Paris, pediu permissão para pintar palácios pomposos, procurando pontos pitorescos, pois, para pintar pobreza, precisaria percorrer pontos perigosos, pestilentos, perniciosos, preferindo Pedro Paulo precaver-se. Profundas privações passou Pedro Paulo. Pensava poder prosseguir pintando, porém, pretas previsões passavam pelo pensamento, provocando profundos pesares, principalmente por pretender partir prontamente para Portugal. Povo previdente! Pensava Pedro Paulo… "Preciso partir para Portugal porque pedem para prestigiar patrícios, pintando principais portos portugueses".


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Passando pela principal praça parisiense, partindo para Portugal, pediu para pintar pequenos pássaros pretos. Pintou, prostrou perante políticos, populares, pobres, pedintes. - "Paris! Paris!" Proferiu Pedro Paulo. -"Parto, porém penso pintá-la permanentemente, pois pretendo progredir".


Pisando Portugal, Pedro Paulo procurou pelos pais, porém, Pai Procópio partira para Província. Pedindo provisões, partiu prontamente, pois precisava pedir permissão para Pai Procópio para prosseguir praticando pinturas. Profundamente pálido, perfez percurso percorrido pelo pai. Pedindo permissão, penetrou pelo portão principal. Porém, Pai Procópio puxando-o pelo pescoço proferiu: -Pediste permissão para praticar pintura, porém, praticando, pintas pior. Primo Pinduca pintou perfeitamente prima Petúnia. Porque pintas porcarias? -Pai, proferiu Pedro Paulo, pinto porque permitiste, porém preferindo, poderei procurar profissão própria para poder provar perseverança, pois pretendo permanecer por Portugal. Pegando Pedro Paulo pelo pulso, penetrou pelo patamar, procurando pelos pertences, partiu prontamente, pois pretendia pôr Pedro Paulo para praticar profissão perfeita: pedreiro! Passando pela ponte precisaram pescar para poderem prosseguir peregrinando. Primeiro, pegaram peixes pequenos, porém, passando pouco prazo, pegaram pacus, piaparas, pirarucus. Partindo pela picada próxima, pois pretendiam pernoitar pertinho, para procurar primo Péricles primeiro.

terça-feira, 26 de agosto de 2025

O Homem de Tollund



 Descoberto em 1.950, no centro-norte da Dinamarca, o Homem de Tollund é um dos achados arqueológicos mais impressionantes do mundo, devido ao seu incrível estado de preservação. 


O indivíduo, que tinha por volta dos 20 anos de idade, foi enforcado e jogado em um pântano há 2,4 mil anos, na Idade do Ferro, mas, mesmo após tanto tempo, pesquisadores conseguiram identificar qual foi sua última refeição em vida.


No jornal científico Antiquity, aponta que ele comeu, entre 12 a 24 horas antes de morrer, um mingau feito de grãos como cevada, linho e persicária. O alimento indica que o indivíduo não foi executado como criminoso, mas foi vítima de um sacrifício humano.


#contatoimediato123 #incrivel #fantastico #descobertas #tollund

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

25 de agosto

 



DIA DO SOLDADO – HOMENAGEM AO DUQUE DE CAXIAS

Hoje, 25 de agosto, o Brasil celebra o Dia do Soldado, data escolhida em memória ao nascimento de Luís Alves de Lima e Silva, o eterno Duque de Caxias, patrono do Exército Brasileiro.

Caxias foi mais do que um grande comandante militar: foi exemplo de disciplina, coragem e lealdade à Pátria.

 Atuou em momentos decisivos da história nacional, defendendo a unidade do Brasil em tempos de crise e consolidando nossa soberania frente a ameaças internas e externas.

Seu legado ultrapassa os campos de batalha. O Duque de Caxias encarna valores de honra, dever e dedicação ao Brasil — virtudes que até hoje inspiram gerações de soldados. 


Ao enaltecê-lo, homenageamos não apenas o líder militar, mas todos os homens e mulheres que servem ao país com bravura e sacrifício.

O Dia do Soldado é, portanto, a reafirmação do compromisso com a Pátria, da defesa de sua integridade e da construção de um Brasil mais justo e seguro. Viva o Duque de Caxias! Viva o Soldado Brasileiro!


domingo, 24 de agosto de 2025

Uma lição que todo condomínio deveria aprender:0 perigo do voto por emoção.




 Uma lição que todo condomínio deveria aprender:0 perigo do voto por emoção.


Como síndico, vivo na prática os desafios de conduzir uma assembleia. E uma das frases que mais retrata um risco comum é esta adaptação da fábula: "A formiga, com ódio da cigarra, votou no inseticida. Morreram todos, incluindo o grilo que votou nulo."


Essa metáfora é poderosa e serve como um alerta para todos nós, condôminos. Quantas vezes presenciei situações assim:


O Voto por Emoção (A Formiga): Um proprietário, incomodado com uma situação específica (seja comigo, com o zelador ou com um vizinho), deixa a razão de lado e vota contra propostas essenciais como a troca dos elevadores ou a reforma da piscina-apenas como forma de protesto. O objetivo é "punir", mas o tiro sai pela culatra, prejudicando todo o coletivo.


A Abstenção que Machuca (O Grilo): O famoso "eu não vou porque minha presença não faz diferença" ou "voto nulo". Essa atitude, infelizmente, abre caminho para que decisões ruins sejam aprovadas por uma minoria barulhenta. Quem se abstém está, na prática, entregando a gestão do seu próprio patrimônio para os outros decidirem.


A Consequência para Todos (O Inseticida): No final, uma proposta mal elaborada ou uma economia burra é aprovada. O resultado? Obra pela metade, gastos extras, e um prejuízo generalizado que afeta a valorização de cada apartamento. Todos perdem.

quinta-feira, 21 de agosto de 2025

O Rei que se Escondeu entre as Bagagens - da Serie O Homem Sentado no Banco da Igreja



 O Rei que se Escondeu entre as Bagagens

Por Abilio Machado 

Naquele domingo, o homem sentado não estava no banco da igreja, nem no da praça, nem na sala de espera. Escolheu o banco desconfortável de uma rodoviária.

Mochilas empilhadas, malas abertas, barulho de alto-falantes anunciando destinos. Cada passageiro com sua pressa, cada um fugindo ou chegando a algum lugar. O homem apenas observava.

Foi ali, entre malas e bagagens, que sua mente viajou de volta à história de Saul — o primeiro rei de Israel.

Escolhido em resposta ao clamor do povo que queria “ser como as outras nações”, Saul tinha tudo para dar certo. Era alto, belo, imponente. Mas quando chegou a hora da consagração, estava escondido entre as bagagens.

O primeiro rei de Israel começou sua trajetória escondido. E esse detalhe, aparentemente ingênuo, já era prenúncio do que viria: um homem sempre dividido entre a obediência e o medo, entre o chamado e as pressões, entre Deus e as expectativas do povo.

O homem sentado olhou em volta. Quantos “Sauls” ele via na rodoviária?

Homens e mulheres que, ao receberem poder, tentam parecer fortes, mas por dentro ainda se escondem em suas inseguranças. Líderes que, ao assumirem cargos, se tornam reféns da própria imagem.

Gente que vive de aplausos, mas não sabe lidar com o silêncio.

Saul começou humilde, mas terminou paranoico.

Sua maior falha não foi apenas desobedecer a Deus, mas confundir liderança com posse.

Em vez de servir, quis controlar.

Em vez de esperar, quis antecipar.

Em vez de confiar, quis manipular.

