Sentado no banco frio do corredor do hospital, com o som das máquinas cardíacas e das tosses abafadas ao redor, eu penso em Joseph Smith.
Não era o Joseph dos filmes heroicos, nem das histórias contadas na escola dominical. Era o Joseph homem, com medo, cercado, traído, ferido…
E ainda assim, sereno. 27 de junho de 1844.
Eu, me vi homem, sentado, respirando fundo.
Ali, entre exames e diagnósticos, também sinto que algumas mortes são diárias — e que viver com fé pode ser, em si, uma espécie de martírio.
Mas seria capaz de morrer em paz, como Joseph?
Seria capaz de viver com essa fé?
A Fé Serena de Joseph – Um Cordeiro em Dias de Tempestade
Por Abilio Machado
“Vou como um cordeiro para o matadouro, mas estou calmo como uma manhã de verão.”
— Joseph Smith, pouco antes de ser assassinado em Carthage, 27 de junho de 1844
Há algo de profundamente desconcertante – e ao mesmo tempo inspirador – nessas palavras finais de Joseph Smith, fundador do Movimento e depois A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Nelas, ele não apenas antevê seu fim trágico, mas o acolhe com uma serenidade que desafia o instinto humano de autopreservação. Como alguém prestes a ser morto pode comparar sua alma a uma manhã de verão? Que tipo de fé sustenta um homem em seus últimos momentos ao ponto de eliminar o medo e substituir o pavor por paz?
Vivemos tempos em que a fé, para muitos, tornou-se uma formalidade cultural ou uma ferramenta de conforto psicológico — útil em tempos de crise, mas frequentemente desligada da radicalidade que lhe deu origem. O testemunho de Joseph é, portanto, um contraste gritante. Sua fé não era um adorno: era a própria espinha dorsal de sua existência. Ele não apenas cria; ele vivia como se fosse verdade. Até o fim.
A coragem que nasce da convicção
O cordeiro indo ao matadouro é uma imagem bíblica poderosa, ressoando com a figura de Cristo. Mas Joseph não se coloca como vítima – ele se coloca como alguém em paz com sua missão, alguém que sabe que mesmo a morte não tem a última palavra. Isso exige uma fé que não se limita a palavras ou cultos dominicais, mas que transforma o modo como se respira, se anda, se morre.
Hoje, em nossos templos climatizados e redes sociais religiosas, quantos teriam essa mesma fé? Quantos de nós conseguiriam permanecer calmos em meio à injustiça, à perseguição, à violência, à morte iminente? Não é uma pergunta que busca condenar, mas provocar. Porque a fé que nos move precisa ser testada, não apenas pregada.
O que restou da fé dos pioneiros?
A fé de Joseph era feita de convicção e entrega. Era uma fé que fundava cidades, enfrentava multidões armadas, atravessava o desconhecido e aceitava o exílio. Era uma fé com cicatrizes.
Hoje, a fé muitas vezes vem sem custo. Desconectada da coragem moral e do comprometimento radical, ela se dilui na conveniência. Quantos de nós enfrentariam a morte como Joseph, sem buscar escapar, negociar ou clamar por justiça? Quantos iriam como cordeiros, sem ódio, sem medo, sem desespero?
Um chamado à fé profunda
A frase de Joseph não é só um epitáfio. É um convite. A mesma calma de uma manhã de verão ainda pode habitar os corações dos fiéis de hoje — se estivermos dispostos a redescobrir uma fé que não teme morrer, porque já aprendeu a viver plenamente. Uma fé que não se alimenta de promessas fáceis, mas de compromissos eternos. Uma fé que, mesmo no matadouro, canta.
Se queremos ser herdeiros desse legado, devemos abandonar as trincheiras da fé superficial. Devemos buscar a fé que acalma o coração diante do inevitável, que sorri entre as lágrimas, que reconhece que tudo neste mundo — até a própria vida — é transitório, exceto aquilo que plantamos no terreno eterno.
Talvez não sejamos chamados a morrer como Joseph. Mas todos seremos chamados, em algum momento, a enfrentar nossas prisões, nossos muros, nossos algozes — visíveis ou invisíveis. E quando esse dia chegar, o que habitará nosso espírito?
Será o pavor de quem viveu pela metade?
Ou a paz de quem viveu e morreu por uma verdade maior do que si mesmo?
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Paz profunda
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