“O Guardião da Rodoviária”
Na pequena cidade de Monte Azul, todos conheciam o Tico — um gatinho laranja de olhos dourados como o pôr do sol. Ele não era um gato qualquer: era o vigia da rodoviária, o companheiro dos viajantes e o consolo dos que chegavam com saudade no peito.
Mas o que muitos não sabiam era a história por trás da sua fidelidade.
Tico foi adotado por seu João, um senhor simples que vivia sozinho e adorava passear com o gato no colo. Todos os dias, eles iam até a rodoviária só para ver os ônibus indo e vindo, e seu João contava histórias sobre as cidades, como se o mundo fosse um livro aberto.
Um dia, seu João embarcou num ônibus dizendo:
— “É só uma consulta médica na capital, viu, Tico? Volto logo.”
Tico, obediente, ficou ali sentado na plataforma, olhando o ônibus partir.
Mas seu João não voltou.
Os dias passaram, depois semanas, depois anos…
E Tico continuou indo, todos os dias, para o mesmo lugar. Chegava pela manhã, sentava no mesmo cantinho, e olhava cada ônibus que chegava, como se esperasse ver aquele rosto amado entre os passageiros.
Os funcionários da rodoviária começaram a cuidar dele — davam comida, água, carinho e até uma caminha sob a marquise. Mas ninguém conseguia convencer Tico a deixar o seu posto.
Porque no coração daquele gatinho, ainda havia esperança. E enquanto houvesse esperança, ele esperaria.
Tico virou símbolo da cidade. Turistas tiravam fotos, crianças deixavam bilhetinhos de amor, e uma plaquinha foi colocada com os dizeres:
“Aqui descansa Tico, o gato que ensina o mundo o que é lealdade.”
E mesmo sem palavras, Tico dizia tudo com seus olhos:
Amor verdadeiro não tem fim. Ele apenas espera.
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