"Oito de Maio – Quando o mundo respirou por um segundo"
Por Abilio Machado - veterano PE ( CIEx PiC Adm BPEB84)
Tem data que grita mais do que fala. Oito de maio é uma delas. Em 1945, foi o dia em que a Segunda Guerra Mundial acabou de verdade — pelo menos na Europa. Depois de seis anos de horror, o barulho das armas finalmente deu lugar a algo mais raro: silêncio.
A Alemanha nazista, encurralada por todos os lados, se rendeu. E não foi rendição tipo "foi mal aí", não — foi ajoelhada mesmo, documento assinado, soldados largando fuzis, cidades destruídas e um continente cansado de morrer.
Na Inglaterra, o povo saiu às ruas como se o gol do título tivesse saído no último segundo da prorrogação. Em Paris, teve champanhe e dança. Em Nova York, confete e beijo na Times Square — aquele famoso, do marinheiro beijando a enfermeira. Não era o fim da guerra mundial toda (o Japão só se renderia em setembro, depois das bombas em Hiroshima e Nagasaki), mas era o fim de Hitler. E só isso já parecia um milagre.
Aqui no Brasil, pouca gente lembra, mas a gente estava lá também. A Força Expedicionária Brasileira — a FEB — mandou mais de 25 mil soldados pra Itália. Brasileiros lutando na neve, enfrentando tanques alemães, segurando o tranco como dava, nossos heróis. Muitos voltaram, outros ficaram enterrados longe de casa, com nome escrito em cruz branca.
Oito de maio virou o tal "Dia da Vitória". Mas não foi uma vitória alegre. Foi aquela vitória amarga, suada, do tipo que ninguém queria ter precisado lutar. Porque a Segunda Guerra não foi só trincheira e explosão. Foi Holocausto. Foi Hiroshima, foi Nagasaki. Foi fome, medo, e o mundo quase desmontando.
Mesmo assim, vale lembrar. Vale muito. Porque esquecer é perigoso. A história tem um jeito chato de repetir tragédia disfarçada de novidade.
Então, hoje, se der tempo entre uma correria e outra, vale parar um minuto. Não precisa fazer discurso, nem postar bandeira. Só lembrar que teve um dia em que o mundo, pela primeira vez em muito tempo, respirou. E não ouviu bombas.
Minha continência a todos aqueles que tombaram para obtermos esta vitória.
Sou Abilio Machado.
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