E quando Davi surgiu — jovem, corajoso, ungido por Deus — Saul o transformou em inimigo.

O trono, que deveria ser instrumento, virou prisão.

O homem no banco da rodoviária sorriu com ironia amarga. A história não mudou.

Quantos líderes, políticos ou religiosos, não começam como Saul?

Prometem renovação, falam de humildade, posam como servidores do povo. Mas, uma vez no trono, revelam o que de fato são: inseguros escondidos entre bagagens, incapazes de ouvir a Deus, mas prontos para perseguir qualquer Davi que ameace seu poder.

E o povo?

O povo segue pedindo reis.

Segue aplaudindo coroas, segue aclamando quem oferece força em troca de servidão.

A cada geração, o ciclo se repete: um Saul é erguido, o povo se empolga, e o preço vem em forma de desilusões, crises, e até guerras.

O homem fechou os olhos por um instante.

Pensou em como seria diferente se, em vez de buscar “reis” para resolver tudo, o povo aprendesse a ouvir, como Samuel ouviu, a voz que sussurra e não grita.

Mas, até lá, os Sauls continuarão se escondendo entre bagagens, e o povo continuará a procurá-los para coroá-los.

E, sentado no banco da rodoviária, o homem percebeu que talvez a maior bagagem não fosse a que os outros carregavam. Era a dele: o desejo de ter sempre alguém para governar em seu lugar.



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Entre Vozes e Reis - Samuel - da Serie O Homem Sentado no Banco da Igreja

 


Entre Vozes e Reis

Por Abilio Machado 

Naquele dia, o homem sentado não escolheu nem o banco da igreja, nem a praça da cidade. Foi parar em um banco de sala de espera de hospital.

À sua volta, pessoas murmuravam em fila, cada uma com sua dor, cada uma aguardando a vez de ser chamada. Na televisão pendurada no alto, desfilavam políticos sorridentes, pastores milionários em paletós cintilantes, gurus digitais vendendo soluções rápidas para o vazio existencial. Todos falavam alto. Todos prometiam. Todos exigiam que alguém acreditasse.


O homem suspirou fundo.

Ali, no meio daquela sinfonia de vozes, lembrou-se de Samuel — o menino que, ainda criança, ouviu a voz que ninguém mais ouvia. Não era propaganda, não era manipulação, não era autopromoção. Era apenas a simplicidade do chamado:

“Fala, Senhor, porque o teu servo ouve.”


Enquanto Samuel ouvia, os filhos de Eli, sacerdotes do templo, se afundavam em corrupção.

Usavam o altar para ganho próprio, abusavam da fé do povo, transformavam o sagrado em mercado.

Era a decadência espiritual de um sistema religioso que já não produzia vida, mas apenas escândalos.

E nesse contraste, um menino se ergue como profeta.


Israel, porém, não queria meninos ouvindo a Deus.

Queria reis.

“Dá-nos um rei, para que sejamos como as outras nações”, gritava o povo.

E Deus, pela boca de Samuel, advertiu:

— O rei tomará seus filhos para a guerra.

— Tomará suas filhas para servirem nos palácios.

— Tomará suas terras, colheitas, impostos, o suor e até a liberdade.

Mas o povo insistiu. E Saul foi coroado.


O homem sentado na sala de espera sorriu, mas era um sorriso cansado, meio amargo.

A história se repetia diante dos seus olhos.

O povo ainda clama por reis.

Hoje não são apenas tronos de ouro, mas cadeiras de poder, púlpitos televisivos, cadeiras legislativas.

Buscamos governantes como se fossem messias, líderes religiosos como se fossem oráculos, influenciadores como se fossem profetas.


E quando um “rei” se levanta, o preço chega.

Chega em forma de promessas não cumpridas, em forma de dívidas, em forma de exploração de fé e trabalho.

O povo, que queria tanto ser como “as outras nações”, acaba sempre refém da sua própria pressa de ter um líder visível em vez de um Deus invisível.


O homem sentado olhou em volta.

Quantos naquela sala de espera não estavam também aguardando um “rei” particular?

Um médico que resolvesse todas as dores.

Um pastor que aliviasse todas as culpas.

Um político que apagasse com decretos séculos de desigualdade.

Todos, de alguma forma, ainda repetiam: “Dá-nos um rei”.


Mas Samuel já havia alertado:

Não é a voz mais alta, não é a figura mais imponente, não é o discurso mais convincente que revela a verdade.

É a voz que se ouve no silêncio.

Aquela que não grita, mas sussurra no coração.

Aquela que não promete coroas, mas exige fidelidade.


O homem, cansado da espera, fechou os olhos por um instante.

Não pediu reis, não pediu atalhos.

Apenas repetiu baixinho, quase como uma oração esquecida:

“Fala, Senhor, porque o teu servo ouve.”

E percebeu que talvez a fé seja justamente isso: não escolher mais vozes, mas aprender a discernir qual delas é realmente divina.



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sábado, 16 de agosto de 2025

Sansão e a fragilidade diante dos próprios desejos → paralelo com a autossabotagem e vícios modernos. - da Série O Homem Sentado no Banco da Igreja

 



✂️Sansão e a fragilidade diante dos próprios desejos → um paralelo com a autossabotagem e vícios modernos

Por Abilio Machado 

O homem sentado no banco da igreja hoje não está na igreja.

Está na barbearia, aguardando o barbeiro preparar a tesoura, a navalha e o pano branco que o cobrirá como um manto silencioso.

Enquanto os cabelos caem, ele se lembra de Sansão.

Sansão, o homem de força descomunal, não perdeu sua força quando cortaram seus cabelos.

A perda começou antes, quando ele entregou sua alma aos encantos da vaidade, da luxúria e das promessas fáceis de prazer.

O corte de cabelo foi apenas o símbolo externo daquilo que já havia sido diluído internamente.

A tesoura só consumou o que o coração já tinha concedido.

O homem sentado olha no espelho e se pergunta: o que tenho permitido ser cortado da minha vida?

Quantas vezes troquei minha força pela satisfação momentânea?

Quantas vezes, como Sansão, entreguei segredos íntimos a quem não merecia confiança, esperando em troca o que jamais viria?

Na barbearia, cada fio que cai no chão lembra que nossa identidade não está apenas na aparência, mas no que cultivamos por dentro.

Não é o cabelo que guarda nossa força — é a disciplina, a fidelidade, a capacidade de dizer "não" quando tudo em nós grita "sim".

Sansão falhou não por ser fraco, mas por acreditar que sua força era inabalável.

E quem acredita ser inabalável já começou a cair.

Hoje, olhando o espelho e vendo as linhas do tempo marcadas em seu rosto, o homem entende:

força não é o que mostramos para fora, é o que sustentamos por dentro quando ninguém está olhando.

E, diferentemente de Sansão, talvez ainda haja tempo de recobrar aquilo que já foi desperdiçado.



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sexta-feira, 15 de agosto de 2025

O Tempo, o Desespero e Deus


O Tempo, o Desespero e Deus


Por Abilio Machado


“Sem desespero Deus é dono do tempo, e para cada um há seu próprio tempo.”


A frase traz consigo um paradoxo humano: somos seres que vivem presos ao relógio, mas o coração anseia pelo eterno. Entre a urgência das horas e a promessa da eternidade, nasce o desespero.


O tempo na experiência psicanalítica


Na psicanálise, o tempo não é apenas cronológico, mas psíquico. Freud mostrou que o inconsciente não conhece o “agora” como o relógio conhece. Traumas de infância retornam no presente como se fossem atuais; desejos antigos se repetem disfarçados em novas situações. O sujeito pode viver paralisado pelo passado ou obcecado pelo futuro, incapaz de habitar o instante presente.


