sábado, 31 de maio de 2025

O Deus Que Pede O Que Você Mais Ama.

 Olá! — com toda a alma e sem poupar lenha na subida.



“O Deus que pede o que você mais ama”

(ou: Abraão e o altar do que não faz sentido)


Abraão ouviu:

“Pega teu filho. O teu único. A quem amas. E sacrifica pra mim.”


O homem no banco da igreja escuta isso e engole seco.

Porque, convenhamos, esse é o tipo de versículo que a gente pula na leitura devocional.

O Deus que pede um filho em sacrifício não combina com o louvor que diz “Tu és bom o tempo todo”.


Mas ali estava Abraão.

Com lenha nas costas, faca no coração e silêncio no caminho.

O menino perguntava: “Pai, cadê o cordeiro?”

E ele respondia com a única fé que lhe restava:

“Deus proverá.”


O homem comum também tem seus altares.

Seu filho pode não se chamar Isaque.

Pode ser o sonho que levou anos pra nascer.

O casamento que veio depois de muita lágrima.

A profissão que custou noites e dívidas.

A reputação construída a duras penas.

A fé que parecia inabalável.


E então Deus vem… e pede.


Não porque Ele quer destruir.

Mas porque quer saber se aquilo que nasceu do milagre virou o novo deus.


Abraão subiu o monte pra matar o filho,

mas o que Deus queria que morresse ali era o medo de perdê-lo.


O homem no banco da igreja entende:

às vezes, Deus pede o que mais amamos não pra tirar, mas pra curar nossa dependência.

Pra mostrar que a fonte é maior que a bênção.

Que a promessa nunca foi maior que o Prometedor.


No alto do monte, Deus gritou: “Não toque no menino!”

E ali estava o cordeiro — preso pelos chifres.

Não veio antes. Não estava no acampamento.

Veio no limite da obediência.


Talvez seja assim com você.

Você sobe montes carregando dúvidas e dores.

Segue caminhando com Deus, mesmo sem entender.

E Ele, às vezes em silêncio, só observa se você confia Nele ou só nas bênçãos que Ele dá.


Porque o altar não é lugar de morte.

É lugar de entrega.

De dizer:

“Se for pra descer sem aquilo que eu amo, que eu desça com mais fé do que quando subi.”


O homem no banco da igreja fecha os olhos.

Pensa no que ainda precisa subir com ele até o monte.

E no que precisa deixar no altar.

Não pra perder.

Mas pra ser livre.


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Psicoterapeuta Abílio Machado

Psicólogo (CH) | Terapeuta Integrativo

Pós-graduado em Neuropsicopedagogia (ICH) | Avaliação Psicológica - CFS

Especialista no ensino de Artes, Filosofia e Teologia

Pós-graduando em Psicanálise, Psicoterapia e Psicopatologia do Adolescente


Olhar sensível e integrativo, atuo no acolhimento de histórias complexas e na escuta profunda das dores humanas, promovendo espaços de reconstrução emocional e autoconhecimento. Meu trabalho transita entre a ciência, a espiritualidade e a arte — sempre guiado pelo respeito à singularidade de cada indivíduo.


quinta-feira, 29 de maio de 2025

Ah, Essa Verdade! - da Serie O Homem Sentado no Banco da Igreja.

 



Terminei a crônica anterior com o desejo de saber a verdade, mas o que seria a verdade para este homem comum sentado no banco da igreja ? Como ele conseguirá ocupar seus pensamentos,  vivenciar a sua fé no seio daquela comunidade, na sua família e na sua vida dia - a - dia.

Questione comigo sobre esta percepção, você também se sente assim? Como lida com suas dúvidas, como faz para se entregar de corpo, mente e espírito a isto ?

Comente, compartilhe...


AH, ESSA VERDADE !

Por Abilio Machado.

Ah, a verdade. Essa palavra que soa pesada no púlpito e ainda mais insuportável quando te encontra no banco duro da igreja, ou quando alguém não desligou o celular que estava naquele joguinho barulhento, num culto em que o ar-condicionado quebrou e a alma resolveu suar junto com o corpo.

A verdade, pro homem comum no banco da igreja, não é uma doutrina.
Não é um versículo de João decorado com voz de rádio gospel.
Não é o que o pastor grita, nem o que a irmã do coque compartilha no grupo da célula com 48 emojis de mãozinha orando.

A verdade é o que arde.
É o que você sente quando tudo cala.
É o momento em que o louvor te atravessa — não porque a música é bonita, mas porque você sabe que a letra fala de você. A presença do Espírito Santo de Deus toca fundo abrindo as entranhas até os átomos.

Verdade é perceber que você ama a Deus… mas ama também seus vícios.
É admitir que ora pela família, mas não fala com o irmão faz três natais ou mais. (me esbofeteando neste momento).
É cantar “quebranta-me” e torcer pra Deus não levar a sério.
É estar no banco da igreja e saber que às vezes você só tá lá porque não sabe mais onde estar, está tão perdido, abandonado,  sozinho e leia-se nas entrelinhas o estar sozinho mesmo no meio da multidão.

Verdade é não se esconder.

Voltamos a aquela chamada divina das primeiras crônicas:_ Onde está você homem?! e _Onde está seu irmão?!

E isso dói mais do que o inferno pintado nos sermões.
Porque quando a verdade vem, ela arranca a maquiagem da fé. O pó barato começa a cracrelar. O lápis no olho a escorrer. O desodorante a vencer. A manchavde batom a manchar outras roupas.Ela tira o filtro da espiritualidade Instagramável.

Ela, enfim, revela que você não é Davi matando gigante — é Saul com inveja, Pedro negando, Judas beijando com mentira.

Mas… também é Moisés gaguejando e indo mesmo assim.
É Tomé duvidando e sendo amado.
É Paulo errando feio antes de acertar bonito.

A verdade não é o fim.
É o começo da honestidade com Deus — e consigo.
É olhar pro altar e dizer:
“Eu não entendo tudo, mas tô aqui.”
“Eu tô quebrado, mas não desisti.”
“Eu peco e ainda assim... quero continuar tentando.”

No fim, pro homem no banco da igreja, a verdade não vem no grito.
Vem no sussurro.
Na lágrima que escorre quando ninguém tá olhando.
Na paz que aparece no meio do caos — e você nem sabe explicar como.

Jesus disse: “Eu sou a verdade.”
E Ele também era homem.
Chorava. Sentia medo. Suava sangue.
Foi traído, abandonado, crucificado.
Mas foi até o fim com a verdade nos olhos.

A verdade do que acreditava que aquele era o desejo de Seu Pai.

Então talvez a verdade seja isso:
não uma resposta, mas um caminho.
Um passo por vez, com fé que ainda não é certeza, mas já é o bastante.

Uma luz no fim do túnel chamado estadia terrenal.


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Crônica anterior 

https://ensinamentosdopapainoel.blogspot.com/2025/05/torre-de-babel-era-dos-filtros-e-falas.html 


Abilio Machado,  aquele observador da jornada, sempre digo que não estou analisando apenas ali na observância das palavras, dos gestos, das nuances verbais... 

Torre de Babel: A Era dos Filtros e Falas Vazias. - da Serie O Homem Sentado no Banco da Igreja.

 Estava a pouco ouvindo a resenha do pânico sobre os ruídos da comunicação, pois uam influencer e seu namorido resolveram separar-se e a rede social ficou enlouquecida, esqueceram dos velhinhos roubados do INSS,  esqueceram da janja e Lula pedindo interferência da China no controle das redes sociais, da votação de ontem sobre isso que passou como jabuti no congresso e nem falaram dos motivos de Marina ET Silva abandonar a CMPI ambiental...

E o povo hoje anda mais confuso em suas línguas que antes, pois hoje não brigam a sua preferência aos olhos de Deus, brigam por engajamento e likes é seguidores...

Escrevi esta crônica, espero que goste, comente e compartilhe...



 “Torre de Babel: A Era dos Filtros e Falas Vazias”

Não vou entrar no mérito se você acredita ou não que a torre existiu. 

Eles falavam a mesma língua. Uma só. Sem emoji. Sem dancinha no TikTok.
Palavra dita era palavra entendida. E assim, decidiram construir uma torre. Não pra abrigo. Não pra proteção.
Pra alcançar o céu.

A arrogância humana em arquitetura.
Um concreto de ego, tijolo por tijolo, erguendo a ideia de que se podia ser Deus com as próprias mãos.

Mas Deus viu.
E em vez de raio ou terremoto, Ele bagunçou a língua.
Pum.
De repente, ninguém se entendia mais. A torre virou cacofonia.
O céu ficou mais distante ainda.

E hoje?

Hoje falamos mil línguas — e ninguém se escuta.
A torre continua de pé, mas agora é feita de postagens, legendas, podcasts, vídeos motivacionais, threads intermináveis sobre o nada.

A linguagem virou moeda. A palavra virou marketing.
O sentido se perdeu entre o “tá ligado?”, o “lacrou” e o “glória a Deus, mas compartilha essa benção.”

A gente vive numa Babel digital.
Fala muito. Diz pouco.
Entende menos ainda.

E o homem no banco da igreja se pergunta:
como é que eu oro com tanta interferência?
Como é que eu falo com Deus se nem me entendo?
Como é que eu escuto o outro, se tudo o que ouço me irrita?

Como ver o presidente do país dizer::_ Deus fez o nordeste ter seca porque sabia que eu seria presidente e eu ia trazer." Ou "_Ainda bem que Deus criou esta praga (covid) para mostrar que só o governo pode salvar o povo."

Hoje, a confusão de línguas não é no som — é na intenção.
É gente que fala “amor” querendo controle.
É crente que fala “correção” querendo humilhar.
É pastor que fala “prosperidade” querendo enriquecer.
É casal que fala “juntos com Deus” enquanto se destrói em silêncio.

A torre continua crescendo.
Vertical, vazia, vaidosa.

Mas onde está a linguagem da alma?
Aquela que não precisa de Wi-Fi.
Aquela que entende o choro sem explicação.
Aquela que cala quando precisa e ouve até o que o outro não sabe dizer.

A terapia é isso também, não é?
Traduzir Babels internas.
Ensinar o paciente a decifrar a própria língua.

