Estava a pouco ouvindo a resenha do pânico sobre os ruídos da comunicação, pois uam influencer e seu namorido resolveram separar-se e a rede social ficou enlouquecida, esqueceram dos velhinhos roubados do INSS, esqueceram da janja e Lula pedindo interferência da China no controle das redes sociais, da votação de ontem sobre isso que passou como jabuti no congresso e nem falaram dos motivos de Marina ET Silva abandonar a CMPI ambiental...
E o povo hoje anda mais confuso em suas línguas que antes, pois hoje não brigam a sua preferência aos olhos de Deus, brigam por engajamento e likes é seguidores...
Escrevi esta crônica, espero que goste, comente e compartilhe...
“Torre de Babel: A Era dos Filtros e Falas Vazias”
Não vou entrar no mérito se você acredita ou não que a torre existiu.
Eles falavam a mesma língua. Uma só. Sem emoji. Sem dancinha no TikTok.
Palavra dita era palavra entendida. E assim, decidiram construir uma torre. Não pra abrigo. Não pra proteção.
Pra alcançar o céu.
A arrogância humana em arquitetura.
Um concreto de ego, tijolo por tijolo, erguendo a ideia de que se podia ser Deus com as próprias mãos.
Mas Deus viu.
E em vez de raio ou terremoto, Ele bagunçou a língua.
Pum.
De repente, ninguém se entendia mais. A torre virou cacofonia.
O céu ficou mais distante ainda.
E hoje?
Hoje falamos mil línguas — e ninguém se escuta.
A torre continua de pé, mas agora é feita de postagens, legendas, podcasts, vídeos motivacionais, threads intermináveis sobre o nada.
A linguagem virou moeda. A palavra virou marketing.
O sentido se perdeu entre o “tá ligado?”, o “lacrou” e o “glória a Deus, mas compartilha essa benção.”
A gente vive numa Babel digital.
Fala muito. Diz pouco.
Entende menos ainda.
E o homem no banco da igreja se pergunta:
como é que eu oro com tanta interferência?
Como é que eu falo com Deus se nem me entendo?
Como é que eu escuto o outro, se tudo o que ouço me irrita?
Como ver o presidente do país dizer::_ Deus fez o nordeste ter seca porque sabia que eu seria presidente e eu ia trazer." Ou "_Ainda bem que Deus criou esta praga (covid) para mostrar que só o governo pode salvar o povo."
Hoje, a confusão de línguas não é no som — é na intenção.
É gente que fala “amor” querendo controle.
É crente que fala “correção” querendo humilhar.
É pastor que fala “prosperidade” querendo enriquecer.
É casal que fala “juntos com Deus” enquanto se destrói em silêncio.
A torre continua crescendo.
Vertical, vazia, vaidosa.
Mas onde está a linguagem da alma?
Aquela que não precisa de Wi-Fi.
Aquela que entende o choro sem explicação.
Aquela que cala quando precisa e ouve até o que o outro não sabe dizer.
A terapia é isso também, não é?
Traduzir Babels internas.
Ensinar o paciente a decifrar a própria língua.
O homem no banco da igreja fecha os olhos.
Lembra de quantas vezes orou frases copiadas de outros, achando que era isso que Deus queria ouvir. E agora percebe que só estava se retroalimentando na ilusão.
Quantas vezes mentiu com a boca enquanto o coração berrava outra coisa.
Quantas vezes calou quando devia ter falado. Porque às vezes é melhor calar que ser julgado, e quantas vezes foi julgado por falar... Ah, ele lembra.
E percebe que Deus não bagunçou a língua por crueldade.
Mas pra impedir que a gente subisse alto demais sem entender quem éramos embaixo.
A torre desmorona.
Mas a escuta ainda pode ser reconstruída.
Palavra por palavra.
Silêncio por silêncio.
Um novo idioma: o da verdade.
Mas, porém é entretanto a pergunta ainda vai ficar martelando a cabeça do homem sentado no banco da igreja: _ Afinal o que seria esta verdade?! A minha, a dele ou a do pattocinador ?
................................)(..................................
Sou Abílio Machado, um homem que também senta no banco da igreja.
Nenhum comentário:
Postar um comentário