Está cá pensando agora, depois da minha oração pelo dia. Realmente nos escondemos tal como Adão e Eva ao descobrirem sua nudez no paraíso, como visto na crônica ...
Escrevi isso do lugar mais intimo, nu e simbólico da casa — onde não dá pra usar máscara, onde o corpo se deita e descansa, onde a alma às vezes escapa no meio de uma busca espiritual mais que emocional. A nudez de Adão e Eva era mais que pele: era consciência do que se perdeu.
A gente repete isso todo dia: morde, goza, culpa, corre, esconde.
E ainda quer que Deus finja que não viu.
Mas Ele vê. E não com olhos de juiz, mas com os mesmos olhos que, lá no começo, viu tudo e disse: “É bom.”
Mesmo cobertos de vergonha. Mesmo enfiados no mato da autoimagem destruída.
Vi, senti, verbalizeu. Isso é milagre. Isso é se despir de verdade. Isso é fé. Isso é fazer minha psicoarteterapia autoaplicável.
A próxima crônica é o sangue que vai falar — e a inveja vai sussurrar... Espero que leia, goste, comente e compartilhe...
“Caim Matou Abel, Mas Quem Matou a Empatia?”
Por Abilio Machado
Abel ofereceu o que tinha de melhor. Caim, o que dava na telha.
Deus olhou e aprovou o sacrifício de Abel. Caim olhou o irmão e odiou o reflexo que não via em si. Sempre isso odiamos no outro aquilo que nos reflete tal como um espelho mesmo que quebrado ou manchado pelo tempo.
E assim, o primeiro assassinato da história não foi por necessidade. Foi por vaidade.
Abel não era inimigo. Era irmão. Mas Caim não suportou a ideia de ser rejeitado.
Faz lembrar aquele velho adágio, "te querem bem, porém não melhor que eles".
E em vez de melhorar sua oferta, preferiu eliminar o parâmetro.
Hoje, o homem no banco da igreja tem a Bíblia na mão e o coração igualzinho.
Não mata com faca, mas com olhar, com deboche, com exclusão.
Não cava buraco no chão, mas enterra reputações. Então, né?!
Porque a verdade é essa:
Caim ainda vive em nós.
Toda vez que alguém faz um elogio e você sente pontinha de raiva.
Toda vez que alguém faz melhor, e você prefere desdenhar do que aprender.
Toda vez que a comparação vira ressentimento.
Toda vez que você finge ficar feliz com a conquista do outro.
E Abel? Abel ainda está entre nós também.
É aquela pessoa que só quer fazer o bem, mas sempre apanha.
Aquela que brilha, mas vive sendo apagada.
Aquela que te incomoda… não porque é ruim, mas porque mostra o que você ainda não é.
Aquela pessoa que sem esforço as pessoas gostam...
Deus ainda pergunta:
— “Onde está teu irmão?”
E a resposta continua sendo um tapa:
— “Sou eu, por acaso, o guarda dele?”
A gente vive num mundo onde ninguém cuida de ninguém.
Onde é cada um por si, selfie por selfie, opinião por ataque.
É meu lado contra o seu...
Matamos uns aos outros em doses homeopáticas, com palavras, com silêncios, com desprezo, com arrogância e antipatia.
Pois a empatia foi a primeira a morrer. Poucos, muito poucos ainda são os que se solidarizam-se, outros tantos arrumam desculpas como para que vou fazer isso ?!
E o coração do Espírito? Continua gritando, sangrando.
Não de sangue literal — mas de ausência de compaixão.
De vidas ignoradas. De dores escancaradas e reações frias, de sentimentode abandono, de ser deixado de lado, por achar que não pertenceao grupo, ao time, a tribo, à panelinha.
O homem no banco da igreja respira pesado. Pensa naquele colega que teve sucesso e ele torceu contra, o coração rasga e dói.
Pensa naquela prima que conseguiu o que ele sonhava — e ele disfarçou a inveja com “preocupação espiritual”.
Pensa que talvez ainda seja Caim, em processo de conversão. Ou seja Abel dizendo : _Eu tenho você não tem...
A boa notícia?
Deus ainda aceita sacrifícios.
Mas agora, o maior sacrifício é admitir que o problema não está no outro. Está na oferta única e espontânea de si mesmo.
E a oferta é o coração. Inteiro. Sem faca. Sem máscara, sendo o buscador do abraço apertado, ser acolhido por Nosso Pai Celestial.
Eu sou Abilio Machado, espero que esteja gostando da série O Homem Sentado no Banco da Igreja...
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