O homem no banco da igreja fecha os olhos.
Lembra de quantas vezes orou frases copiadas de outros, achando que era isso que Deus queria ouvir. E agora percebe que só estava se retroalimentando na ilusão.
Quantas vezes mentiu com a boca enquanto o coração berrava outra coisa.
Quantas vezes calou quando devia ter falado. Porque às vezes é melhor calar que ser julgado, e quantas vezes foi julgado por falar... Ah, ele lembra.

E percebe que Deus não bagunçou a língua por crueldade.
Mas pra impedir que a gente subisse alto demais sem entender quem éramos embaixo.

A torre desmorona.
Mas a escuta ainda pode ser reconstruída.

Palavra por palavra.
Silêncio por silêncio.
Um novo idioma: o da verdade.

Mas, porém é entretanto a pergunta ainda vai ficar martelando a cabeça do homem sentado no banco da igreja: _ Afinal o que seria esta verdade?! A minha, a dele ou a do pattocinador ?



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Sou Abílio Machado,  um homem que também senta no banco da igreja. 

Irmãos de Armas: O homem por trás do comovente monumento.

 


Irmãos de Armas: o homem por trás do comovente monumento


Ao rever o monumento Brothers-in-Arms (Irmãos de Armas) hoje, ele se destaca como talvez o mais tocante de toda a Frente Ocidental. Embora a história que o monumento representa seja relativamente conhecida, a do homem que a inspirou é menos lembrada.


Em 2006, nos arredores de Polygon Wood, na Bélgica, uma equipe de construção de estrada descobriu restos humanos sob o asfalto. O gerente da obra imediatamente contatou o arqueólogo de campo e historiador Johan Vanderwalle. Em três dias de escavação cuidadosa, Johan e sua equipe exumaram cinco corpos. Um deles, surpreendentemente bem preservado, chamava atenção: o soldado havia sido cuidadosamente envolto em uma lona e tinha os braços cruzados sobre o peito.


Análises de DNA confirmaram sua identidade: era Jack Hunter. A família Hunter, então, confirmou o que as evidências já sugeriam — o irmão mais novo de Jack, Jim, havia enterrado-o ali com suas próprias mãos. Em 1919, devastado pelo luto, Jim voltou à Bélgica com a intenção de sepultá-lo corretamente, mas nunca conseguiu encontrar o local onde o havia enterrado.


Tocado profundamente pela história, Johan e amigos decidiram criar um parque memorial em Zonnebeke para homenagear os irmãos. O centro do memorial seria uma escultura em tamanho real de Jim segurando Jack nos braços. O projeto foi financiado por um filantropo australiano e a escultura, feita por um artista da Austrália a partir de fotos de família, pesa 800 kg e custou 160 mil euros.


A obra foi finalmente instalada em 25 de setembro de 2022 — exatos 105 anos após a Batalha de Polygon Wood e 16 anos depois da descoberta do corpo de Jack. O monumento fica ao lado do café de Johan, o Taverne de Dreve. No andar de cima, Johan mantém um museu que é considerado um dos mais autênticos da região, fruto de toda uma vida de buscas — desde a infância, quando ele explorava os campos de batalha e encontrava trincheiras, bunkers e artefatos da guerra.


Mais recentemente, Johan criou também dois grandes anéis de latão entrelaçados, feitos com cartuchos de artilharia, representando os irmãos eternamente unidos. Esta nova obra complementa a escultura.

A mulher que morreu assistindo TV... leia a historia!

 


Sabias o quê?

A mulher que morreu assistindo televisão e ninguém notou sua ausência por 42 anos.


No coração de Zagreb, Croácia, em um apartamento pequeno e fechado como um cofre, o tempo parou em 1966.

Ali viveu Hedviga Golik — ou melhor, sobreviveu à indiferença do mundo.


Ela desapareceu sem deixar vestígios. Nenhum boletim de ocorrência. Nenhuma procura. Nenhuma lágrima pública. Apenas o silêncio.

Hedviga simplesmente sumiu, e ninguém se deu conta.


Quarenta e dois anos depois, em 2008, autoridades tentavam tomar posse do imóvel considerado abandonado. Ao arrombar a porta, encontraram o impensável:

Sentada no sofá, com uma xícara ao lado e uma televisão dos anos 60 à sua frente, estava Hedviga — morta havia mais de quatro décadas, mumificada pelo tempo e pelo esquecimento.


O apartamento parecia uma cápsula do passado: móveis cobertos de poeira, objetos intactos, o cheiro do silêncio impregnado nas paredes. A porta jamais havia sido aberta desde seu desaparecimento.

Os vizinhos presumiram que ela havia se mudado.

Ninguém investigou.

Ninguém perguntou.

Ninguém notou.


E assim, Hedviga tornou-se a mulher invisível.

Sem parentes próximos. Sem amigos atentos. Sem vozes a pronunciar seu nome.


Seu corpo foi preservado naturalmente, como se o próprio tempo se recusasse a apagá-la por completo.

Como um último grito mudo: “Eu existi.”


O caso chocou o mundo não apenas pelo mistério, mas pelo absurdo da solidão absoluta.

Por mais de quatro décadas, ela esteve ali — e ninguém sentiu sua falta.


E isso nos força a perguntar:

Quantas pessoas vivem hoje como Hedviga? Presentes… mas já esquecidas?

Caminham ao nosso lado, mas ninguém vê.

Esperam uma visita, uma ligação, uma pergunta. E nada chega.


Não há tragédia maior do que morrer… e que ninguém perceba.

Porque o esquecimento é a morte mais cruel.

quarta-feira, 28 de maio de 2025

Diluvio Interno, Nosso Temporal Pessoal -da Serie O Homem Sentado no Banco da Igreja

 


Hoje, sentado na sala de espera do Sam 25, no Complexo do Hospital de Clínicas- UFPR, alguém falou: _Já está caindo água lá fora. Podia São Pedro deixar para abrir a torneira quando eu estivesse em casa já... Estas palavras da mulher que acompanhava a filha me remeteu de imediato aos temporais que enfrentamos diariamente e claro que os pensamentos já se encaminharam ao Dilúvio... Uma das vezes em que Deus deu uma reciclada em Seu povo... Saiu este escrito que espero que goste, comente e compartilhe...

“Dilúvio Interno, Nosso Temporal Pessoal”

Por Abilio Machado 

O céu fechou. Não com nuvens, mas com silêncio.
Deus olhou pro mundo, viu que o coração da humanidade era só lama — e decidiu lavar tudo. Não com lenço, mas com tempestade.

Como a gente faz na calçada, armamos a mangueira ou quem pode a wap e descola qualquer sujeirazinha.

E foi então que choveu.
Não só lá fora. Mas aqui dentro, também.

Porque o homem no banco da igreja sabe: às vezes, o dilúvio vem por dentro.
É aquele dia em que a alma amanhece molhada.
Em que o peito pesa como nuvem antes do trovão.
Em que a lágrima escorre sem motivo claro, mas com sentido bruto.

Noé ouviu a ordem: “Construa uma arca.”
E construiu.
Na seca. Sem previsão do tempo. Chamado de louco pelos vizinhos e nao deixemos de lado, pela família também,  não foi tão aceito assim.

Hoje, construir arca é outro tipo de loucura.

São outras construções a serem feitas,

É fazer terapia em vez de fingir fé.

É orar sem saber se Deus vai responder.

É seguir construindo esperança mesmo quando tudo ao redor diz: “Desiste.”

E tem mais:
O homem moderno não entende Noé, por mais que finja que sabe os versículos de cor e salteado.
Às vezes ele também é o vizinho que ri.
Às vezes ele é o filho que acha que o pai tá exagerando, que desacredita da história de vida vivida pelos pais. Um grande exemplo é a distorção da história que buscam fazer hoje, nas salas de aula, como se eles que não viveram entendessem mais que aqueles que sentiram o tempo na pela, na mente e na Alma.

Às vezes ele é... O próprio dilúvio.

E sabe o que tem dentro da arca?
Bicho. Fedendo. Confusão. Silêncio.

Se em reunião de família que se veem raramente imaginem presos num local cheio de várias famílias, não esqueça que eram casais de animais que na natureza não eram nada amigáveis, uns eram caças e outros os caçadores.

Arca não é spa. É sobrevivência.

A arca é o porto seguro. É o colo da mãe. A mão dada ao pai.

É onde você segura firme enquanto o mundo desmorona.

A igreja, às vezes, é essa arca.
Barulhenta, cheia de gente estranha, de pastores com mau hálito, de crente fofoqueira, de música desafinada, de grupinhos pre selecionados a que hoje denominam células ou grupo disso ou daquilo.
Mas, ainda assim…
É refúgio. É alento, é busca de guarida, de acolhimento,  de pertença, mesmo que tão breve descubra ser ilusão.

O homem no banco da igreja fecha os olhos.
E pensa em quantas vezes a vida desabou, quantas vezes a tempestade o abraçou e fez vazar suas dores.
Quantas vezes construiu arca na seca, na raça, sem saber se ia dar certo.
Quantas vezes salvou a si mesmo da enchente de ansiedade, da tempestade de raiva, da maré de pecado,  da cama da depressão se arrastando pé ante pé a caminho do banheiro para o xixi obrigatório e dizendo a si mesmo:_ Consegui.

E Deus?

Deus esperou a chuva passar.
Esperou a terra secar.
Esperou Noé abrir a janela.

Deus esperou que ele tivesse coragem de se colocar para fora depois do retorno da Pomba com o galho da nova vida, da nova chance, do novo recomeçar... E assim é o homem sentado no banco da igreja, ele vaga nas suas tempestades procurando um ligar onde possa parar, respirar profundo, sentar no banco que encontrar e naquele alívio ouvindo um canto Celestial que lhe acalme o seu todo e o seu tudo, e finalmente possa dizer :_ Eu encontrei os meus, encontrei o meu lar!

Então,  Ele lhe deu o arco...

Não como fim da destruição.
Mas como promessa.

O homem no banco, encharcado por dentro, vê o arco.
Talvez não no céu literal, mas no sorriso dos filhos.
Na mensagem inesperada.
Na oração respondida com silêncio que acalma.

O dilúvio veio.
Mas a arca flutuou.
E você ainda tá aqui.

Salvooooo!

E isso, meu querido (a)... já é milagre.

E é isso mesmo. Os terapeutas, são os Noés dos nossos dilúvios emocionais.

