domingo, 11 de maio de 2025

CHE GUEVARA, O "CARNICERO DE LA CABAÑA

 


Che Guevara, o Carnicero de La Cabaña: A Face Oculta da Revolução

Por Abilio Machado 

Che Guevara é um dos ícones revolucionários mais conhecidos do século XX. Sua imagem estampa camisetas, bandeiras e murais ao redor do mundo, especialmente entre jovens e simpatizantes de ideais de esquerda. Porém, por trás da figura romantizada de guerrilheiro heróico, existe uma história marcada por sangue, autoritarismo e contradições morais profundas.


Carnicero de La Cabaña ( O Açougueiro da Cabana)


Após o triunfo da Revolução Cubana em 1959, Che Guevara foi nomeado comandante da fortaleza de La Cabaña, em Havana. Durante sua gestão nesse presídio militar, ocorreram centenas de julgamentos sumários e execuções por fuzilamento de pessoas acusadas de colaborar com o regime de Fulgencio Batista — os chamados "contras".


Fontes diversas estimam que entre 55 e 500 pessoas foram executadas sob sua supervisão direta ou com sua aprovação explícita. O próprio Che reconheceu publicamente sua disposição para matar por suas convicções revolucionárias. Em discurso na ONU em 1964, ele afirmou:


> “Fuzilamos e continuaremos a fuzilar enquanto for necessário.”


Não havia devido processo legal. Os julgamentos eram rápidos, sem ampla defesa, e muitas vezes baseados em delações ou simples suspeitas. La Cabaña se tornou, assim, um símbolo de terror para os opositores do novo regime e rendeu a Che o apelido entre os próprios cubanos exilados: El Carnicero de La Cabaña — O Açougueiro de La Cabaña.




A "Escola do Homem Novo"


Che Guevara acreditava na construção de um “Homem Novo” — um indivíduo moldado pelo sacrifício, altruísmo extremo e disciplina ideológica. Ele defendia que a transformação do indivíduo só seria possível através do trabalho forçado, da obediência cega ao Estado e da eliminação de pensamentos divergentes. A "Escola do Homem Novo" era, na prática, uma doutrinação profunda.


Homens homossexuais, religiosos, artistas dissidentes e qualquer um que se desviava do modelo revolucionário idealizado por Guevara era tratado como "desvio moral" e muitas vezes enviado a campos de trabalho forçado — como as UMAPs (Unidades Militares de Apoio à Produção), verdadeiras prisões ideológicas sob o disfarce de reeducação.



A Hipocrisia das Camisetas


É no mínimo irônico — se não hipócrita — ver a imagem de Che Guevara sendo usada hoje em camisetas por pessoas que, na realidade, seriam exatamente o tipo de “contra” que ele perseguia. Gays, liberais, capitalistas, artistas, religiosos, jornalistas — todos seriam potenciais alvos da sua repressão revolucionária. A imagem do guerrilheiro virou um produto de marketing global, esvaziado de contexto e transformado em símbolo pop.


A esquerda ocidental contemporânea muitas vezes ignora ou relativiza os abusos cometidos por Guevara, tratando-os como “excessos revolucionários” ou “necessidades da luta de classes”. Ao fazer isso, acaba perpetuando uma leitura distorcida da história, que glorifica a violência ideológica em nome de uma suposta justiça.



A História Sombria que Quase Ninguém Conta


Entre os relatos mais chocantes envolvendo Che Guevara está o de uma execução em que não apenas o suposto contra-revolucionário foi morto, mas também seus filhos. Segundo testemunhos de dissidentes cubanos e autores como Humberto Fontova, Guevara teria ordenado o fuzilamento de toda a família, justificando:


> “Não quero viver com um olho no passado. Eles vão crescer e buscar vingança. Acabem com todos.”


Embora contestado por alguns historiadores como não comprovado, o episódio é citado como exemplo do extremismo moral e da lógica totalitária que Guevara defendia: eliminar não só o inimigo presente, mas qualquer possibilidade de ameaça futura. É uma extensão prática da mentalidade descrita pelo próprio Che em seus escritos, onde exalta o “ódio intransigente” como ferramenta revolucionária.


Essa frieza não era acidental — era cultivada. Em suas palavras:


> “O ódio como fator de luta; o ódio intransigente ao inimigo, que impele o ser humano além dos limites naturais, transformando-o numa eficaz, violenta, seletiva e fria máquina de matar.”




Che Guevara foi um personagem complexo, mas não pode ser dissociado das mortes, perseguições e autoritarismo que ajudou a implementar. Seu legado deve ser analisado com honestidade histórica, e não com romantismo revolucionário. Usar sua imagem como símbolo de rebeldia sem compreender o que ele realmente defendeu é, no mínimo, um erro — e, no máximo, um insulto às vítimas do regime que ajudou a construir.




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Referências:


Anderson, Jon Lee. Che Guevara: Uma Biografia. Companhia das Letras, 1997.


Fontova, Humberto. Exposing the Real Che Guevara and the Useful Idiots Who Idolize Him. Sentinel, 2007.


Guevara, Ernesto. Discurso na ONU, 11 de dezembro de 1964.


Valladares, Armando. Contra Toda Esperança. Record, 1986.


Documentos da Comissão Cubana de Direitos Humanos no Exílio.



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