É nesse hiato que o desespero surge: a angústia de não controlar o que já foi nem o que virá. A psicanálise reconhece que grande parte do sofrimento humano nasce do conflito entre o desejo de acelerar a vida e a impossibilidade de dominar seu ritmo.


O tempo na teologia


Na teologia, o tempo se divide em duas dimensões:


Chronos, o tempo cronológico, medido pelo relógio e pelo calendário.


Kairós, o tempo oportuno, qualitativo, o momento em que o divino irrompe e transforma a história.



Dizer que “Deus é dono do tempo” é reconhecer que, por trás do chronos, existe um kairós invisível que conduz a vida humana. A ansiedade que corrói o coração humano nasce da ilusão de que podemos antecipar o kairós. Porém, para cada ser há um momento que é seu, um ponto onde a graça toca a história pessoal.


Desespero: a prisão do tempo


Kierkegaard descreveu o desespero como “doença da alma”. É a incapacidade de aceitar a própria condição diante de Deus, tentando viver fora do tempo ou contra o tempo. O desesperado ou se apressa para o futuro como se quisesse ser deus de si mesmo, ou se afunda no passado como se já não houvesse esperança.


Do ponto de vista clínico, o desespero se traduz em ansiedade, depressão, impulsividade ou apatia. Do ponto de vista espiritual, ele é a recusa de confiar no tempo divino.


A cura pela integração


Quando a frase afirma “sem desespero”, sugere um caminho de integração. A psicanálise ensina a reconhecer o inconsciente que insiste em prender-nos ao passado; a teologia lembra que o futuro pertence ao Criador. Entre os dois, o sujeito aprende a habitar o presente — um presente sustentado pela confiança.


O paciente que aprende a esperar, que reconhece que sua vida tem um ritmo que não precisa imitar o ritmo do outro, encontra liberdade. E o crente que se abre ao mistério do tempo divino descansa em esperança.


Analogia final


Podemos imaginar o tempo humano como um rio. O desespero é a tentativa de nadar contra a correnteza, seja para alcançar mais rápido a foz, seja para voltar à nascente. A confiança, ao contrário, é aprender a flutuar, deixando-se conduzir, sabendo que o rio não é nosso, mas de Deus.


Assim, viver sem desespero é reconhecer que não somos donos do tempo, mas filhos dele. E que, no mistério da vida, cada um tem seu próprio tempo de nascer, amadurecer, sofrer, aprender, amar e florescer.





CRISTO EM CONFLITO



CRISTO EM CONFLITO 

Embora possamos não vê-Lo, Ele está no meio deles.

Cristo no Conflito, nasceu do desejo de lembrar que o Salvador não está preso às páginas da história ou às pinturas antigas. Ele continua a caminhar entre nós, especialmente onde a dor parece sufocar a esperança. Cada cena em aquarela O insere em cenários contemporâneos de guerra, perdas e deslocamento, mostrando-O não como um observador distante, mas como Alguém que toca, carrega, acolhe e permanece.


Ele está ao lado daquele que chora diante de uma notícia devastadora.

Ele segura a mão do soldado ferido que teme não voltar para casa.

Ele abraça a criança que perdeu tudo, menos o direito de sonhar.

Ele permanece invisível aos olhos humanos, mas não ao coração que O busca.


Do mesmo modo que caminhou com os discípulos no caminho de Emaús, Ele caminha hoje por ruas cobertas de escombros, entra nas casas destruídas pelo ódio e permanece presente nas reuniões onde decisões sobre vida e morte são tomadas. Sua missão não mudou: Ele ainda é o Bom Pastor que encontra a ovelha perdida, ainda é a Luz que nenhuma escuridão pode apagar.


Ele ainda consola.

Ele ainda levanta.

Ele ainda clama por paz.


A guerra pode destruir paredes, mas não consegue arrancar a esperança de um coração que conhece o Salvador. O mesmo Jesus que chorou sobre Jerusalém continua chorando por nossas cidades, continua buscando os que se perderam e continua trazendo um raio de luz aos lugares mais sombrios.


> “E eis que eu estou convosco todos os dias, até à consumação dos séculos.” – Mateus 28:20





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sábado, 2 de agosto de 2025

📖 Andros e a Montanha da Alegria Silenciosa

 



📖 Andros e a Montanha da Alegria Silenciosa


Era uma era sem nome, antes que os relógios contassem os dias, mas depois que as almas aprenderam a ouvir.


Em meio às planícies douradas da Terra do Oriente, havia uma montanha de pedra negra, conhecida entre os antigos apenas como Aquele Que Observa em Silêncio. Diziam que nenhum homem havia alcançado seu topo, não por falta de pernas, mas por falta de espírito.


Foi ali que o Mestre Andros Baruc conduziu seus discípulos em um rito incomum. Cada um deles vestia um manto cinza e carregava uma tocha acesa, mas o vento forte do caminho apagava uma a uma. Quando a última chama morreu, Andros parou, olhou-os com olhos ternos, e disse:


“Vós confundistes Luz com claridade, e alegria com barulho. Hoje, vos ensinarei a verdadeira alegria, que não dança na superfície, mas repousa no âmago da rocha.”


Ele então os guiou até uma caverna escura na base da montanha. No interior, encontraram uma mesa de pedra com uma inscrição antiga, que nenhum deles podia ler. Mas Andros tocou a inscrição com os dedos, e os símbolos se iluminaram, como se o próprio Verbo os reconhecesse.


Andros recitou em voz baixa, “'A verdadeira alegria é uma coisa séria.'”


Os discípulos riram, um pouco nervosos, e um deles, chamado Elion, questionou:


“Mas Mestre... como pode alegria ser coisa séria? Não é ela risos, danças, festividades?”


Andros apenas sorriu com o olhar, e respondeu:


“Vinde. Subiremos a montanha. Cada um levará consigo uma pedra.”


A subida foi longa e silenciosa. A cada passo, o vento lançava dúvidas, vozes ilusórias sussurravam tentações, lembranças do passado assombravam como sombras. Um a um, os discípulos caíram em lágrimas, não de dor física, mas de confrontar seus próprios enganos.


Quando Elion tropeçou, Andros o ergueu com firmeza e disse:


“A verdadeira alegria não sorri enquanto o mundo desaba. Ela caminha.”


Ao final do terceiro dia, apenas seis discípulos haviam alcançado o cume, exaustos, feridos, mas com os olhos profundos como os do céu noturno.


No alto da montanha, havia um altar de cristal, onde uma única chama ardia, sem vento, sem combustível, sem som. Andros os fez sentar ao redor e falou:


“Filhos da Luz, esta chama é a Alegria que nunca se apaga — porque nasce do centro da alma.”


“A alegria que buscais nos aplausos, nos banquetes, nas vitórias, morre com a primeira dor. Mas a que nasce da virtude, do dever cumprido mesmo entre as ruínas, essa nem a morte consome.”


> “Não se trata de bom humor... mas de firmeza.”


> “Não se trata de euforia... mas de propósito.”


> “Não se trata de distração... mas de presença.”


E então, Andros se levantou, ergueu as mãos para o céu e as nuvens se afastaram. Uma luz dourada desceu sobre os seis discípulos, tocando-lhes os corações como brasa viva.


Eles não riram. Mas sorriram com os olhos de quem havia renascido.


Nesse momento, compreenderam.


