quinta-feira, 29 de maio de 2025

Ah, Essa Verdade! - da Serie O Homem Sentado no Banco da Igreja.

 



Terminei a crônica anterior com o desejo de saber a verdade, mas o que seria a verdade para este homem comum sentado no banco da igreja ? Como ele conseguirá ocupar seus pensamentos,  vivenciar a sua fé no seio daquela comunidade, na sua família e na sua vida dia - a - dia.

Questione comigo sobre esta percepção, você também se sente assim? Como lida com suas dúvidas, como faz para se entregar de corpo, mente e espírito a isto ?

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AH, ESSA VERDADE !

Por Abilio Machado.

Ah, a verdade. Essa palavra que soa pesada no púlpito e ainda mais insuportável quando te encontra no banco duro da igreja, ou quando alguém não desligou o celular que estava naquele joguinho barulhento, num culto em que o ar-condicionado quebrou e a alma resolveu suar junto com o corpo.

A verdade, pro homem comum no banco da igreja, não é uma doutrina.
Não é um versículo de João decorado com voz de rádio gospel.
Não é o que o pastor grita, nem o que a irmã do coque compartilha no grupo da célula com 48 emojis de mãozinha orando.

A verdade é o que arde.
É o que você sente quando tudo cala.
É o momento em que o louvor te atravessa — não porque a música é bonita, mas porque você sabe que a letra fala de você. A presença do Espírito Santo de Deus toca fundo abrindo as entranhas até os átomos.

Verdade é perceber que você ama a Deus… mas ama também seus vícios.
É admitir que ora pela família, mas não fala com o irmão faz três natais ou mais. (me esbofeteando neste momento).
É cantar “quebranta-me” e torcer pra Deus não levar a sério.
É estar no banco da igreja e saber que às vezes você só tá lá porque não sabe mais onde estar, está tão perdido, abandonado,  sozinho e leia-se nas entrelinhas o estar sozinho mesmo no meio da multidão.

Verdade é não se esconder.

Voltamos a aquela chamada divina das primeiras crônicas:_ Onde está você homem?! e _Onde está seu irmão?!

E isso dói mais do que o inferno pintado nos sermões.
Porque quando a verdade vem, ela arranca a maquiagem da fé. O pó barato começa a cracrelar. O lápis no olho a escorrer. O desodorante a vencer. A manchavde batom a manchar outras roupas.Ela tira o filtro da espiritualidade Instagramável.

Ela, enfim, revela que você não é Davi matando gigante — é Saul com inveja, Pedro negando, Judas beijando com mentira.

Mas… também é Moisés gaguejando e indo mesmo assim.
É Tomé duvidando e sendo amado.
É Paulo errando feio antes de acertar bonito.

A verdade não é o fim.
É o começo da honestidade com Deus — e consigo.
É olhar pro altar e dizer:
“Eu não entendo tudo, mas tô aqui.”
“Eu tô quebrado, mas não desisti.”
“Eu peco e ainda assim... quero continuar tentando.”

No fim, pro homem no banco da igreja, a verdade não vem no grito.
Vem no sussurro.
Na lágrima que escorre quando ninguém tá olhando.
Na paz que aparece no meio do caos — e você nem sabe explicar como.

Jesus disse: “Eu sou a verdade.”
E Ele também era homem.
Chorava. Sentia medo. Suava sangue.
Foi traído, abandonado, crucificado.
Mas foi até o fim com a verdade nos olhos.

A verdade do que acreditava que aquele era o desejo de Seu Pai.

Então talvez a verdade seja isso:
não uma resposta, mas um caminho.
Um passo por vez, com fé que ainda não é certeza, mas já é o bastante.

Uma luz no fim do túnel chamado estadia terrenal.


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Crônica anterior 

https://ensinamentosdopapainoel.blogspot.com/2025/05/torre-de-babel-era-dos-filtros-e-falas.html 


Abilio Machado,  aquele observador da jornada, sempre digo que não estou analisando apenas ali na observância das palavras, dos gestos, das nuances verbais... 

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