O Discípulo ou o Doutrinado?
Sentado no banco da igreja, ele ouve mais uma vez:
“Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades.”
Mas hoje, a frase não sai da boca do pastor, nem do super-herói. Vem da sua própria consciência — atravessada por um incômodo:
"Tenho mesmo escolhido crer… ou só repito o que me ensinaram a vida inteira?"
Há um tipo de fé que nos alimenta. E há outro que apenas nos domestica.
E a linha entre uma e outra é tão fina quanto a lâmina da dúvida que ele sente cortar sua alma agora.
Desde criança aprendeu a dizer “amém” antes mesmo de saber o que estava sendo afirmado. Fez jejum porque disseram que traz bênção. Leu a Bíblia inteira em um ano, mas sem lembrar o que sentiu.
— Era zelo ou era medo?
— Era amor ou era adestramento?
No filme Herege, um homem ferido pela religião desafia duas jovens missionárias a confrontarem o que realmente acreditam. O que começa como uma conversa torna-se um espelho, e ali — no desconforto — ele viu a si mesmo: não como quem questiona a fé dos outros, mas como quem nunca ousou questionar a própria.
Ele então se pergunta:
Sou discípulo… ou só decorador de versículos?
Sou servo… ou refém emocional de um sistema que diz que se eu errar, Deus vai me abandonar?
A fé manipulada é como uma cerca elétrica: mantém dentro pelo choque, não pela verdade.
Mas a fé genuína é como um caminho aberto: convida a caminhar, a cair, a levantar, a aprender.
Ele lembra que Jesus nunca manipulou.
Jesus propôs, inquietou, devolveu perguntas.
Nunca disse: “Obedeça sem pensar.”
Disse: “Siga-me.” E quem segue, decide.
Quem decide, assume.
E quem assume… não vive mais por eco, mas por experiência.
No filme, uma das missionárias clama a Deus com sinceridade no meio do caos — e é esse grito que transforma o herege.
Na vida real, talvez seja esse mesmo grito, silencioso ou aflito, que transforma a gente. Quando paramos de falar com Deus só com fórmulas prontas, e passamos a dizer:
“Não sei tudo, mas estou aqui.”
“Creio, mas ajuda a minha incredulidade.”
E então, sentado no banco da igreja, o homem sorri pela primeira vez em muito tempo.
Não porque tem todas as respostas…
Mas porque parou de ter medo das perguntas...
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Psicoterapeuta Abílio Machado
Psicólogo (CH) | Terapeuta Integrativo
Pós-graduado em Neuropsicopedagogia (ICH) | Avaliação Psicológica - CFS
Especialista no ensino de Artes, Filosofia e Teologia
Pós-graduando em Psicanálise, Psicoterapia e Psicopatologia do Adolescente
Olhar sensível e integrativo, atuo no acolhimento de histórias complexas e na escuta profunda das dores humanas, promovendo espaços de reconstrução emocional e autoconhecimento. Meu trabalho transita entre a ciência, a espiritualidade e a arte — sempre guiado pelo respeito à singularidade de cada indivíduo
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