Compreenderam que o Iniciado é aquele que sorri diante da perda, que se levanta com a alma partida, que caminha entre os escombros sem blasfemar contra o céu e que, ainda assim, agradece.


Ao descerem da montanha, os discípulos levavam a mesma pedra que haviam trazido. Mas algo havia mudado. A pedra agora era leve.


E por onde passavam, homens os chamavam de "alegres", sem saber que aquela alegria não se explicava... se vivia.


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✦ Moral Esotérica:


A alegria que não vacila é a herança do iniciado.

Não nasce do que se ganha, mas do que se sustenta.


O mundo oferece risos que passam. O Templo Interior oferece uma chama que nunca se apaga.


A verdadeira alegria... é uma coisa séria.

domingo, 27 de julho de 2025

"Profetas no Exílio" - da série O Homem Sentado no Banco da Igreja


Sentado no chão frio de um aeroporto estrangeiro, entre malas que mais parecem cicatrizes, o homem observa o letreiro que anuncia partidas, mas não regressos. Ele está exilado — não por crime cometido, mas por palavras ditas. Palavras que desagradam os reis de turno, que ferem a vaidade dos palácios e ecoam como afronta em tribunais que, ironicamente, se dizem da justiça.


"Profetas no Exílio"

Por Abilio Machado 


“Nem todos os desertos são feitos de areia — alguns têm vista para o Congresso.”


Ele não é Elias fugindo de Jezabel, nem Daniel jogado entre leões — mas se sente um pouco de cada um.


A Bíblia está cheia de profetas exilados. Jeremias lançado à cisterna, Ezequiel vendo visões longe de casa, Amós fugido por denunciar os abusos dos governantes. Eram homens com coração em brasa e boca incômoda. Eram chamados de loucos, perigosos, radicais. Alguns foram mortos. Outros apenas calados.


Hoje, a perseguição vem em dossiês, em relatórios frios e votos monocráticos. Vem em manchetes enviesadas, em bloqueios bancários, contas em redes sociais censuradas, em ameaças veladas. Os modernos “profetas” — pastores, alguns políticos, jornalistas, pensadores, influenciadores,  os que enfrentam a bolha do sistema — são lançados ao exílio digital, social ou geográfico. Muitos foram forçados a deixar o país. Outros perderam suas famílias, suas vozes, suas igrejas. Alguns ainda pregam, fazem a sua rebeldia — de longe, online, com medo.


Mas como calar o que arde no peito?


O homem sentado ali não se vê como mártir. Também não quer ser vítima. Ele só quer poder dizer o que acredita sem ser tratado como um criminoso. Quer voltar pra casa sem precisar pedir desculpas por ter falado em nome de uma verdade maior que a dos tribunais,  de um wm específico comandado por 11 indivíduos onde a ira de um deles tem provocado mais ruínas povo que a tal democracia que se julga defender . 


Talvez seja isso que une os exilados de ontem e de hoje: o desconforto de ver Deus substituído por governos, a dor de assistir à fé sendo negociada em comissões, em trocas de liberação de verbas numa famigerada troca de voto por dinheiro e a solidão de ser voz fora do coro.


Profetas não são santos. São apenas homens que viram demais para fingirem que não viram.


E o exílio, ainda que solitário, às vezes é o único lugar onde se ouve Deus claramente.

Porque o barulho das palmas nos palácios cala as vozes do deserto.

E quem se recusa a bater continência à religião do poder, acaba marchando sozinho.


Os profetas no exílio não têm púlpito, mas têm olhos abertos.

Não carregam títulos, mas sustentam perguntas.

E não se vestem de glória, mas de vergonha, poeira e verdade.


Eles não estão longe porque erraram. Estão longe porque não se venderam.

E seu isolamento é a evidência de que escolheram continuar sendo inteiros,

mesmo que isso custe a reputação, a liberdade ou o chão.


Talvez por isso tantos hoje se calem:

é mais seguro ser funcionário da fé do que estrangeiro de Deus.


Mas há algo sagrado no exílio:

é ali que os vendavais limpam a alma,

que os ídolos perdem o brilho,

e que o Nome — o único que importa — volta a sussurrar no escuro.


No fim, o exílio não é castigo.

É trincheira de lucidez num mundo embriagado de consensos deformados por anos de militância acadêmica,  cultural,  política e judiciária.


E quem já ouviu Deus no exílio,

não se impressiona com os discursos da corte.


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📖 – “O Primeiro Rei e o Último Silêncio” - da Serie O Homem Sentado no Banco da Igreja

 📍O homem sentado no banco de um ponto de ônibus vazio, às 3 da manhã.


Ele não espera o ônibus. Espera a coragem de voltar para casa depois de mais uma discussão política num grupo de igreja. Está só, cansado de discursos inflamados com pouca escuta, de líderes que se dizem "ungidos" mas não suportam ser contrariados. O banco duro e o silêncio da madrugada o fazem lembrar de Saul… o rei que começou humilde, mas terminou refém do próprio ego e das demandas do povo que ele tanto quis agradar.



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📖 – “O Primeiro Rei e o Último Silêncio”

Por Abilio Machado 


Saul foi resposta a um pedido perigoso: um rei que substituísse o cuidado direto de Deus. O povo, cansado de esperar juízes e profetas, queria alguém visível, forte, imponente. E Deus cedeu. Saul era alto, bonito, tinha presença. Tinha também medo, ansiedade e um senso frágil de identidade.


No início, escondia-se entre bagagens. No fim, escondia-se entre justificativas.


Sua maior queda não foi quando desobedeceu a ordem de destruir os amalequitas, mas quando começou a confundir o que o povo queria com o que Deus mandava. Saul tornou-se refém do aplauso. Governava por medo de ser rejeitado. Consultava a própria insegurança antes de consultar ao Senhor.


Vivemos hoje uma epidemia de Sauls.


Governantes que foram levantados pelo clamor popular, líderes religiosos que começaram sensíveis à voz de Deus, mas que hoje se movem pelo medo de perder seguidores, votos ou curtidas. A voz do povo virou a voz dos algoritmos, e a obediência à consciência foi substituída por narrativas populares que agradam, mas adoecem.


Como Saul, muitos estão perdendo o reino por não saberem esperar. Por oferecerem sacrifícios no lugar de escuta. Por trocarem a unção pela aprovação. Por usarem a religião como justificativa de suas políticas, em vez de submeterem suas políticas à ética do Reino.


O homem no banco da madrugada se pergunta se Deus ainda ouve seu povo… ou se, mais uma vez, o povo só quer um Saul com a armadura reluzente e a fala de vencedor.



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Entre o Silêncio e o Chamado, Quando Deus nos Encontra Nus – Samuel - da Serie O Homem Sentado no Banco da Igreja

 Samuel ouve Deus no silêncio da noite.

Ele está deitado. O templo está quieto. A lâmpada ainda não se apagou.

E Deus o chama pelo nome.

Assim também o homem nu diante do computador — cansado de barulhos externos, de distrações inúteis, de pornografia sem alma, de redes sociais que simulam conexão — anseia, no fundo, ouvir algo mais.

Algo que o chame pelo nome, e não pelo algoritmo.

Algo que o reconheça em sua essência, e não pelo que consome, segue ou posta.

Algo que o veja nu e, ainda assim, o chame com ternura.


Samuel não entende de primeira.

Corre para o sacerdote.

Pensa que é outra coisa.

Mas aprende a ouvir. Aprende a responder:

📖 "Fala, Senhor, teu servo ouve."


Assim também o homem nu diante da tela pode ser aquele que, no silêncio e na vergonha, finalmente escuta o que não é dado por pixels, mas por presença.


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Entre o Silêncio e o Chamado: quando Deus nos encontra nus

Por Abilio Machado 


Ele, aquele homem, está nu.

Não por desejo. Nem por ousadia.

Está nu porque não tem mais vontade de vestir-se para o mundo.


A cadeira range sob o peso do corpo cansado.

A tela do computador ainda brilha. Mas seus olhos já não suportam mais tanta luz artificial.


Navegou por páginas que não lembrará, buscou em imagens um consolo rápido que não consola. Tentou se perder em redes para esquecer de si mesmo.

Mas algo ficou.

Algo pulsa ali, no silêncio entre uma aba e outra.


É madrugada.

E ele, nu, diante da tela, ouve... alguma coisa.


Não é notificação.

Não é alerta.

É um sussurro sem som que cutuca a alma:

"Você está aí?"


Ele se assusta.

Verifica se é alucinação.

Mas não é.


Sente, pela primeira vez em muito tempo, que alguém o vê – não pelo histórico de navegação, nem pelas câmeras ocultas, mas pela alma exposta.


E então, sem saber como, lembra da história de um menino: Samuel.


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A voz no escuro


Samuel era jovem.

Vivendo num templo gasto, dormia ao lado da arca da aliança.

E ali, no escuro da noite, ouviu seu nome ser chamado.


Ele pensou ser o velho sacerdote.

Levantou-se, confuso, três vezes.

Até que entendeu: não era homem quem o chamava.

Era Deus.

Era o Sagrado, atravessando o silêncio para tocar sua intimidade.


"Fala, Senhor, teu servo ouve."


A resposta de Samuel ecoa agora no homem nu diante do computador.

Não há templo. Não há sacerdote.

Mas há alma.


E há um cansaço profundo de correr atrás de ruídos, de tentar ser visto por likes, de buscar amor em toques sem calor.



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Quando tudo se cala


O homem nu não se cobre.

Não por rebeldia, mas por aceitação.


Está como veio ao mundo.

Como Adão antes do erro.

Como Samuel antes do chamado.


E pensa:

"Se Deus ainda fala, será que pode falar comigo, aqui, assim, do jeito que estou?"


Não há trovões.

Não há revelações mirabolantes.


Apenas o peso de um nome sussurrado dentro dele mesmo:

“Samuel...”

Ou talvez:

“Você...”


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Talvez a nudez mais necessária não seja a do corpo, mas a da alma.

Talvez o silêncio que mais amedronta seja também o único capaz de revelar a voz que realmente importa.


E talvez, apenas talvez,

a resposta mais corajosa seja simplesmente:


“Fala, Senhor. Teu servo está ouvindo.”




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🌾 Rute – A Semente no Luto - da Serie O Homem Sentado no Banco da Igreja

 



🌾 Rute – A Semente no Luto

Por Abilio Machado 

Sentado em um banco de pedra, diante do cemitério municipal, o homem segura uma certidão de óbito dobrada em quatro partes. Acabara de enterrar uma tia que, embora distante no sangue, era presença firme desde sua infância. Ao redor, vozes falavam de heranças, de ausências e do tempo. Mas ele só conseguia pensar em vínculos — aqueles que escolhemos quando todos os outros falham.


O cheiro de flores baratas e terra molhada trouxe à mente a história de Rute, a moabita. Aquela que escolheu permanecer ao lado de sua sogra Naomi, mesmo sem promessa, sem segurança, sem lar. Quando a vida ofereceu a ela a liberdade de seguir, ela escolheu o amor como prisão voluntária.


"Para onde fores, irei; onde pousares, ali pousarei; teu povo será o meu povo, teu Deus será o meu Deus..."

Palavras que hoje ninguém mais diz com tamanha firmeza — nem em relacionamentos, nem nas comunidades de fé, nem entre irmãos. As promessas viraram cláusulas com validade. Os afetos, moedas de troca.


Rute, por outro lado, lançou sementes no solo árido do luto. Amou uma mulher velha, amarga e pobre. Trabalhou duro para alimentar duas bocas em silêncio. E por isso, foi lembrada — não por ter vencido batalhas, mas por ter amado com perseverança.


Quantos, hoje, amam quando não há retorno? Quantos ficam quando a lógica seria ir embora?


O homem no banco relembra suas próprias perdas: relacionamentos desfeitos, promessas quebradas, amigos sumidos quando a doença chegou. Mas também se recorda de quem ficou. Dos que, como Rute, não foram embora — mesmo podendo.


Talvez, pensou, a verdadeira religião ainda sobreviva nesses pequenos gestos. Não nas grandes pregações, nem nos templos iluminados. Mas nos pequenos campos de Boaz, onde almas fiéis colhem o que resta para alimentar o amor.


E talvez seja isso que Deus ainda procura:

Almas que fiquem.

Amores que plantem.

Gente que, mesmo em terra estranha, escolha amar.




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sábado, 26 de julho de 2025

 📜  A Mulher do Levita – Quando o Corpo é Jogada Política - da Serie O Homem Sentado no Banco da Igreja


 📜  A Mulher do Levita – Quando o Corpo é Jogada Política

Por Abilio Machado 


Ele está sentado no banco da rodoviária.

O ar cheira a comida fria e passos apressados.

Na espera do ônibus há uma jovem que cochila com fones de ouvido, uma mala nos pés e o olhar cansado.

O homem agora se pergunta sobre seu estudo bíblico naquele gatilho ativado pela imagem... E de repente lembra da mulher do levita.


Ela também viajava...

Fugida?

Ferida?

Abandonada?


O texto bíblico diz que ela era “concubina”, mas a verdade é que isso nunca a protegeu.

Saiu da casa do levita e voltou para o pai. Talvez buscando abrigo. Talvez buscando si mesma.

Mas o levita foi buscá-la como quem busca propriedade. E no caminho, houve Gibeá.


Ali, ela foi estuprada até a morte.

Enquanto o homem que deveria defendê-la se escondeu atrás da porta.

Enquanto os anciãos da cidade dormiam em paz.

Enquanto Deus... pareceu ausente.


Ele a cortou em doze pedaços e a enviou às tribos de Israel.

Não por amor.

Mas para gerar fúria.

Transformou o corpo dela em propaganda.

A dor dela virou política.

E o silêncio coletivo virou guerra.


Hoje, o homem sentado no banco da rodoviária assiste ao mesmo ciclo.

Mulheres estupradas são julgadas por suas roupas.

Violências são encobertas por pastores e líderes.

O corpo ainda é usado como discurso.

As lágrimas ainda escorrem ignoradas.


Ele lembra do levita e sente náusea.

Pensa em quantas mulheres foram entregues, não por inimigos, mas por quem dizia amá-las.

Quantos casamentos arranjados, quantas meninas acuadas no escuro, quantas dores e medos e...

Quantas igrejas ficaram caladas.

Quantas comunidades permitiram que Gibeá acontecesse outra vez.


Talvez Deus nunca esteve ausente.

Talvez Ele grita no silêncio da mulher caída na soleira.

Talvez a justiça divina não venha na espada, mas no olhar atento de quem não foge da porta.


O homem se levanta.

O ônibus chega.

Ele não quer mais assistir calado.


Não perca as próximas crônicase claro as anteriores, sempre com estudo e analogia biblica com a atualidade...

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 Crônica de Sara, a que Riu da Promessa-da Serie O Homem Sentado no Banco da Igreja



 Crônica de Sara, a que Riu da Promessa

Por Abilio Machado 


🌳 Sentado no banco da praça, observando um casal idoso de mãos dadas...


...o homem não pôde conter o sorriso.

Não era deboche. Era ternura — e talvez inveja.

Enquanto os pombos disputavam pedaços de pão ao redor de seus pés, ele pensava na estranheza da esperança.

Como ela sobrevive ao tempo?

Como ainda ousa florescer quando tudo ao redor parece envelhecer, desbotar, silenciar?


Foi então que, no vai e vem das folhas sopradas pelo vento, ele se lembrou de Sara.



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👵 Sara, a que riu da promessa


Ela era bela. E era estéril.

Era rica. E era vazia.

Era amada por Abraão, mas carregava um riso engasgado — aquele tipo de riso que só as mulheres que esperaram demais conhecem.


Deus havia dito que ela teria um filho.

Ela riu.

Mas não de alegria.


Riu porque era velho demais o corpo.

Riu porque era velha demais a promessa.

Riu porque, quando se espera por tanto tempo... o coração cria sarro do que antes chamava de fé.


Mas o riso de Sara virou ventre.

E o ventre virou promessa cumprida.

E a promessa virou história — não só de um filho, mas de uma nação que nasceria do impossível.

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🔍 Reflexões do homem sentado


Na praça, ele pensou nas promessas que deixou mofar.

Nos amores que perdeu por medo.

Nas sementes que não plantou por acreditar que já era tarde demais.


E então se perguntou:

Será que ainda há espaço para milagres nos corpos cansados?

Será que a fé pode ser reativada, mesmo quando já rimos de tudo o que um dia pedimos a Deus?


Talvez seja isso o milagre:

não apenas o filho...

mas a fé que insiste mesmo depois do riso da descrença.


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📜 A Fé no Cartão de Crédito — Micá e a Religião de Contrato- da Serie O Homem Sentado no Banco da Igreja

 📜 A Fé no Cartão de Crédito — Micá e a Religião de Contrato


Sentado no hall de entrada da igreja, o homem observa em silêncio.

A recepcionista sorri com entusiasmo calculado. O dízimo já foi recolhido, os panfletos da próxima conferência “VIP” estão sendo distribuídos com design de luxo. Há uma fila — não para orar, mas para garantir acesso antecipado aos assentos da frente.

Ao lado, um cartaz: "Ofertas especiais para líderes e patrocinadores Platinum."

O homem aperta os olhos, como se tentasse ver além do letreiro. E ali, entre um cafezinho gospel gourmet e uma sessão de fotos com o “apóstolo visitante”, uma história antiga lhe vem à mente — um tempo em que a fé também podia ser alugada.

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📖 O caso Micá: do altar caseiro à religião sob demanda


No tempo dos juízes, quando cada um fazia o que bem entendia, vivia Micá, um homem de Efraim. Ele roubou a própria mãe — mas, arrependido, devolveu o valor. Ela, por sua vez, mandou fazer uma imagem de escultura com aquele dinheiro. Um “presente” a Deus.


Micá construiu um santuário particular. Nomeou seu próprio filho como sacerdote. E então, num golpe de sorte, encontrou um levita vagando.

— Fica aqui — disse. — Te pago roupa, comida e prata. Seja meu sacerdote.

O levita aceitou.

Micá sorriu. Agora, além de um deus personalizado, tinha também um sacerdote com pedigree.

Tudo parecia perfeito… até que os danitas passaram por ali.

Ofereceram ao levita mais prestígio, mais visibilidade, mais influência.

E ele trocou de patrão.

Levou os objetos sagrados. Levou a bênção.

Levou a fé de aluguel.


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🔍 Reflexão: o evangelho de Micá continua vivo


Ainda hoje, há muitos Micás. Gente que não quer fé — quer controle.

Quer um Deus sob medida, moldado à prata de suas intenções.

Quer sacerdotes que não confrontem — que se acomodem ao preço justo.

Gente que troca presença divina por performance religiosa.

E levitas que se vendem ao melhor discurso, à maior plataforma, à promessa de um púlpito iluminado.


O homem sentado no banco da igreja vê tudo isso com olhos cansados.

Não julga. Mas anota em silêncio, no caderno invisível da alma:

"Não quero um Deus que eu possa carregar no bolso.

Quero um Deus que me carregue quando eu desmoronar."



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🙏 No fim, todo altar sem verdade desaba.


Pode ter palco, luzes, seguidores e dinheiro…

Mas se Deus não habita, é só performance.

E performance sem unção é só teatro de domingo.



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sexta-feira, 25 de julho de 2025

O amor não precisa provar nada...

 

“Ela gostava de caminhar sozinha, principalmente nos fins de tarde, quando o céu ganhava cores que pareciam pintadas à mão. Ele andava distraído, sempre com os fones no ouvido e o coração sem direção.

Se encontraram num acaso que parecia roteiro. Um tropeço, um pedido de desculpa, um sorriso meio tímido, e o tempo — por algum motivo estranho — decidiu parar ali. Só por uns segundos, mas foi o suficiente. Ela notou o jeito como ele olhou, como se já a conhecesse de outra vida. E ele percebeu o jeito que ela sorria, como se tivesse sol nos lábios.

Depois disso, vieram os cafés demorados, as conversas que varavam a madrugada, os silêncios que não pesavam. Descobriram que gostavam das mesmas músicas tristes, mas também dos mesmos filmes bobos. Que tinham medo de perder o que ainda nem tinham direito. Que carregavam cicatrizes parecidas, mas em lados opostos do peito — como se tivessem sido feitos para se completar.

Com o tempo, os passos se alinharam. Os planos começaram a se parecer. E, mesmo com os tropeços da vida, aprenderam a não soltar as mãos nos dias de vento forte.

Ela, com sua poesia discreta. Ele, com seu jeito torto e sincero. Se encontraram, finalmente. E o amor deles não foi daqueles que gritam ao mundo — mas daqueles que florescem no silêncio de um abraço apertado, no cheiro da pele, no olhar que não precisa de palavra alguma.

Porque o amor, quando é de verdade, não precisa provar. Ele só precisa acontecer.”

❤️‍🩹

quinta-feira, 24 de julho de 2025

O Samurai E Seu Cachorro




O samurai e seu cachorro    


Era uma vez um samurai que costumava ter o hábito de passear com o seu cão que ele tinha uma grande estima.


Um dia, seu cachorro se afastou dele e brincou com as folhas que caíam das árvores. Maior foi a surpresa do samurai, quando de repente seu cachorro se jogou correndo contra ele com ar feroz e muitos desejos de morder.


O samurai, que estava bem treinado, puxou a espada e logo quando o cão saltou, cortou-lhe a cabeça.


O samurai não entendeu por que de repente seu fiel cão se virou contra ele.


Então, elevou a cabeça e viu como uma cobra, que estava em um galho, estava se aproximando perigosamente dele. Quando o samurai percebeu que o seu cão estava tentando salvá-lo e não o magoar, chorou amargamente.


Foi então que ele se lembrou de um antigo ensinamento do seu mestre:


“O sentido de uma ação nem sempre é fácil de interpretar. Por isso, antes de desembainhar sua espada, certifique-se de que essa é sua única opção.”


 Fábula Popular Japonesa


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quarta-feira, 23 de julho de 2025

Jefté — O Voto Queimado no Silêncio da Porta - da Serie O Homem Sentado no Banco da Igreja

 




🪑 O homem sentado na calçada de uma casa vazia, em frente a uma porta antiga, carcomida pelo tempo. Nas mãos, um papel rasgado em dois. Ele observa a porta como quem espera alguém voltar... ou como quem teme que ela se abra.


Jefté — O Voto Queimado no Silêncio da Porta

Por Abilio Machado 


> Jefté não era o herói esperado. Era filho de uma prostituta, rejeitado pelos irmãos, expulso da casa do pai. Cresceu com o peso da exclusão e o sabor ácido da sobrevivência. Ainda assim, tornou-se líder — não por status, mas por necessidade. O povo o chamou de volta quando o desespero apertou.


Mas Jefté trazia em si uma rachadura: a vontade de ser aceito doía mais que a humilhação de ter sido expulso. E foi com essa dor que ele fez um voto impensado: "Se vencer, darei em sacrifício o que primeiro sair da porta da minha casa para me receber."


Foi sua filha.


A porta se abriu... e não foi um animal. Foi uma vida. Foi o amor. Foi o abraço que ele não poderia devolver.


O homem no banco da igreja agora está em frente a uma porta parecida. Silenciosa. Trancada. Ele não precisa de guerra — já perdeu em tempos de paz. Fez promessas que não sabia cumprir, votos que foram prisões, palavras que feriram mais que punhais.


Quantas vezes prometemos a Deus coisas que nem Ele pediu?

Quantas vezes sacrificamos o que temos de mais precioso — tempo, filhos, saúde, amor — em nome de um orgulho ferido ou de uma fé distorcida?


Jefté cumpriu o voto. Mas a Bíblia silencia sobre Deus ter aceitado o sacrifício. Talvez o silêncio divino diga mais do que a própria história.


Há portas que não deviam ser abertas, mas há votos que nunca deveriam ser feitos.

O homem sentado diante da porta sabe: certas palavras, uma vez ditas, queimam. E não há chuva que as apague.


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terça-feira, 22 de julho de 2025

A ZELADORA



ELA ENTROU PARA LIMPAR O CHÃO… MAS O QUE FEZ DEIXOU TODOS DE PÉ

O som seco de uma caixa de giz caindo interrompeu a tensão no ar — mas ninguém esperava que, dez minutos depois, a mulher encarregada de varrer o chão faria algo que deixaria uma sala inteira de pé, aplaudindo de corpo e alma.

Era uma manhã cinzenta na Universidade do Horizonte Sul, uma das mais tradicionais de Porto Alegre. Dentro de uma sala de paredes marcadas por anos de fórmulas e suor acadêmico, o renomado professor Afonso Malta, especialista em matemática aplicada e famoso pelo tom impaciente, ministrava uma aula sobre equações de contorno em espaços complexos.

Poucos ali sabiam o que estavam fazendo. Menos ainda conseguiam acompanhar. As equações no quadro pareciam escritas em outra língua. O silêncio era quebrado apenas pelo som dos lápis e da frustração coletiva.

Foi então que o acidente aconteceu.
Uma caixa de giz caiu, espalhando pedaços pelo chão. A frente da sala ficou coberta por uma poeira branca que lembrava neve — ou ruína.

Com visível irritação, o professor fez um gesto para o auxiliar técnico:
— Chame alguém da limpeza para resolver isso.

Poucos minutos depois, entrou na sala uma mulher de olhar calmo e passos silenciosos.
O nome dela era Clara Moreira.
Uniforme simples. Mãos marcadas por anos de esforço. Uma expressão serena e uma presença quase invisível — pelo menos para quem nunca soube enxergar de verdade.

Clara ajoelhou-se em silêncio e começou a recolher os cacos de giz.
Tentando aliviar o constrangimento e arrancar risos da turma, o professor comentou com um meio sorriso:
— Senhores, se até a faxineira conseguir resolver esse problema… aí sim vocês vão ficar sem desculpas.

Risadas tímidas ecoaram.
Mas então Clara levantou os olhos, enxugou as mãos num pano surrado e, com uma voz tranquila e determinada, perguntou:
— Com licença… posso ver essa equação mais de perto?
A turma conteve o riso. O professor, talvez por vaidade ou simples curiosidade, abriu espaço.
— Claro, por que não? Seja nossa convidada, senhora Clara.

Ela caminhou até o quadro como quem atravessa décadas. Pegou um pedaço inteiro de giz e começou a escrever.

A princípio, ninguém entendeu. Mas a caligrafia era firme. A lógica, cristalina.
As linhas fluíam como se Clara estivesse conversando com os números. Cada símbolo que surgia no quadro parecia costurar as arestas de um quebra-cabeça impossível.
Cinco minutos depois, os cochichos cessaram.

Dez minutos depois, a sala inteira estava em silêncio.
No quadro, uma solução impecável, precisa, brilhante.

E então, vieram os aplausos. Não aqueles protocolares. Mas os que nascem do espanto. Do respeito. Da vergonha e da admiração.
O professor aproximou-se, perplexo.
— Onde… onde você aprendeu isso?
Clara respirou fundo.
— Eu era professora de matemática teórica na Universidade de Coimbra. Mas quando me mudei para o Brasil, não consegui revalidar meu diploma. Precisei trabalhar. Então… aceitei o que apareceu.

Silêncio.

O professor, com a voz embargada, apenas assentiu. Ele sabia que algo extraordinário havia acabado de acontecer.

Na semana seguinte, a reitoria se reuniu. Os papéis foram movidos. As portas, finalmente, também.
Clara teve seu diploma reconhecido. Foi convidada a dar seminários. Meses depois, assumiu uma cadeira como professora visitante da mesma universidade onde, por anos, limpava o chão que agora pisava como mestre.

Hoje, os corredores da Universidade do Horizonte Sul contam essa história como uma lenda viva.
A mulher que veio limpar a sala… mas no fim, foi ela quem limpou o quadro — e a arrogância de todos ali.

segunda-feira, 21 de julho de 2025

🧊 Os primeiros refrigeradores da humanidade

 



🧊 Os primeiros refrigeradores da humanidade


Muito antes da invenção da geladeira elétrica, povos antigos já usavam a inteligência do ambiente e da arquitetura para controlar o calor. Um exemplo surpreendente são os egípcios, que dominaram técnicas que, para nós hoje, parecem quase mágicas.


🇪🇬 Egito Antigo: fabricando gelo no deserto

Durante as noites frias no deserto, os egípcios usavam tigelas de barro raso cheias de água, colocadas em fossos rasos cobertos com palha. O calor do dia era mantido afastado, e o frio da noite fazia com que formasse gelo verdadeiro. A evaporação da água e a baixa umidade relativa contribuíam para esse efeito.


Além disso, eles criavam cisternas subterrâneas e salas isoladas com paredes espessas, onde o gelo e alimentos como frutas, cerveja e peixe podiam ser mantidos por mais tempo. Esse sistema rudimentar, mas eficaz, pode sim ser considerado um dos primeiros refrigeradores do mundo.


❄️ Outras civilizações que dominaram o frio:


🇮🇳 Índia Antiga

Por volta de 400 a.C., indianos já sabiam produzir gelo usando um método semelhante ao dos egípcios: deixavam água em bandejas de barro em poços isolados durante as noites geladas do inverno.


🇮🇷 Pérsia (Irã atual)

Os persas criaram os “Yakhchals”, imensos edifícios de barro com cúpulas que armazenavam gelo colhido nas montanhas ou produzido artificialmente no inverno. Eles conseguiam manter o gelo durante todo o verão, mesmo com temperaturas externas acima de 40°C!