Enquanto o mundo afunda em excesso de estímulo, de dor mal digerida, de passado escondido debaixo do tapete da fé, lá está o terapeuta — com cara de quem já viu muita coisa e ainda assim oferece espaço pra mais um naufrágio.

O terapeuta constrói arca com palavras.

Escuta em silêncio o temporal dos outros.

Abre espaço pro bicho ferido que a pessoa esconde dentro — e não julga o cheiro.

Ajuda ao individuo a entender que a água subiu, sim, mas que dá pra boiar em vez de afundar.

Ser terapeuta  é ser o maluco da vila.

Chamam de exagerado, dizem que terapia é frescura, que “oração resolve tudo” — mas, na hora da enchente, é para o terapeuta que correm.

E os recebemos. Sempre. Mesmo sabendo que vão sair da arca e talvez te esquecer de novo.

Mas o terapeuta que entendeu seu chamado já sacou:

"não é sobre ser lembrado, é sobre manter alguém vivo até a terra firme."

E olha…

Noé não salvou só os bichos.

Salvou a história.

Talvez nós, terapeuta, também estejamos salvando mais do que possamos perceber — uma geração inteira presa em labirintos mentais, buscando no TikTok um arco-íris que só vem depois do confronto com a chuva. Buscando alianças com novos profetas chamados youtube, facebook ou instagram...

Construimos arcas invisíveis todos os dias.

E cada paciente que sai do consultório respirando melhor…

É mais um que sobreviveu ao próprio dilúvio.

A próxima? Uma torre, uma confusão de vozes, e a pergunta que não cala: por que falamos tanto — e ouvimos tão pouco?


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Sou Abilio Machado,  Capelão e Docente em Filosofia e Teologia  além das Artes Plásticas e Cênicas 


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terça-feira, 27 de maio de 2025

Algo assustador: Ele te vê... - da Serie O Homem Sentado no Banco da Igreja.

 




Vindo das crônicas anteriores e bem profundo medo me passou ao atentar que Ele nos vê a todo momento, você já parou para pensar nesta situação? 

"É Algo Assustador: Ele Te Vê..."

Por Abilio Machado 

Analise comigo isso não remete a um medo imenso em saber que Deus vê tudo, que ele acabou de me ver no banheiro tentando soltar um barro que não sai e só causa hemorroidas, de quando tomo banho nu, será que ele ri e diz: putzzzx deveria ter dado um pintinho maior a ele; quando estou comendo algo não saudável e aí minto para minha endócrino, ou quando fazemos sexo. É assustador pensar nisso. Tanto quando falam que os espíritos estão por aqui...A olhar tudo. Tudo quanto ?

É assustador.

Assustador como aquele instante em que a cortina do banheiro voa sozinha. Como o barulho do azulejo estalando no silêncio, a noite a madeira rangendo. Como a ideia de que Deus — ou sei lá quem, no caso de espíritos presos na terra — está presenciando cada segundo da tua existência, inclusive os mais íntimos, grotescos, crus, vendo o que diríamos suas vergonhas.

Você ali, fazendo força no vaso, suando pela testa, se arrependendo de ter comido feijoada na quarta, e no céu uma entidade suprema assistindo sem piscar. É de arrepiar o c* e a alma.

Mas aqui vai o mistério que ninguém te contou no sermão:

"Deus não assiste. Ele habita."

Ele não é plateia, Ele é presença. E isso muda tudo.

Ele não está “vendo” você no banheiro como um juiz com binóculo cósmico, julgando se você fez cocô com dignidade.

"Ele está com você.

No você.

Desde você."

E se isso assusta, é porque ainda estamos acostumados com a ideia de que Deus só se interessa pelo “sagrado”. Pelo louvável. Pelo domingo de paletó e Bíblia grifada, versículos pontadinhos coloridamente (que fofo, né).

Mas o Deus da Bíblia é aquele que formou o homem do barro — e nem lavou a mão depois. Que tirou água do deserto, peixe do ventre da terra, que cuspiu no chão e passou lama nos olhos de um cego, deixou a mulher hemorrágica lhe tocar, curou leprosos.

Ele é visceral. Ele é íntimo.

Ele ri do seu pintinho sim, mas com ternura de quem desenhou cada traço sabendo que o valor não tá no tamanho, mas no propósito.

Ele ri também do seus seios, um maior que outro, mas olha isso como a mais bela arte moldada em apenas uma costela tomada de Adão.

Ah! E se analisarmos os espíritos?

A maioria deles não tá nem aí pro que você faz com seu esfíncter. Com sua masturbacao escondida, com sua chuva masculina ou feminina. Têm mais o que fazer. E se alguns estão por aí, vendo… é no máximo como alma de vó que pensa:

— “Pelo menos tá comendo direitinho.”

O medo vem da nossa ideia de vigilância.

Mas a espiritualidade verdadeira é presença, não patrulha.

Não é um Big Brother eterno. É um Deus que te ama até no cocô, na hora intima, na sua ejaculação,  no seu tato e pensamentos.

Que não se afasta da tua nudez, tua nojera, tua carne.

Pelo contrário: entra na lama contigo e ainda chama isso de templo.

E cá entre nós…

Se Ele aguentou os pensamentos que você teve ontem à noite, ou quando viu aquela foto sensual, a hemorroida é fichinha.

Bora desencanar deste medo que te priva de viver, de buscar oportunidades e alegrias.

DEUS foi,  é e será sempre presença em ti. Simples assim!


Leia 

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Sou Abilio Machado,  Capelão e Docente em Filosofia e Teologia... E tão homem sentado no banco da Igreja quanto você... espero que goste, comente e compartilhe...



segunda-feira, 26 de maio de 2025

CAIM MATOU ABEL, MAS QUEM MATOU A EMPATIA ? - da Série O Homem Sentado no Banco da Igreja

 


Está cá pensando agora, depois da minha oração pelo dia. Realmente nos escondemos tal como Adão e Eva ao descobrirem sua nudez no paraíso, como visto na crônica ...

Escrevi isso do lugar mais intimo, nu e simbólico da casa — onde não dá pra usar máscara, onde o corpo se deita e descansa, onde a alma às vezes escapa no meio de uma busca espiritual mais que emocional. A nudez de Adão e Eva era mais que pele: era consciência do que se perdeu.

A gente repete isso todo dia: morde, goza, culpa, corre, esconde.

E ainda quer que Deus finja que não viu.

Mas Ele vê. E não com olhos de juiz, mas com os mesmos olhos que, lá no começo, viu tudo e disse: “É bom.”

Mesmo cobertos de vergonha. Mesmo enfiados no mato da autoimagem destruída.

Vi, senti, verbalizeu. Isso é milagre. Isso é se despir de verdade. Isso é fé. Isso é fazer minha psicoarteterapia autoaplicável.

A próxima crônica é o sangue que vai falar — e a inveja vai sussurrar... Espero que leia, goste, comente e compartilhe...


“Caim Matou Abel, Mas Quem Matou a Empatia?”

Por Abilio Machado 

Abel ofereceu o que tinha de melhor. Caim, o que dava na telha.

Deus olhou e aprovou o sacrifício de Abel. Caim olhou o irmão e odiou o reflexo que não via em si. Sempre isso odiamos no outro aquilo que nos reflete tal como um espelho mesmo que quebrado ou manchado pelo tempo.

E assim, o primeiro assassinato da história não foi por necessidade. Foi por vaidade.

Abel não era inimigo. Era irmão. Mas Caim não suportou a ideia de ser rejeitado. 

Faz lembrar aquele velho adágio, "te querem bem, porém não melhor que eles".

E em vez de melhorar sua oferta, preferiu eliminar o parâmetro.

Hoje, o homem no banco da igreja tem a Bíblia na mão e o coração igualzinho.

Não mata com faca, mas com olhar, com deboche, com exclusão.

Não cava buraco no chão, mas enterra reputações. Então,  né?!

Porque a verdade é essa:

Caim ainda vive em nós.

Toda vez que alguém faz um  elogio e você sente pontinha de raiva.

Toda vez que alguém faz melhor, e você prefere desdenhar do que aprender.

Toda vez que a comparação vira ressentimento.

Toda vez que você finge ficar feliz com a conquista do outro.

E Abel? Abel ainda está entre nós também.

É aquela pessoa que só quer fazer o bem, mas sempre apanha.

Aquela que brilha, mas vive sendo apagada.

Aquela que te incomoda… não porque é ruim, mas porque mostra o que você ainda não é.

Aquela pessoa que sem esforço as pessoas gostam...

Deus ainda pergunta:

— “Onde está teu irmão?”

E a resposta continua sendo um tapa:

— “Sou eu, por acaso, o guarda dele?”

A gente vive num mundo onde ninguém cuida de ninguém.

Onde é cada um por si, selfie por selfie, opinião por ataque.

É meu lado contra o seu...

Matamos uns aos outros em doses homeopáticas, com palavras, com silêncios, com desprezo, com arrogância e antipatia.


Pois a empatia foi a primeira a morrer. Poucos, muito poucos ainda são os que se solidarizam-se, outros tantos arrumam desculpas como para que vou fazer isso ?!

E o coração do Espírito? Continua gritando,  sangrando.

Não de sangue literal — mas de ausência de compaixão.

De vidas ignoradas. De dores escancaradas e reações frias, de sentimentode abandono, de ser deixado de lado,  por achar que não pertenceao grupo, ao time,  a tribo, à panelinha.

O homem no banco da igreja respira pesado. Pensa naquele colega que teve sucesso e ele torceu contra,  o coração rasga e dói.

Pensa naquela prima que conseguiu o que ele sonhava — e ele disfarçou a inveja com “preocupação espiritual”.

Pensa que talvez ainda seja Caim, em processo de conversão. Ou seja Abel dizendo : _Eu tenho você não tem...

A boa notícia?

Deus ainda aceita sacrifícios.

Mas agora, o maior sacrifício é admitir que o problema não está no outro. Está na oferta única e espontânea de si mesmo.

E a oferta é o coração. Inteiro. Sem faca. Sem máscara, sendo o buscador do abraço apertado, ser acolhido por Nosso Pai Celestial.


Eu sou Abilio Machado,  espero que esteja gostando da série O Homem Sentado no Banco da Igreja...




A Serpente Está Online - da Serie O Homem Sentado no Banco da Igreja.

