Histórias, crônicas especiais e críticas politicosociais, espiritualidade, mensagens natalinas e contos motivacionais...
sábado, 7 de junho de 2025
Não existe dia do professor no Japão!
No Japão, não existe Dia do Professor.
E talvez… eles não precisem mesmo.
Durante minha estadia por lá, certo dia perguntei ao meu colega, Professor Yamamoto:
— Quando vocês celebram o Dia do Professor aqui?
Ele sorriu com gentileza, como quem não entende bem a pergunta, e respondeu com serenidade:
— Aqui no Japão… não temos um dia especial para isso.
Confesso que, naquele momento, achei estranho. Como um país tão avançado em ciência, tecnologia e educação poderia deixar passar algo tão simbólico? Mas com o tempo, compreendi.
No Japão, o respeito ao mestre não se celebra uma vez por ano. Vive-se. Todos os dias.
Lembro-me de uma tarde em que, ao sairmos do trabalho, tomamos o metrô em plena hora de pico. Viajávamos apertados entre tantos. Eu estava de pé, quando um senhor, já idoso, levantou-se e me ofereceu o lugar. Surpreso, hesitei. Mais tarde, perguntei ao Yamamoto por que ele teria feito aquilo.
— Talvez ele tenha visto a sua identificação de professor — respondeu. — Aqui, a figura do mestre é muito respeitada.
Não era cortesia. Era cultura. Não era um gesto ensaiado. Era uma reverência espontânea.
Dias depois, quis comprar um presente para a família do Yamamoto. Ele me levou a uma livraria — comum, nada de especial. Mas ao mostrar sua credencial de professor, recebeu um desconto. Silenciosamente. Sem alarde. Sem cartazes dizendo “desconto para professores”. Era apenas mais uma forma sutil de reconhecer o valor de quem ensina.
No Japão, os professores não têm filas preferenciais, não são chamados ao palco uma vez por ano para receber flores ou aplausos. Eles têm algo mais duradouro: o respeito cotidiano de uma sociedade que sabe o peso e o valor da missão de educar.
Ser professor no Japão é uma das funções mais exigentes e honrosas. O processo é rigoroso, os padrões são altos, a ética é inegociável. Nem todos conseguem. Nem todos querem.
Talvez seja por isso que lá não se comemora o “Dia do Professor”.
Porque onde o mestre é respeitado todos os dias, um único dia seria pouco. Desnecessário, até.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário