sábado, 31 de maio de 2025

O Deus Que Pede O Que Você Mais Ama.

 Olá! — com toda a alma e sem poupar lenha na subida.



“O Deus que pede o que você mais ama”

(ou: Abraão e o altar do que não faz sentido)


Abraão ouviu:

“Pega teu filho. O teu único. A quem amas. E sacrifica pra mim.”


O homem no banco da igreja escuta isso e engole seco.

Porque, convenhamos, esse é o tipo de versículo que a gente pula na leitura devocional.

O Deus que pede um filho em sacrifício não combina com o louvor que diz “Tu és bom o tempo todo”.


Mas ali estava Abraão.

Com lenha nas costas, faca no coração e silêncio no caminho.

O menino perguntava: “Pai, cadê o cordeiro?”

E ele respondia com a única fé que lhe restava:

“Deus proverá.”


O homem comum também tem seus altares.

Seu filho pode não se chamar Isaque.

Pode ser o sonho que levou anos pra nascer.

O casamento que veio depois de muita lágrima.

A profissão que custou noites e dívidas.

A reputação construída a duras penas.

A fé que parecia inabalável.


E então Deus vem… e pede.


Não porque Ele quer destruir.

Mas porque quer saber se aquilo que nasceu do milagre virou o novo deus.


Abraão subiu o monte pra matar o filho,

mas o que Deus queria que morresse ali era o medo de perdê-lo.


O homem no banco da igreja entende:

às vezes, Deus pede o que mais amamos não pra tirar, mas pra curar nossa dependência.

Pra mostrar que a fonte é maior que a bênção.

Que a promessa nunca foi maior que o Prometedor.


No alto do monte, Deus gritou: “Não toque no menino!”

E ali estava o cordeiro — preso pelos chifres.

Não veio antes. Não estava no acampamento.

Veio no limite da obediência.


Talvez seja assim com você.

Você sobe montes carregando dúvidas e dores.

Segue caminhando com Deus, mesmo sem entender.

E Ele, às vezes em silêncio, só observa se você confia Nele ou só nas bênçãos que Ele dá.


Porque o altar não é lugar de morte.

É lugar de entrega.

De dizer:

“Se for pra descer sem aquilo que eu amo, que eu desça com mais fé do que quando subi.”


O homem no banco da igreja fecha os olhos.

Pensa no que ainda precisa subir com ele até o monte.

E no que precisa deixar no altar.

Não pra perder.

Mas pra ser livre.


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Psicoterapeuta Abílio Machado

Psicólogo (CH) | Terapeuta Integrativo

Pós-graduado em Neuropsicopedagogia (ICH) | Avaliação Psicológica - CFS

Especialista no ensino de Artes, Filosofia e Teologia

Pós-graduando em Psicanálise, Psicoterapia e Psicopatologia do Adolescente


Olhar sensível e integrativo, atuo no acolhimento de histórias complexas e na escuta profunda das dores humanas, promovendo espaços de reconstrução emocional e autoconhecimento. Meu trabalho transita entre a ciência, a espiritualidade e a arte — sempre guiado pelo respeito à singularidade de cada indivíduo.


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