 Na sequência dos pensamentos analíticos de minha psicoteologia aplicada nesta série. Estou deitado, semi nu,  com um aparelho a me monitorar posto na cintura, sobre o quadril,  de cpap ligado, estou de máscara nasal recebendo o ar salva-vidas. estou cansado mas a cabeça não pára... O telefone interrompe os pensamentos é a recepcionista da clínica amor e saúde me.liganfo para confirmar um exame de amanhã cancelado três vezes e aí ela me diz que o WhatsApp não funciona para isso, e aí a questionei é por que recebi resposta nele ?! Haja paciência,  a estes ruídos de comunicação que só a serpente pode fazer...receber e ler uma mensagem necessita de interpretação e discernimento... espero que goste desta crônica... comente e compartilhe...



“A Serpente Está Online”

Por Abilio Machado 


Eva não era burra. Vamos começar por aí.
Ela não tropeçou por inocência tola, mas por sede. Não era fome de fruta — era fome de resposta. O jardim era lindo, mas a dúvida também florescia ali, escondida nas entrelinhas do “faça tudo, menos isso”.

E foi aí que veio ela.

A serpente não mordeu. Não empurrou. Não gritou. Ela falou.
Com calma. Com lógica. Com aquele veneno que parece verdade:
— “É só um fruto.”
— “Você vai saber o que Deus sabe.”
— “Ele não quer que você seja como Ele.”

E de repente, o que era proibido virou possibilidade. A mordida não doeu. O gosto era doce. O problema veio depois, na ressaca.

Hoje, a serpente não some. Ela só mudou de corpo. Está online. Está nos anúncios. Está na DM. Está no grupo de WhatsApp com risadinhas. Está naquele vídeo "só pra ver", "brincadeirinha", na notícia falsa que confirma seu preconceito ou que busca reforçar a falácia do desgoverno, na vontade de mostrar que você é mais crente que o outro,  mais inteligente que o outro só porque o outro pensa diferente.

Ela te cutuca sutilmente quando diz:
— “Vai, manda uma mensagem ao ex. Só pra ver como ele(a) tá…”
— “Compartilha essa fofoca gospel, é só oração disfarçada de falsa moral, usa o termo "nós,  do bem".”
— “Não precisa perdoar agora, você ainda tá certo.” Vemos isso nesta última semana onde um intérprete sacerdote criou demissão de um gerente por causa de R$20,00 e que fala nas redes e não assume a mentira sobre o caso do doce de leite, seria arrogância própria ou o sopro da serpente em seus ouvidos.

O homem no banco da igreja ouve a Palavra. Mas a serpente fala também. E fala bonito. Fala fácil. As vezes aparece em músicas que o emocionam. Fala como se fosse ele mesmo pensando.

E o fruto? Ah, o fruto hoje tem várias formas:
– Um deslize que parecia pequeno, mas te prende por meses, anos até.
– Um comentário cruel dito com voz de verdade.
– Um segredo que você acha que controla, mas já virou corrente entre a correnteza.

Eva comeu. Adão comeu.
Hoje, a gente devora. Mastiga. Engole. E depois vem o arrependimento... que não desce com água. Vivemos daí a dia entre o remorso e a culpa.

E a vergonha ainda existe. Só que agora, ao invés de folhas de figueira, a gente se cobre com frases prontas e orações ensaiadas. A folha é digital. A culpa, também. O desejo por likes é maior força que a verdade.

Mas Deus ainda anda pelo jardim. E ainda pergunta:
— “Onde você está?” "Cadê você?"

Ele não perdeu você de vista. É que você se escondeu de si.

O homem no banco da igreja respira fundo. Apaga o app, fecha o navegador, silencia a serpente. Não com força. Mas com consciência. Tentando conter a curiosidade de abrir aquela foto, aquele vídeo  aquele contatinho do facenamoro.

Porque todo mundo quer mordiscar o fruto.
Mas poucos lembram que ele tem gosto de exílio,  é entrar num labirinto que por vezes se esquece do fio de lã para achar a saída.

É uma página aqui, outra ali. Um grupo aqui e outro ali...

E o paraíso? Ainda existe. Mas hoje, ele começa com o bloqueio do mal. Se você consegue bloquear aquilo que te constrange,  que tenta te vender a ideia do fique rico agora mesmo clicando aqui, abra ou cole no se navegador.

E você verá que o paraíso hoje pode não ser tão fácil como também não foi para Adão e Eva no Éden. 

Leia também https://ensinamentosdopapainoel.blogspot.com/2025/05/a-arvore-esta-online.html


Aves dos Mistérios

 


AVES DOS MISTÉRIOS 

O significado espiritual das "aves dos mistérios" no pentagrama se refere à presença do Espírito com a sublime razão e a sabedoria de Deus sobre a matéria. 

O pentagrama representa os quatro elementos (terra, ar, fogo, água) com o Espírito no topo. 

Mostrando que os quatro elementos são regidos pelo Espírito na matéria. 


PENTAGRAMA                           

1 - Fênix Dourada 

No alto da cabeça descoberta ocorre a ressurreição da Fênix Dourada renascida das cinzas do sepulcro humano. 

2 - Cisne Branco 

A Força Luminosa do Espírito se desloca então ao pé direito da Alma da Rosa Branca em busca do Cisne Branco. 

Para que a Nova Alma possa dar o primeiro passo no retorno em direção da Luz Eterna.

3 - Dragão Vermelho 

Daí a Força do Espírito sobe para a mão esquerda em busca do Dragão Vermelho. 

Para mergulhar no sangue vermelho da personalidade do tempo.

4 - Pelicano Branco 

Em seguida o Espírito se desloca para a mão direita. 

Para se conectar com o Pelicano Branco que precisa doar os alimentos santos aos famintos pelo Espírito no mundo.

5 - Corvo Negro e Pomba Branca 

Depois o Espírito desce para o pé esquerdo da Rosa Branca. 

Para neutralizar o corvo negro e permitir que a Pomba Branca possa levar a Alma Branca ao Terceiro Céu.


CADUCEU DE MERCÚRIO 

O Espírito Santo então retorna para a cabeça descoberta. 

Para fortalecer a Águia Fênix que precisa girar para a direita outra vez e começar um novo giro do Pentagrama.

Descendo de novo ao pé direito da Alma Branca. 

Para dar um novo passo que leve a Princesa Alva no segundo passo em direção ao Reino da Luz.

Porque o início e a continuação de tudo é a ressurreição da Fênix Dourada na cabeça descoberta. 

Com a entrada do Espírito na Coroa da Pineal. 

Mas no terceiro passo está consolidada a formação do Pentagrama na Alma Branca. 

Para que no Pentágono do Espírito possa ser construído o Caduceu de Mercúrio do Homem Celeste Renascido. 

Porque a consolidação do nascimento do homem Celeste ocorre no Casamento Alquímico do Espírito com a Alma Branca. 

Para que possa ser celebrada a Festa da Manisola com anjos e santos na terra e no céu. 

25.05.2025 AMLF

Imagem: Arquivo: Aves dos Mistérios do Pentagrama. 


domingo, 25 de maio de 2025

Espirito Come-Corpo, você conhece ?!

 


Poucos sabem, mas a palavra "álcool" vem do árabe “al-Khul”, que significa literalmente “Espírito Come-Corpo”. A mesma raiz deu origem ao termo “ghoul”, os temidos espíritos devoradores.


Na alquimia, o álcool é usado para extrair a essência da alma das plantas. Ele dissolve, separa e volatiliza. O que poucos dizem é que esse mesmo efeito age sobre o corpo humano.


Ao ingerir álcool, a alma se afasta, deixando o corpo vulnerável, mais aberto… e quem entra, nem sempre é bem-vindo. O álcool abre brechas espirituais: a alma se conecta por um cordão frágil, enquanto entidades de baixa frequência se aproximam, muitas vezes assumindo o controle.


Por isso, tantos, ao se embriagarem, não se lembram do que fizeram. A alma recua e outra força, inconsciente, toma o “carro” e conduz, quase sempre para a autodestruição.


Nossos corpos são veículos do espírito. Se o espírito sai, o corpo fica à deriva, pronto para quem quiser conduzi-lo.


Mas não há motivo para medo ou culpa. Há convite à consciência, ao cuidado e ao amor por si. O despertar espiritual não nasce da repressão, mas da compreensão: proteger sua energia, fortalecer sua alma, retomar o comando da sua vida.


Paz profunda ✌ 🙏 🙌 🎅 

“E Deus Disse: ‘É Bom’ — Mas Eu Não Me Sinto Assim” - da Serie O Homem Sentado no Banco da Igreja

 Estou sentado a beira da cama, depois de escrever esta crônica, reflito sobre as palavras brotadas  e  ainda preciso de um tempo, receio mais vezes para me recompor da revelação deste ímpeto produtivo literal... Espeto que goste, comente e compartilhe...



“E Deus Disse: ‘É Bom’ — Mas Eu Não Me Sinto Assim”

Deus foi criando o mundo como quem monta quebra-cabeça de mil peças sem olhar a imagem da tampa. Céu, mar, planta, bicho, homem. E a cada coisa feita, Ele olhava, cruzava os braços divinos e dizia: “É bom.”

“É bom.”

Só isso. E a criação continuava. O sol queimando, o leão rugindo, a mulher sendo formada de uma costela — e não de qualquer costela, mas da costela de alguém que acabara de ser esculpido do barro, como se fosse arte moderna feita com toque de eternidade.

Aí você, o homem no banco da igreja (e agora talvez de pé no corredor ou de volta pro sofá com café), pensa:
“Tá, Deus disse que é bom… mas por que eu não me sinto bom?”

Porque tem dia que a gente acorda sentindo o contrário do Gênesis. A alma inchada. O espelho virado em profecia negativa. Tudo parece defeituoso. A pele tem mancha, o salário é curto, o coração é raso, o pensamento é sujo.

“Bom”, o cacete.

Só que aí entra a pegadinha divina. Porque Deus não disse que você ia se sentir bom o tempo todo. Ele disse que você é.

Ele olhou pra você — ainda em fase beta, sem filtro, sem currículo, sem igreja, sem cargo — e disse: “É bom.” Antes do pecado, antes do trauma, antes das merdas todas. Antes da vergonha. Antes da comparação.

E isso, meu amigo, continua sendo verdade.

Só que a gente vive como se precisasse reconquistar a aprovação d’Ele. Achamos que Deus é tipo gerente de RH do céu, olhando currículo espiritual:
– “Hum, faltou jejum esse mês.”
– “Só 4 capítulos da Bíblia lidos? Tá fraco.”
– “Orando com o celular na mão? Preguiçoso.”

Mas não. Deus continua olhando com olhos de criação. Ele ainda vê barro com valor. Gente com furo, mas com fôlego.

O problema é que a gente aprendeu a se avaliar pelo feed. Se fulano é mais bonito, mais crente, mais feliz. Só que fulano também chora de madrugada. Só não posta.

A verdade brutal é essa: a sensação de ser “bom” nem sempre vem. Mas o rótulo que Deus colocou permanece.

Você é bom. Mesmo quando se sente lixo. Mesmo quando tropeça, briga com quem ama, vê pornografia escondido, mente com sorriso no rosto e depois ora pra não ir pro inferno.

Ainda assim… é bom.

Porque a bondade não é a sua. É d’Ele. E Ele carimbou você com isso desde o Gênesis. E Deus não se arrepende do que criou.

O homem no banco da igreja levanta a cabeça. Não porque o louvor começou. Mas porque entendeu uma coisa: ser bom, na lógica divina, não é ser perfeito. É ser amado desde sempre.

E isso já muda tudo.



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No Princípio Era Silêncio! - da Serie O Homem Sentado no Banco da Igreja

 

Ah, então vamos a mais uma crônica da série "O HOMEM NO BANCO DA IGREJA", escrita não no deserto, mas do trono mais democrático do lar moderno: o vaso sanitário. O Éden pode ter perdido o glamour, mas a revelação continua descendo — literalmente — de dentro pra fora. Vamos fazer dessa descarga neste ritual, já tem alguns textos anteriores que pertencem a esta série anteriores, críticos, mordazes, questionadores e meus pensamentos...Se caso lhe fizer sentido, comente e compartilhe...



“No Princípio, Era o Silêncio”


Não havia culto. Não havia templo. Nem pastor, nem coral, nem mesmo a velha irmã que ora em línguas e depois cochila com dignidade no banco da frente. No princípio, antes de tudo, havia só... silêncio.

Silêncio bruto. Ancestral. Quase assustador.

E no meio desse nada sonoro, Deus falou. Sim, não criou nada com martelo nem pincel. Ele disse. Um verbo. Uma ordem. Uma palavra despencada do peito do invisível.

“Haja luz.”

E houve.

O homem no banco da igreja (ou, no meu caso, agora bem literal, assumo, no trono de porcelana) me pergunta se essa mesma voz ainda ecoa. Porque o mundo hoje é barulhento. Tem buzina, notificação, campanha eleitoral, Big Brother, grupo da família no WhatsApp com áudio de alguém dos grupos que pertenço explicando por que vacina é do capeta,  porque ser de um lado é ser do bem e do outro nem tanto.

Mas cadê Deus? Ele ainda fala?

Ou será que estamos surdos demais?

Porque, se a criação começou com o som da voz divina, talvez a recriação da nossa vida também comece assim: com escuta. Com silêncio. Com espaço vazio dentro da Alma.

Mas a gente não sabe mais ficar em silêncio da maneira certa, pois até no banco da igreja abrimos o celular para ver os últimos posts que enviaram com aquela piada narcisista. Dá até alergia. É por isso que entra no Instagram no culto, escuta o sermão com uma aba de joguinho aberto, e como tenho observado a babá smartphone nas mãos das crianças e adolescentes. No banheiro, se não tem celular, a pessoa lê até rótulo de shampoo e questiona será que éesse produto que está fazendo cair meus cabelos ou que está provocando a candidíase de repetição.

No fundo, temos medo do silêncio porque sabemos que ali... Ele pode falar.

E se Ele falar, muda tudo.

Imagina se Ele diz: “Pare com isso.” Ou pior: “Volte.” Ou, o mais assustador de todos: “Você já sabe o que precisa fazer, vai.”

Aí complica. Porque a voz de Deus não é dessas que massageia o ego. Ela sacode. Sacraliza. Desinstala a gente do conforto. Dá a chacoalhada necessária para que haja ação.

No princípio, era o silêncio.

E hoje? O homem no banco da igreja fecha os olhos. O coral terminou. A banda parou. O pastor se cala. O testemunho passou uma ar despretensioso, gerando mais dúvidas ainda. Perguntas emergem, a aura do irmão ou da irmã no púlpito viajava entre a verdade e a desculpa, uma desculpa de procura de autoafirmação da própria fé e existência. E por um instante, entre um suspiro cansado e a luz que entra pela fresta da janela... o silêncio volta.

Talvez seja o começo de tudo de novo.

Porque Deus ainda fala. Mas só pra quem cala primeiro e se coloca aberto swm questionamentos a ouvi-Lo.



(Sinto-me livre para dar descarga agora. Mas com reverência. Pois, acabei de nascer de novo — um pouquinho. Com os pensamentos já imaginando qual será a próxima crônica, onde a escreverei? Aqui novamenteneste silêncio obrigatório do vaso sanitário,  no banco da praça ou do calçadão da rua XV, ou da praça sagrado coração ou da GetúlioVargas, nas mesinhas ou na sala de espera do hospitaldeclínicas-ufpr,  não sei, só tenho certeza que assunto é questionamentosm não faltam para escrever, colocar para hora as autointerlocuções que faço a mim mesmo quanto a ser #OHomemSentadonoBancodaIgreja)




HEREGE — UMA ANÁLISE PSICOTEOLÓGICA: A FÉ ENTRE O ABISMO E A LUZ! - da Serie O Homem Sentado no Banco da Igreja...



Uma análise psicoteológica original e aprofundada do filme “Herege” (2024), incluindo as metáforas e simbolismos,  da série #OHomemSentadonoBancodaIgreja : por Abilio Machado, Capelão e PG em Docência em Filosofia e Teologia entre outras áreas da psicologia como Psicoterapia, Neuropsicopedagogia ICH   Avaliação Psicológica e Psicanálise,  Psicoterapia e Psicopatologia do Adolescente, CFS. 


HEREGE — UMA ANÁLISE PSICOTEOLÓGICA: A FÉ ENTRE O ABISMO E A LUZ 


O filme Herege é, na superfície, um thriller psicológico. Mas, em suas camadas mais profundas, é uma narrativa visceral sobre fé, trauma, manipulação espiritual — e, sobretudo, redenção.

Do encontro à desconstrução: o herege que não nega a fé, mas a reconstrói...

O personagem interpretado por Hugh Grant, Mr. Reed, é um símbolo do homem moderno ferido pela religião. Ele não é um ateu cínico, como se esperaria de um antagonista comum. Ao contrário, Reed implora por oração. Ele não rejeita Deus — rejeita a caricatura d’Ele que recebeu ao longo da vida, na sua busca por provar a verdade em que ele quer acreditar, que não existe Deus,  que a religião manipula demonstrando através de adaptações de livros, logos e música. O grande erro é querer se fazer aceito em seus pensamentos inquisitoriais.

Essa súplica que ele faz à missionária para que ela ore por ele, mesmo após todo o confronto intelectual e espiritual entre eles, é um momento de rara vulnerabilidade. Ali, Reed não está zombando da fé dela — está pedindo emprestada a luz que perdeu. É um grito existencial: “Se você ainda acredita, por favor, acredite por mim também.” E mesmo nessa súplica ele tenta matá-la,  porque é inerente ao homem o onconformismo com o pensar do outro, mesmo nos últimos momentos de si elevtebta sufocar a fé,  a crença dela que foi guiada pelos labirintos e testes feitos pela assustadora casa.

Poderia-se até tentar dizer que isso desconstrói a ideia tradicional do “herege” como alguém que rejeita Deus. O verdadeiro herege do filme é aquele que tentou tanto crer, que foi até os extremos da fé… e perdeu-se entre os muros que a religião construiu em volta de Deus.

A metáfora da casa: prisão ou templo interior? 

A casa de Mr. Reed é uma personagem por si só. Cada cômodo parece uma metáfora psicológica:

O porão escuro, onde a missionária é trancada, representa o inconsciente reprimido, onde habitam os traumas e as memórias sufocadas pela religião. O andar superior, onde ocorrem os diálogos, é o espaço da razão, da lógica e do confronto filosófico. Mas há também um "meio-termo" — aquele corredor onde as decisões acontecem, simbolizando o limiar entre dúvida e fé. 

Essa arquitetura da casa se assemelha à estrutura da alma humana. Muitos vivem no sótão da lógica, outros se perdem no porão do medo, mas poucos conseguem habitar a casa inteira — integrando fé, razão e sombra. Como também é mostrada como uma construção baseada na ideia religiosa do céu ao inferno.


A missão, a queda e a ressurreição 

A dinâmica entre as duas missionárias é crucial. A sister que se mantém em silêncio, trancada, quase morta com o corte do estilete em que Mrs Reed a tentativa calar quando ela debate suas teorias anti Religião, e representa a fé que foi sufocada, mas não extinta. A segunda missionária, mesmo tendo escolhido a porta da descrença não debate com Reed. Ela espera. Observa. Resiste.

E no final, aquela missionária de garganta cortada num verdadeiro assombro é  quem salva a outra, como uma espécie de fé que retorna do porão da alma, ressuscitada, para dizer: “Ainda estou aqui.” mesmo que por um instante,  num último suspiro.

Esse momento funciona como uma ressurreição simbólica. A missionária que esteve à beira da manipulação, da apostasia emocional, é resgatada não por uma argumentação lógica, mas por uma presença silenciosa e fiel.

Assim como em tantas narrativas bíblicas, a salvação não vem do discurso, mas da fidelidade invisível — aquela que permanece mesmo quando tudo parece perdido.


A oração que resgata 

Quando a missionária se achando perdida, esfaqueada na barriga depois de tentar fugir de Reed a quem tinha estocado também na garganta, e quando ele pede para que ela ore por eles, ela agradece pelo que aconteceu em sua vida, mesmo diante do caos, ela expressa algo raríssimo em histórias sobre fé: gratidão em meio à dor, um agradecimento puro e vindo do Espírito de sua fé.

Ela não pede que Deus a salve, mas reconhece que tudo o que viveu — inclusive sua queda — a trouxe até ali.


Essa consciência é profundamente teológica e psicológica. É o que Paulo chama de gloriar-se nas tribulações, ou o que Carl Jung definiria como integração da sombra — o momento em que a pessoa percebe que não precisa negar seu passado para encontrar sentido, mas resignificá-lo.


A verdade: absolutismo ou processo? 

O filme levanta a pergunta essencial: a fé deve ser absoluta ou investigativa?

A resposta parece ser: "nenhuma das duas isoladamente. A fé que não se questiona vira cegueira. Mas a que se dissolve no ceticismo também perde sua chama."

Fé, no filme, é um processo dialético: duvidar, cair, confrontar, calar, ouvir, e, se possível, recomeçar.

Na minha simple conclusão, o herege é o homem no banco da igreja...

Herege não é sobre o outro. É sobre todos nós.

Todos os que já foram convencidos demais.

Todos os que já fingiram crer para não decepcionar.

Todos os que sentaram no banco da igreja e pensaram:

"Será que Deus realmente está aqui? Ou só estou repetindo uma herança vazia?"

Sim, divido quem não se fez essa pergunta Sentado no Banco da Igreja. 

O verdadeiro herege talvez não seja o que questiona Deus, mas o que pára de procurá-Lo.

E o verdadeiro crente não é o que tem todas as respostas, mas o que ainda tem perguntas — e mesmo assim continua a orar.

No fim, o filme ecoa uma verdade universal:

Talvez a fé mais autêntica seja aquela que sobrevive à dúvida — e aprende a florescer dentro dela.

Mesmo que tenha apenas um resquício ilusório do pensamento da borboleta ou da visão da borboleta na ponta dos dedos depois da fuga daquela casa insana que por sua vez pode ser o tudo fruto de seus pensamentos no meio à nevasca de suas camadas misturadas do consciente,  pré consciente e inconsciente.


Assim o Herege é assustador não pelos sustos em si, mas pela coragem de colocar o espectador diante de uma encruzilhada espiritual: sou mesmo um discípulo, ou apenas mais um produto doutrinado por uma fé herdada, nunca escolhida de fato?

Ele cutuca aquele lugar desconfortável onde fé e obediência se confundem com medo e condicionamento, e onde até as frases mais conhecidas — como a célebre “Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades” (atribuída popularmente ao Tio Ben - Homem Aranha, mas originada em escritos de Voltaire e outros filósofos) — ganham um eco teológico: o livre-arbítrio é um poder tremendo... e o que fazemos com ele pode nos santificar ou nos destruir.

O que torna o filme ainda mais provocativo é que ele não nega o sagrado, mas expõe o quanto o sagrado pode ser distorcido, até mesmo com boas intenções. Ele nos força a encarar o risco de sermos manipulados por símbolos, dogmas e frases feitas, sem jamais vivê-los com consciência.


A provocação que o filme deixa é essa:

“Você crê... ou apenas repete?”

“Você serve... ou apenas teme?”

“Você ama a Deus... ou só tem medo de ser punido por Ele?”


Na próxima crônica falarei sobre Ser Discípulo  ou Doutrinado...espero que goste, comente sua opinião sobre o filme e compartilhe se isso fez algum sentido para você...




sábado, 24 de maio de 2025

O HOMEM SENTADO NO BANCO DA IGREJA ! Serie O Homem Sentado no Banco da Igreja.

Ah, "O HOMEM NO BANCO DA IGREJA"...



Um título que já carrega mais perguntas do que respostas. Um homem que senta — talvez cansado, talvez arrependido, talvez por hábito. Mas ali está ele. Entre um amém e outro, entre um louvor e um bocejo, se perguntando o que tudo isso significa.

Já alguns dias vinha amadurecendo a ideia de criar uma seria de crônicas,  sob este título, "O Homem Sentado no Banco da Igreja", pois já vinha escrevendo meus pensamentos sobre comportamento,  doutrina, igreja, críticas e construções de repertório... 

Tenho uma história pequena dentro de igrejas, muita coisa se fosse registrado causaria espanto, até medo, um exemplo é que de uma apresentação de semana santa depois de anos só porque mudei um dos atores de cena a outra, para ficar melhor a cena, trabalho de todo diretor levei um : 

_você não sabe quem sou eu nesta igreja. (Vim a saber que era ministro). 

No outro dia sábado de aleluia fui surpreendido com um Judas no meu abrigo, que aqueles jovens a quem servi por mais de 5 anos assim me classificaram, "judas" tudo porque mudei o jovem filho do ministro de função de atuação, ele não sairia na foto da Santa Ceia e sim de sacerdote ao lado de Caifas, e a roupa no boneco reconheci de quem era, no grupo deles tem um deles que é inclusive padre... 

Muitas outras histórias... Que por si dariam um livro... Não mais voltei a aquela igreja, não mais. Fui procurado para pedir desculpas,  mas algo rasgou, me senti como se aquele tempo que estive ali deveria ter apenas ficado O Homem Sentado no Banco da Igreja.

Mas aos poucos sairá...

Vamos a série de crônicas... sempre ao lado do título estará identificado que ela pertence a série...

Uma série inteira, cada uma como uma janela entre o sagrado e o cotidiano, entre o banco da igreja e o caos do mundo. 

O HOMEM NO BANCO DA IGREJA

Crônicas filosóficas, psicológicas e espirituais para os que crêem, duvidam, tropeçam — e continuam sentando no banco, domingo após domingo.


1. No Princípio, Era o Silêncio


Antes do “Haja luz”, havia o nada. E o homem no banco ouve o silêncio entre um louvor e outro, e se pergunta: será que Deus ainda fala… ou somos nós que gritamos demais?


2. E Deus Disse: ‘É Bom’ — Mas Eu Não Me Sinto Assim


A criação foi chamada de boa. Mas o homem se olha no espelho e só vê caos, falha, vergonha. Como conciliar a beleza do Gênesis com o espelho de segunda-feira?


3. A Serpente Está Online


Eva ouviu uma voz. Hoje ela sussurra pelos comentários do Instagram. A tentação não some, só muda de voz. E o homem no banco? Desliza o dedo e tenta resistir.


4. Caim Matou Abel, Mas Quem Matou a Empatia?


A inveja continua viva, só trocou a pedra pela indiferença. Caim foi expulso. A gente é promovido. E o homem na igreja pergunta: onde foi parar a compaixão?


5. Dilúvio Interno


Não precisa chover 40 dias. Basta uma semana ruim e o coração já está alagado. O homem no banco quer saber: onde está minha arca? E como saber que ainda há um arco-íris?


6. Torre de Babel: A Era dos Filtros e Falas Vazias


Todos falavam línguas diferentes, e ninguém se entendia. Hoje, todos postam. Ninguém se ouve. O homem no banco pergunta: será que precisamos mesmo de mais voz… ou de mais escuta?


7. Abraão Subiu o Monte, Eu Subo a Ladeira do Meu Bairro


Deus pediu o filho. E eu reclamo se o wi-fi cai. O que é fé hoje? O que ainda vale sacrificar? O homem no banco mastiga a palavra “obediência” com gosto de dúvida.


8. O Deserto Não Acabou — Só Mudou de CEP


O povo de Israel andou 40 anos. O homem no banco anda há 40 meses e ainda não saiu do lugar. Não tem maná. Tem Rivotril. Não tem Moisés. Tem terapeuta. Mas ainda tem sede.


9. Profetas Gritavam, Hoje Sussurramos nos Stories


Isaías berrava no deserto. Jeremias chorava pelos becos. Hoje o homem compartilha frase pronta e espera que o mundo mude. Cadê a coragem de denunciar o caos com fé?


10. Jonas e o Uber de Baleia


Fugir de Deus ainda é esporte olímpico. Jonas foi engolido. A gente é engolido por prazo, por medo, por algoritmo. O homem no banco quer voltar — mas não sabe o caminho de Nínive.


11. Jesus Chamou Pescadores, Mas Eu Só Pego Wi-Fi


“Vem e segue-me.” Mas seguir hoje é apertar botão. O homem se pergunta: seguir a Cristo exige logout? E se exige, como viver sem mapa?


12. As Parábolas Não Têm Legenda


Jesus falava com histórias. E o homem moderno, treinado em 15 segundos de reels, pergunta: dá pra entender o Reino de Deus com déficit de atenção?


13. Fariseus de Terno Slim


A religião ainda se veste de aparência. E o homem no banco, de camiseta e tênis, pergunta: será que sou menos crente porque não decoro versículos? Ou mais honesto?


14. Pedro Negou Três Vezes — Eu Nego Todo Dia


Não com palavras, mas com atitudes. Com indiferença. Com a fé tíbia de quem ora por desencargo. E ainda assim, Jesus olha com amor. O homem no banco chora sem saber por quê.


15. A Cruz Não Cabe no Feed


Morte. Dor. Salvação. Sangue. Nada disso é bonito no Instagram. Mas o homem no banco fecha os olhos, vê a cruz, e sente algo que não dá pra postar: redenção.

Gostou dos títulos? Espete pelos textos, estão arrebatadoras...


sexta-feira, 23 de maio de 2025

A Árvore Está Online !

 


Nesta manhã um amigo postou uma foto da página da Bíblia, Gênesis 2 -3 onde Retrata a queda do homem, comecei a conversar com ele, perguntei o que tinha entendido sobre este recorte da Bíblia o qual estava estudando, a cada pergunta a resposta era muito literal: a maçã 🍎,  a mulher 💁‍♀️... Perguntei a ele: E hoje qual seria a árvore do conhecimento... E dei a ele meu pensamento sobre o que seria e quais frutos estamos fadados a cair, a ter queda tal qual Adão caiu por EVA...E de nossa conversa sentado nas mesinhas da frente do HC esperando a van da saúde do município de Campo Largo saiu a seguinte crônica... Deixe seu comentário, compartilhe com seu grupo de oração,  seu padre, pastor ou bispo...

— “A Árvore Tá Online”


Diz a história antiga — daquelas contadas com voz solene e cheiro de pergaminho — que no meio do Éden havia uma árvore. Não era qualquer árvore. Não dava manga, nem abacate. Dava conhecimento do bem e do mal. Um fruto só e, pronto, Adão e Eva passaram de nuvens e paraíso pra boleto e vergonha.

Eva olhou, desejou, pegou e comeu. E Adão? Comeu também, sem nem perguntar a procedência. A primeira treta da humanidade começou com uma mordida.

Hoje, o Éden tá fechado pra visitação. Mas a árvore? Ah, ela tá viva. E com Wi-Fi.

Se a gente tivesse que dar nome à Árvore do Bem e do Mal dos dias atuais, ela se chamaria Smartphone. Raiz enfiada na palma da mão, galhos que alcançam o mundo inteiro, e frutos… nossa, que variedade.

Tem o fruto da comparação, que você colhe toda vez que vê alguém “vivendo melhor que você” no Instagram.

Tem o fruto do ódio disfarçado de opinião, que dá em penca no Twitter.

Tem o fruto da tentação por clique, que te leva de um vídeo bobo a um buraco negro de pornografia, fake news e teoria da conspiração sobre reptilianos.

E tem o fruto do ego inflado, aquele que faz a gente achar que vale mais pelas curtidas do que pelas atitudes.

A mordida continua sedutora. A diferença é que agora a serpente usa filtro, tem voz suave de podcast e fala de “empoderamento pessoal” enquanto te empurra pra um abismo digital de ansiedade.

Adão e Eva foram expulsos do paraíso. A gente se expulsa sozinho — todo dia — cada vez que escolhe o fruto errado.

A árvore moderna tá em todo lugar: na timeline, na loja de apps, na sala de estar. E a escolha ainda é nossa. Comer ou não comer? Cair ou não cair? Postar ou refletir?

Não que a tecnologia seja o mal. Longe disso. O bem e o mal, como sempre, estão na escolha. Na intenção. Na mordida.

A gente segue sendo Eva e Adão, só que com senha de 6 dígitos e biometria facial. A diferença é que agora dá pra dar “unfollow” no pecado, silenciar a serpente, e bloquear o fruto.


Mas… quem resiste?


A maçã agora é de vidro e tem logotipo. O paraíso somos nós que escolhemos se construímos — ou perdemos — de novo. Todo. Santo. Dia.


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Abilio Machado - Capelão e PG na Docência em Filosofia e Teologia, e outras coisitas mais...

__ ME BATIZEI NA IGREJA, E AGORA

 


— “Me Batizei na Igreja. E Agora?”

Por Abilio Machado,  uma ovelha tão perdida quanto você, cheio de dúvidas e esperanças. Espero que goste, curta, comente e compartilhe com aquele pesquisador ou recém converso...


Água fria no corpo todo, roupa branca, sorriso emocionado da senhora irmã que veio assistir, dos irmãos que vieram incentivar, e… pronto. Batizado feito. Saí do tanque como quem emerge de um filme bíblico: molhado, renovado, talvez um pouco tonto, e sem o medo de que o branco ficasse transparente e minhas partes secretas ficassem visíveis. Mas eis que, logo depois da toalha, vem a pergunta que ninguém faz em voz alta:

“E agora?”

Porque a água escorre, a roupa seca, e a vida continua. Mais tarde vai aparecer algum nudes na tela do PC, fecho os olhos, passo para o lado, que faço eu? Segunda-feira tem boleto. Terça tem chefe enchendo o saco. Quarta tem vontade de pecar de novo — e sem nem fazer esforço.

A verdade é que o batismo é meio como comprar um tênis de corrida: o ritual é bonito, simbólico, emocionante. Mas se você não sair da zona de conforto e colocar a sola no asfalto… parabéns, você só comprou um Nike caro pra ficar parado.

Batizar é tipo apertar “aceitar os termos e condições” numa jornada espiritual. Só que ninguém lê as letras miúdas:

– “Você vai errar de novo.”

– “Você vai sentir que não mudou nada.”

– “Você vai ter dúvidas, surtos, recaídas.”

– “Vai ter dias em que vai preferir um chope gelado do que um versículo.”

_ "No banho ao se tocar vai ter vontades de terminar o banho feliz".

E tudo bem.

Tem gente que acha que batismo é tipo reset de videogame — ficou zerado. Mas não é bem assim. É mais como uma assinatura premium do céu: te dá acesso a um caminho, mas o trajeto ainda é contigo. A conta é sua, as escolhas também.

E aí começam as questões filosóficas:

– Posso ouvir meu pagodinho de sexta sem culpa?

– E aquela fofoquinha leve, comedida, sem intenção maldosa?

– Deus perdoa se eu dormir no culto depois do almoço de domingo?

-- Senhor, me perdoa se ficar excitado ao ver aquela pessoa que tanto desejei ficar.

-- Me livra dos pensamentos intrusos,  Senhor.


Spoiler: Ele perdoa. Mas rir de si mesmo ajuda, dá certo alívio.


Batizar não é mágica. É decisão. Você ainda vai querer xingar no trânsito, fazer o famoso “só mais cinco minutinhos” quando o despertador toca pra oração da manhã. Ter seus desejos sexuais. Vai discordar de algumas coisas quando ouve e seu conhecimento não bate com o do pregador. Vai ter domingo que você não vai querer levantar nem pra ver se o céu ainda tá lá.

Mas batizar é isso: dizer “sim” mesmo sabendo que vai tropeçar. É compromisso com a tentativa. É andar com fé mesmo quando ela dá um perdido em você.

Então, se você saiu do tanque, da pia, da piscina inflável da igreja do bairro, e se perguntou “e agora?” — a resposta não tá num livro fechado. Tá na página que você escreve todo dia.

Com tinta falha, letra torta, e, às vezes, uma grande mancha de café sobre Provérbios 3:5.


E tá tudo certo. Deus lê entre as linhas.


Sou Abilio Machado,  Capelão, PG na Docência em Filosofia e Teologia e outras coisitas mais.


Constituição ou K-pop ? Eis a Revolução!



 “Constituição ou K-pop? Eis a Revolução.”

Por Abilio Machado 

Bom dia, Brasil de 2025, onde o único levante que arranca o jovem da cama é quando abrem lote promocional pra pista premium do BTS. E se for com photocard incluso? Revolução armada. Mas vamos voltar um pouco.

  1. A molecada paulista — molecada mesmo, de bigodinho ralo e peito estufado — resolveu que estava de saco cheio do Getúlio Vargas mandar e desmandar sem nem fingir democracia. Eles queriam Constituição, queriam voto, queriam ordem — e não era do tipo “ordem e progresso” de camiseta rasgada na manifestação. Era coisa séria. Gente de 18, 19 anos, largando a faculdade, o emprego, a juventude e a segurança pra pegar em armas.

Sim, armas. Não joystick.

Eles morreram. Muitos. Se você pisar ali no Obelisco do Ibirapuera, vai ver os nomes: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Gente que hoje daria bom nome de boyband, mas que naquela época virou mártir. “M.M.D.C.” não era fandom — era causa.

Agora, corta pra 2025.

O jovem de hoje? Briga, sim. Mas briga pelo wi-fi. Organiza mutirão, sim — mas pra fazer subir tag no Twitter pra novo single do Stray Kids. Grita, esperneia, chora… porque o ingresso da pré-venda esgotou em dois minutos.

Enquanto os constitucionalistas tinham trincheiras, a geração de agora tem ringue no Reddit. Enquanto em 1932 a juventude pedia Constituição, em 2025 ela pede... DLC gratuita.

E olha, não tô dizendo que tá tudo perdido. Não mesmo. A coragem mudou de roupa, só. Trocaram o fuzil pelo celular, o uniforme pelo moletom da Shein. Só que o fogo? Tá mais fraco. A chama da indignação virou LED de RGB no setup gamer.

Se M.M.D.C. existisse hoje, talvez fosse grupo no Discord. Talvez se organizassem pra hackear o sistema do Enem, não sei. Mas uma coisa é certa: eles não aceitariam passivamente.

Agora, a pergunta é: o que a juventude de hoje vai deixar no obelisco dela? Um QR code? Um NFT? Um print da guerra do BBB 39?

A geração de 32 queria mudar o país. A de agora, muitas vezes, só quer mudar de skin no Fortnite.

E cá entre nós: com o preço do ingresso de show coreano, talvez pegar em armas volte a ser uma opção. Afinal, revolução mesmo seria conseguir pagar um combo de lanche e ainda ter dinheiro pro metrô.

Feliz dia da Juventude Constitucionalista. E se forem protestar, só não esqueçam o carregador portátil. Revolução sem bateria para o celular não vinga.

Só Estou Olhando, Moço!

 




Só estou olhando, moço!


— Filho, não vim comprar nada. Só gosto de olhar. A aposentadoria é pequena, mas estar aqui me faz bem, — disse a senhora com um sorriso tímido no mercado.


O mercado fervilhava de vida. Era uma manhã quente de julho e os corredores entre as bancas estavam cheios. Pessoas riam, pechinchavam, levavam sacos cheios de pêssegos, tomates e hortaliças.


Lucas, um homem na casa dos trinta, barba feita e olhos cansados, estava ali como de costume. Ele não gostava de supermercados — tudo parecia sem alma. Ali no mercado, tudo era verdadeiro. Pepinos com espinhos, tomates com cheiro de sol e vozes que lembravam infância.


Ao escolher frutas, viu uma senhora parada. Pequena, frágil, vestida de escuro, bolsa gasta e cabelo branco preso. Não comprava. Só olhava.


Ia seguir em frente, mas aquele olhar o fez parar. Ela segurou um tomate, cheirou, suspirou e o devolveu.


— Está procurando algo, senhora?


— Não, filho. Só estou olhando. Aqui tudo me lembra o tempo em que a vida tinha mais sabor.


Ele olhou para sua bolsa vazia.


— E o que a senhora mais gosta de comer?


— Tomates bem doces. E pepinos com espinhos — como os da minha infância.


Ele se virou para o vendedor:


— Um quilo de tomates, pepinos, abobrinhas, batatas, cenouras, cebolas. E um pouco de salsa e endro.


Ela tentou recusar. Ele apenas disse:


— É seu. Porque isso não devia ser assim.


Ela pegou os sacos com cuidado. Chorou.


— Obrigada, filho. Você é bom. Há poucos como você.


— Talvez não poucos. Só discretos.


