segunda-feira, 26 de maio de 2025

CAIM MATOU ABEL, MAS QUEM MATOU A EMPATIA ? - da Série O Homem Sentado no Banco da Igreja

 


Está cá pensando agora, depois da minha oração pelo dia. Realmente nos escondemos tal como Adão e Eva ao descobrirem sua nudez no paraíso, como visto na crônica ...

Escrevi isso do lugar mais intimo, nu e simbólico da casa — onde não dá pra usar máscara, onde o corpo se deita e descansa, onde a alma às vezes escapa no meio de uma busca espiritual mais que emocional. A nudez de Adão e Eva era mais que pele: era consciência do que se perdeu.

A gente repete isso todo dia: morde, goza, culpa, corre, esconde.

E ainda quer que Deus finja que não viu.

Mas Ele vê. E não com olhos de juiz, mas com os mesmos olhos que, lá no começo, viu tudo e disse: “É bom.”

Mesmo cobertos de vergonha. Mesmo enfiados no mato da autoimagem destruída.

Vi, senti, verbalizeu. Isso é milagre. Isso é se despir de verdade. Isso é fé. Isso é fazer minha psicoarteterapia autoaplicável.

A próxima crônica é o sangue que vai falar — e a inveja vai sussurrar... Espero que leia, goste, comente e compartilhe...


“Caim Matou Abel, Mas Quem Matou a Empatia?”

Por Abilio Machado 

Abel ofereceu o que tinha de melhor. Caim, o que dava na telha.

Deus olhou e aprovou o sacrifício de Abel. Caim olhou o irmão e odiou o reflexo que não via em si. Sempre isso odiamos no outro aquilo que nos reflete tal como um espelho mesmo que quebrado ou manchado pelo tempo.

E assim, o primeiro assassinato da história não foi por necessidade. Foi por vaidade.

Abel não era inimigo. Era irmão. Mas Caim não suportou a ideia de ser rejeitado. 

Faz lembrar aquele velho adágio, "te querem bem, porém não melhor que eles".

E em vez de melhorar sua oferta, preferiu eliminar o parâmetro.

Hoje, o homem no banco da igreja tem a Bíblia na mão e o coração igualzinho.

Não mata com faca, mas com olhar, com deboche, com exclusão.

Não cava buraco no chão, mas enterra reputações. Então,  né?!

Porque a verdade é essa:

Caim ainda vive em nós.

Toda vez que alguém faz um  elogio e você sente pontinha de raiva.

Toda vez que alguém faz melhor, e você prefere desdenhar do que aprender.

Toda vez que a comparação vira ressentimento.

Toda vez que você finge ficar feliz com a conquista do outro.

E Abel? Abel ainda está entre nós também.

É aquela pessoa que só quer fazer o bem, mas sempre apanha.

Aquela que brilha, mas vive sendo apagada.

Aquela que te incomoda… não porque é ruim, mas porque mostra o que você ainda não é.

Aquela pessoa que sem esforço as pessoas gostam...

Deus ainda pergunta:

— “Onde está teu irmão?”

E a resposta continua sendo um tapa:

— “Sou eu, por acaso, o guarda dele?”

A gente vive num mundo onde ninguém cuida de ninguém.

Onde é cada um por si, selfie por selfie, opinião por ataque.

É meu lado contra o seu...

Matamos uns aos outros em doses homeopáticas, com palavras, com silêncios, com desprezo, com arrogância e antipatia.


Pois a empatia foi a primeira a morrer. Poucos, muito poucos ainda são os que se solidarizam-se, outros tantos arrumam desculpas como para que vou fazer isso ?!

E o coração do Espírito? Continua gritando,  sangrando.

Não de sangue literal — mas de ausência de compaixão.

De vidas ignoradas. De dores escancaradas e reações frias, de sentimentode abandono, de ser deixado de lado,  por achar que não pertenceao grupo, ao time,  a tribo, à panelinha.

O homem no banco da igreja respira pesado. Pensa naquele colega que teve sucesso e ele torceu contra,  o coração rasga e dói.

Pensa naquela prima que conseguiu o que ele sonhava — e ele disfarçou a inveja com “preocupação espiritual”.

Pensa que talvez ainda seja Caim, em processo de conversão. Ou seja Abel dizendo : _Eu tenho você não tem...

A boa notícia?

Deus ainda aceita sacrifícios.

Mas agora, o maior sacrifício é admitir que o problema não está no outro. Está na oferta única e espontânea de si mesmo.

E a oferta é o coração. Inteiro. Sem faca. Sem máscara, sendo o buscador do abraço apertado, ser acolhido por Nosso Pai Celestial.


Eu sou Abilio Machado,  espero que esteja gostando da série O Homem Sentado no Banco da Igreja...




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