🇬🇷 Grécia e 🇷🇴 Roma Antiga

Gregos e romanos importavam gelo e neve das montanhas e armazenavam em câmaras subterrâneas revestidas com palha e serragem. O gelo era um luxo para banquetes e medicina.


🧠 Muito antes da tecnologia moderna, nossos antepassados dominavam o frio com sabedoria, criatividade e respeito pela natureza. Eles não tinham geladeiras elétricas, mas sabiam como congelar, conservar e refrescar com o que o mundo oferecia. 🌍


📸 Reprodução



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domingo, 20 de julho de 2025

O desejo sincero da Alma...

 



O DESEJO SINCERO DA ALMA:

O hino 145 do nosso Hinário nos diz que a oração é o desejo sincero da alma.

Nossas orações revelam muito sobre nós: nossa humildade ou nosso orgulho, nossa submissão ou nossa possessividade, nosso progresso ou nosso retrocesso, mas, principalmente, revelam onde estamos na vida em relação ao nosso desejo geral. Considere a seguinte escritura:

“Aproximai-vos de mim e eu me aproximarei de vós; buscai-me diligentemente e me encontrareis; pedi e recebereis; batei e abrir-se-vos-á. Tudo o que pedirdes ao Pai em meu nome vos será dado, se for conveniente para vós.” (D&C 88:63,64)

Há uma palavra nesta escritura que é de vital importância para nós entendermos: “conveniente”. O dicionário define essa palavra como “que tende a promover um objetivo desejado ou um meio de atingir um fim”. Considerando a importância da oração como comunicação com o Divino, isso significa que Deus nos ajuda, por meio da oração, em situações imediatas nesta vida que serão vantajosas para o nosso objetivo final, que é nos tornarmos como Deus é. Portanto, ela revela a Sua vontade para nós e afirma o nosso propósito de estar aqui.

A oração em si é um processo de progressão. Em um extremo do espectro, está a oração de uma criança, por meio da qual ela aprende sobre fé: você ora ao Pai Celestial e tem fé de que Ele ouvirá e responderá à sua oração. No outro extremo desse espectro, está a oração de um adulto espiritualmente evoluído que ora com a "verdadeira ordem da oração":

"Oramos ao nosso Pai Celestial, em nome de Jesus Cristo, pelo poder do Espírito Santo. Esta é a verdadeira ordem da oração." (Russell M. Nelson, CR abril de 2003, Ensign maio de 2003, p. 7)

“Quando oramos ao Pai em nome de Jesus por coisas pessoais específicas, devemos sentir no fundo de nossa alma que estamos dispostos a submeter nossas petições à vontade de nosso Pai Celestial… Chegará o tempo em que conheceremos a vontade de Deus antes de pedirmos. Então, tudo pelo que orarmos será ‘conveniente’. Tudo pelo que pedirmos será ‘correto’. Isso acontecerá quando, como resultado de uma vida justa, desfrutarmos tanto da companhia do Espírito que Ele ditará o que pedimos.” (Presidente Marion G. Romney, em CR outubro de 1944, pp. 55-56)

Muitas vezes me lembro do conselho do Presidente Nelson de que não seremos capazes de sobreviver a estes últimos dias sem a orientação do Espírito Santo. Ele é crucial em toda a orientação que recebemos como resultado de nossas petições a Deus. O círculo de oração no Templo nos ensina o papel que o Espírito Santo desempenha em nossa comunicação com o Divino. O oficiante representa o Espírito Santo ao dizer aos reunidos o que dizer; estes, por sua vez, repetem as palavras da oração, direcionando-os ao Pai Celestial em nome de Seu Filho.

Se você orar dessa maneira, estará no caminho certo para alcançar o propósito de sua provação mortal. Se o propósito de sua jornada é tornar-se semelhante a Deus, a oração é o caminho para saber como percorrê-la. Que você receba o desejo sincero do seu coração e que, no final, nos encontremos aos pés de Jesus.


CATHRYNE ALLEN

Arte: Minha Oração por Danny Hahlbohm)

quinta-feira, 17 de julho de 2025

O Homem que Ainda se Arrasta até a Igreja: Ele Ainda Veio - da Série: O Homem Sentado no Banco da Igreja

 




Essa crônica nasceu da cena que vi (e vivi): um homem entrando na igreja sem ânimo, sentando no último banco, sem levantar as mãos, sem cantar, sem responder “amém”. Mas ali, naquela presença desajeitada e ferida, havia uma oração viva. Essa é para todos os que ainda vêm… mesmo se arrastando.


O Homem que Ainda se Arrasta até a Igreja: Ele Ainda Veio


Por Abilio Machado 


Ele não entrou triunfante. Não veio de terno, nem com a Bíblia debaixo do braço. Na verdade, mal se vestiu com dignidade — colocou o que estava mais próximo da cama, porque a alma estava longe demais para se importar com aparência.


Ele não veio para adorar. Não veio para participar da ceia, nem para cantar louvores. Não veio por obediência, por empolgação ou por teologia. Ele apenas veio.


Veio porque não suportava mais ficar em casa com aquele vazio. Veio porque, mesmo ferido, havia algo lá no fundo que dizia que talvez — só talvez — Deus ainda estivesse por perto.


E assim, arrastando seus próprios escombros, ele entrou. Sentou no último banco. O lugar dos esquecidos. Dos que já não fazem parte do sistema. Dos que oram baixo porque já gritaram demais por dentro.


Ele veio com raiva de alguns irmãos, com mágoas que os cultos não curaram, com perguntas que os sermões não responderam. E mesmo assim, veio. Porque, embora a fé estivesse esburacada, ainda existia uma saudade de Deus maior do que a decepção com os homens.


> Não veio pelo pastor. Nem pelos irmãos. Nem pela comunhão.

Veio por Deus — e talvez nem saiba ao certo se ainda acredita em tudo como antes,

mas sabe que Deus ainda escuta o que o homem não consegue dizer.


No último banco, ele não precisa fingir força. Não precisa sorrir nem carregar versículos na ponta da língua. Ele não quer palmas. Nem bênçãos públicas. Já teve tudo isso — e ainda assim desabou.


Hoje, ele só quer existir na presença de Deus. Nem que seja em silêncio. Nem que seja com o rosto escondido entre as mãos.


> No último banco, não se busca mais visibilidade.

Aliás, foi de tanto ser invisível entre os da frente que ele se arrastou até o fim.

E agora, neste banco isolado, ironicamente,

ele se sente mais visto por Deus do que em todos os púlpitos e holofotes.

Ele não veio porque está bem.

Ele veio porque ainda sangra.

Porque ainda chora.

Porque ainda acredita — mesmo sem saber explicar.


Ele ainda veio.

E só isso já é um milagre maior do que qualquer profecia dita em voz alta.


Essa crônica rasga o verniz da religiosidade performática. Ela denuncia, sem agredir, o quanto se espera que o homem vá à igreja como quem vai a um palco — com roupa limpa, rosto erguido, fala ensaiada e fé impecável.


Mas o homem do último banco não vai para ser visto. Ele vai porque não suporta mais não estar ali. Ele vai mesmo quando a alma está despenteada, quando a roupa não combina, quando o coração ainda não perdoou. E isso — essa honestidade crua — é muito mais sagrado do que qualquer terno engomado.

Me conta nos comentários a igreja que frequenta como age ao receber alguém despido de roupas de marcas ou ternos de corte de alfaiate em risca de giz,  como olham ao sei jeito de ser e estar... 

E envia para aquela pessoa que você acha que vai fazer sentido ...

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