Olá! — com toda a alma e sem poupar lenha na subida.
“O Deus que pede o que você mais ama”
(ou: Abraão e o altar do que não faz sentido)
Abraão ouviu:
“Pega teu filho. O teu único. A quem amas. E sacrifica pra mim.”
O homem no banco da igreja escuta isso e engole seco.
Porque, convenhamos, esse é o tipo de versículo que a gente pula na leitura devocional.
O Deus que pede um filho em sacrifício não combina com o louvor que diz “Tu és bom o tempo todo”.
Mas ali estava Abraão.
Com lenha nas costas, faca no coração e silêncio no caminho.
O menino perguntava: “Pai, cadê o cordeiro?”
E ele respondia com a única fé que lhe restava:
“Deus proverá.”
O homem comum também tem seus altares.
Seu filho pode não se chamar Isaque.
Pode ser o sonho que levou anos pra nascer.
O casamento que veio depois de muita lágrima.
A profissão que custou noites e dívidas.
A reputação construída a duras penas.
A fé que parecia inabalável.
E então Deus vem… e pede.
Não porque Ele quer destruir.
Mas porque quer saber se aquilo que nasceu do milagre virou o novo deus.
Abraão subiu o monte pra matar o filho,
mas o que Deus queria que morresse ali era o medo de perdê-lo.
O homem no banco da igreja entende:
às vezes, Deus pede o que mais amamos não pra tirar, mas pra curar nossa dependência.
Pra mostrar que a fonte é maior que a bênção.
Que a promessa nunca foi maior que o Prometedor.
No alto do monte, Deus gritou: “Não toque no menino!”
E ali estava o cordeiro — preso pelos chifres.
Não veio antes. Não estava no acampamento.
Veio no limite da obediência.
Talvez seja assim com você.
Você sobe montes carregando dúvidas e dores.
Segue caminhando com Deus, mesmo sem entender.
E Ele, às vezes em silêncio, só observa se você confia Nele ou só nas bênçãos que Ele dá.
Porque o altar não é lugar de morte.
É lugar de entrega.
De dizer:
“Se for pra descer sem aquilo que eu amo, que eu desça com mais fé do que quando subi.”
O homem no banco da igreja fecha os olhos.
Pensa no que ainda precisa subir com ele até o monte.
E no que precisa deixar no altar.
Não pra perder.
Mas pra ser livre.
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Psicoterapeuta Abílio Machado
Psicólogo (CH) | Terapeuta Integrativo
Pós-graduado em Neuropsicopedagogia (ICH) | Avaliação Psicológica - CFS
Especialista no ensino de Artes, Filosofia e Teologia
Pós-graduando em Psicanálise, Psicoterapia e Psicopatologia do Adolescente
Olhar sensível e integrativo, atuo no acolhimento de histórias complexas e na escuta profunda das dores humanas, promovendo espaços de reconstrução emocional e autoconhecimento. Meu trabalho transita entre a ciência, a espiritualidade e a arte — sempre guiado pelo respeito à singularidade de cada indivíduo.
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