Hahaha, maravilha! Então ainda sendo hoje vou afiar a caneta e com todo o charme de um padrinho de verdade — desses que não gastam com brinquedo caro, mas que moram no coração, com entrada vitalícia, sem precisar avisar antes de aparecer na memória.
"Dindo, o Original"
Uma crônica de amor e memória para meus afilhados
Dia do Afilhado. Esse dia que ninguém lembra — exceto a gente, os padrinhos raiz. Porque se você é dindo de verdade, não precisa de lembrancinha de loja nem de foto no Instagram com moldura florida. Basta lembrar daquela vez em que pegou no colo um toquinho de gente que agora já tá por aí pagando boleto e chamando você de "véi" com um sorriso debochado.
Ah, meus afilhados… Peguei cada um no colo. Miudinhos. Pareciam pãozinho de padaria saindo do forno: quentinhos, suaves e sempre prontos pra uma soneca no ombro alheio. Um deles vomitou no meu ombro no batizado, e até hoje, juro, se sinto cheiro de leite talhado, lembro da roupa. E lembro com carinho, veja só.
Hoje são homens. Homens! Com casa, filhos, boletos, e aquela cara de quem ainda tenta entender a diferença entre carnê e cartão. E minha única afilhada — essa virou uma moça que poderia dar palestra sobre autoestima. Anda como se o mundo fosse passarela e chama de “dindo” com aquele jeitinho que desmonta qualquer pose de durão.
Nunca fui o padrinho do presente caro. Nunca fui mesmo. Sempre fui mais o do conselho de canto de festa, o do abraço apertado que dura mais que o esperado, o que manda mensagem de aniversário com “te amo, viu?” e escuta o silêncio das respostas porque amor mesmo não precisa ser respondido na hora.
Sou o padrinho de estar — mesmo de longe. Porque distância nunca atrapalhou quem ama certo. A gente se encontra nas entrelinhas da vida, nos causos contados na mesa do almoço, nas fotos da infância que aparecem do nada no na timeline de alguma das plataformas ou WhatsApp e me fazem dizer a mim mesmo: “Olha aqui, ó, um dindo com cara de criança segurando outro criança.”
E sim, eu sou esse: o dindo de memória viva, de afeto que não expira. Sou o padrinho que viu crescer e, mesmo não estando todo dia, tá em tudo. Na risada que ensinei, no conselho que larguei meio torto mas que colou, no abraço que dei forte demais porque sou desses — que sentem com o corpo todo.
No fundo, ser padrinho é isso: um cargo vitalício, uma espécie de superpoder secreto que ninguém mais tem. Não ganho presente, mas ganho abraço sincero. E isso, meu amigo, não se compra.
Então viva o Dia do Afilhado. Que eles lembrem — ou não. Que mandem mensagem — ou só sintam no peito aquela coisa quente que nem sabem o que é. Spoiler: é saudade do dindo.
E se é pra dar alguma coisa hoje, que seja essa crônica: um pedacinho de tudo que sinto, moldado em palavras.
Vocês são parte de mim. Sempre foram. E sempre vão ser.
Com carinho,
Dindo Abilio Machado
“Amor de padrinho não tem prazo de validade. É daqueles que a gente sente, mesmo sem lembrar de onde veio.”
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