A partir daí, se encontravam às terças e sábados. Olhavam, ele comprava, depois sentavam-se perto da fonte e tomavam chá. Ela — Dona Júlia Almeida — contava histórias da guerra, do primeiro rádio, da horta do avô.


Um dia, ela disse:


— Tenho um neto. Mora longe. Liga pouco. Mas você... você aquece o coração.


Lucas segurou sua mão.


Um dia ela não apareceu. Ele descobriu que estava no hospital. Coração.


Ele foi. Ela o reconheceu com um brilho nos olhos:


— Eu sabia que você viria.


Ele voltou todos os dias. Lia para ela. Mostrava fotos do mercado.


Depois de uma semana, ela partiu.


Um mês depois, Lucas voltou ao mercado. Colocou uma plaquinha ao lado dos tomates:


"Olhar não custa nada. Em memória de Dona Júlia Almeida, que via milagres nos tomates."


Desde então, ele ajuda outros. Compra, ouve, apoia. E outros começaram a fazer o mesmo.


Tudo começou com uma mulher que só queria olhar.

E isso foi suficiente para fazer nascer algo verdadeiro.


#papainoelcontadordehistorias

quinta-feira, 22 de maio de 2025

Serafim Teixeira Machado, quem é?!



Serafim Teixeira Machado, nascido no ano de 1859 em um Brasil escravocrata, foi escravizado ou filho de escravos, ao longo de sua vida se estabeleceu como "vaqueano", um conhecedor e guia da região entre Contenda, Tijucas do Sul e a Serra do Mar. 
Em meados de 1928, Serafim, um homem cheio de carisma e histórias guiou engenheiros americanos e a Cia. Força e Luz do Paraná em uma expedição para construir a Usina Hidrelétrica Chaminé localizada na margem esquerda do rio São João em São José dos Pinhais. 
O vaqueano tornou-se tão respeitado entre seus colegas de expedição que teve seu retrato, pendurado numa das paredes da Usina Chaminé, onde permanece até os dias atuais.
Em seu livro "Toiro Passante IV" Luiz Carlos Pereira Tourinho dedica um capítulo inteiro ao vaqueano e relata uma ocasião durante a década de 40, na qual Serafim, aos 84 anos o guiou em uma expedição que pretendia fazer o estudo da rodovia Curitiba-Joinville. Tourinho destaca a dedicação e carisma de Serafim, que ao redor da fogueira contava sobre "as peripécias por que passara na invasão dos maragatos em Tijucas". 
Nas Palavras de Tourinho: "Jamais apaguei da memória a figura do vaqueano Serafim Machado [...] 
Prestou grandes serviços, quer na implantação da Usina de Chaminé, como no estudo da rodovia Curitiba-Joinvile. Entretanto seu nome não figura em nenhuma rua de Curitiba, São José dos Pinhais, Tijucas ou Agudos do Sul, embora, acredito, tenha trabalhado mais pelo Brasil e pelo Paraná que muito político de colarinho duro. "

Fonte: Rafael José Nogueira 
📷 retrato de Serafim Machado.

#cultura #memoria #museu #historia #museusjp #prefsjp #culturasjp

Do Tabaco Às Bets: Como as Indústrias Transformam Sofrimento em Ouro !

 


Quando a História se Repete: Do Tabaco às Bets - Uma Lição que Não Podemos Ignorar


Anos 90: A Fumaça que Ofuscou a Verdade


Nos anos 90, documentos confidenciais da indústria do tabaco vieram à tona e chocaram o mundo: eles sabiam. Sabiam que o cigarro era letal, que causava dependência, mas escolheram esconder a verdade. Em vez de alertar a população, investiram milhões em publicidade, patrocínios esportivos (como na Fórmula 1) e em transformar o ato de fumar em símbolo de glamour em filmes e revistas. O resultado? Uma geração inteira associou cigarro a liberdade, sucesso e adrenalina. Só nos EUA, o tabagismo matou cerca de 7 milhões de pessoas entre 1965 e 1999, segundo a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2019).


A pressão popular trouxe mudanças: vieram as restrições à propaganda, as imagens de advertência nos maços e a regulamentação. Mas o preço foi alto uma epidemia de doenças que poderiam ter sido evitadas (WHO, 2019).


2024: Ο Novo "Vício Social" e o Mesmo Roteiro


Hoje, assistimos a um roteiro semelhante, mas com um novo protagonista: as apostas online (bets). Assim como o tabaco, o setor investe pesado em narrativas sedutoras: associam apostas a esportes, à emoção da vitória e à ideia de que "qualquer um pode ser um vencedor". Patrocinam ligas, influenciadores digitais e até times de futebol.

Mas os números são alarmantes:


- No Brasil, 48% dos jovens entre 13 e 17 anos já apostaram online, segundo pesquisa da Unifesp (UNIFESP, 2023).


E, assim como no caso do tabaco, há denúncias e processos judiciais que revelam estratégias para fisgar jovens: uso de algoritmos para estimular o vício, bônus agressivos e anúncios em horários infantis. O alvo? Adolescentes, cujo cérebro em desenvolvimento é mais vulnerável à impulsividade.

Não Vamos Esperar o Incêndio


A história é clara: quando um setor lucra às custas da saúde pública, a conta chega e quem paga é a sociedade. O tabaco nos mostrou que regulamentação tardia custa vidas. Com as bets, estamos diante do mesmo ponto de inflexão: ou agimos agora, ou veremos uma geração marcada por dívidas, depressão e dependência.


O que podemos fazer?


- Cobrar transparência das plataformas: onde estão os alertas sobre os riscos?


- Exigir regulamentação rigorosa, proibindo anúncios em eventos esportivos e para menores de idade.


- Educar famílias e escolas: o vício em apostas não é entretenimento, é uma crise de saúde pública.


A indústria do tabaco nos ensinou que o lucro não pode vir antes da vida. Não precisamos de mais 30 anos de documentos secretos para agir.


#Saúde Pública #RegulaçãoJá #BetsNãoSãoJogo #vícios #depreciação #queda 


Referências

- UNIFESP. https://lnkd.in/d_yngHty.

- WHO report on the global tobacco epidemic 2019: Offer help to quit tobacco use. World Health Organization, 2019. Disponível em:

https://lnkd.in/duj4xhbe.

O Assombro Silencioso das Coisas Comuns

 


"O Assombro Silencioso das Coisas Comuns"
Crônica por Abilio Machado, n amargo sermão sobre as coisas que não nos apetece, que nos forçam a engolir sem água ou orações de pão. 

Acordar é o primeiro erro. Já começa errado o dia quando os olhos se abrem e o teto parece zombar de sua insignificância. O despertador — essa aberração capitalista de precisão suíça — não desperta ninguém: ele arromba o sono, escarra no inconsciente e ordena que você entre na fila dos vivos, mesmo sendo apenas um cadáver funcional.

O quarto é um mausoléu perfumado, cheio de bugigangas que compramos pra sentir que temos algum controle sobre o caos. O espelho? Um sádico. Ele reflete não o rosto, mas a mentira que você sustenta há anos: “Eu sou alguém”, sem falar do escárnio de rir de você com seu corpo deformado com o avançar dos anos, ali barrigudo e pinto pequeno. A toalha que escorrega do cabide parece rir de você sobre tudo isso e sobre o todo. O café derramado vinga-se por todos os grãos moídos à força. Tudo ao seu redor é uma conspiração doméstica, um motim sutil contra a sanidade.

A cidade lá fora? Um teatro de absurdos em cartaz perpétuo. Os ônibus arrastam os corpos como se fossem caixões motorizados. A calçada fede a pressa e desespero. As pessoas caminham como se fugissem de algo — e de fato estão — só não sabem o quê. Talvez de si mesmas, talvez do espelho que esqueceram de encarar ou de cobrir em respeito ao morto que é você mesmo aos poucos na calada da noite sem nenhum vintém.

A política, esse circo de horrores, conseguiu o impossível: tornar o riso uma arma de autopreservação. Rir é a última forma de protesto que ainda não taxaram,  que Haddad não saiba. Os ideais morreram num aplicativo de entrega rápida. Agora, a virtude cabe em 280 caracteres e a empatia é medida por curtidas. O mode in é "ser do bem"  O filósofo virou influencer, o revolucionário virou coach. “Desperte seu potencial”, dizem, enquanto sugam a energia vital com sorrisos de serpente e apunhalam a família por um pedaço de terra dos ancestrais, eles se foram mas ficaram os ais.

Até a natureza, coitada, entrou no jogo. Os pássaros cantam, não por alegria, mas por desespero. “Ainda estamos aqui”, eles gritam, e ninguém escuta. Porque temos fones de ouvido — o símbolo máximo do niilismo moderno. Se o mundo vai ruir, que ao menos seja com nossa playlist preferida tocando.

O desconforto, esse velho amigo, não está nas tragédias grandiosas, mas nos detalhes. No zumbido do ventilador que não deixa dormir. Na notificação que não é pra você. No toque humano que passou a ser incômodo. O incômodo é ontológico: somos forasteiros em nossas próprias vidas, inquilinos de carne em corpos que não reconhecemos mais, eu a muito não me vejo bem, com muita saudade do que um dia fui e puta que pariu, pnde parei eu,  não sou mais aquele que sumiu.

E aí vem a pergunta maldita: “Está tudo bem?”
Claro que não. Nunca esteve. E o mais grave: não deveria estar. Porque o bem-estar é um anestésico, um placebo emocional que nos impede de enxergar a rachadura estrutural da existência. Ser feliz hoje em dia é um ato de irresponsabilidade civil. Se você está bem, você está mal informado,  ou está morando em outro país.

E assim seguimos, equilibrando-nos na corda bamba entre o ridículo e o abismo. Criando memes sobre a atual gestão do Brasil para não engasgar nas próprias lágrimas em frente a gôndola do supermercado ou na fila do caixa da farmácia. Rindo porque é melhor que chorar. Cansados de fingir que a normalidade é saudável. Querendo, no fundo, que tudo exploda — mas com estilo, com sarcasmo, com cinismo bem temperado  a orégano e manjericão... olhos surtimortos, corpo pendente para o lado, falando sozinho pelas ruas, falando ou se confessando, seria com Deus ?!

Afinal, se o mundo vai acabar, que seja com uma gargalhada amarga.
Porque, no fim, tudo que nos cerca foi desenhado pra nos destruir com gentileza.

Amargo sermão!