Hoje, quase adormecendo no sofá com o celular prestes a cair das mãos, entremeado aos solavancos de quase queda, o relâmpago de um pensamento me atravessou: ainda temos mandamentos? Ou só lembretes do Google Agenda? Ou notificações das várias plataformas que nos inserimos, das mais comuns às mais ousadas e pecaminosas...
Mais uma crônica da série "O HOMEM NO BANCO DA IGREJA", escrita entre a insônia e o insight. Se fizer sentido, comente, compartilhe, ou pelo menos pense nisso antes de quebrar mais uma tábua com a marreta do costume alterado, com a fé nas leis adaptadas para que você se sinta aceito.
Os Dez Mandamentos: O que ainda nos orienta?
Por Abilio Machado
Então… Os pensamentos disputam atenção, refletindo entre o sagrado e o absurdo — com um chá frio e amargo na mão e a alma quente de perguntas — me veio a dúvida: ainda seguimos alguma orientação?
Não mais no deserto do Sinai… mas no deserto das notificações, onde Moisés talvez estivesse mais para moderador de grupo do WhatsApp do que para profeta....
Foi no Sinai que Deus resolveu escrever.
Com o dedo.
Na pedra.
Não num tweet, nem num story.
Na rocha.
Não usou fontes, nem canvas, não usou filtros ou efeitos especiais...
Talvez porque sabia que o ser humano é um excelente esquecedor.
E se não estiver esculpido — se possível na testa — logo vira lenda.
Mas, e hoje?
Os Dez Mandamentos ainda funcionam?
Ou viraram um Top 10 da era do bronze, suplantados pelos 10 segredos para ser feliz de um coach influencer?
“Não matarás.”
Mas matamos reputações com uma única frase fora de contexto.
Matamos relações com o silêncio.
Matamos a verdade com a nossa versão preferida.
“Não adulterarás.”
Mas traímos promessas com scrolls infinitos.
Nas poses sensuais das mulheres onde o primeiro plano são os glúteos de biquíni ou na calça leg de academia que toma as ruas, os supermercados, as escolas e pasmem: os bancos e púlpitos de igrejas.
E os homens, não ficam atrás em suas poses viris, exibindo corpos, músculos, sua natureza, refletindo o mundo que vive, desejo, riqueza, poder... exibicionismo... em fotos vazadas frente ao xvideos e hoolefãns...
Nos envolvemos com mil imagens, e já não sabemos mais se desejamos ou só consumimos ou se fazemos parte integrante do disso e daquilo.
“Honra teu pai e tua mãe.”
Mas hoje preferimos seguir o conselho de um youtuber de 35 anos com um TDAH performático se passando por adolescente e imitando Foca quando não se joga numa banheira de meleca ou sobremesa e uma mãe que ele não visita.
“Não tomarás o nome do Senhor teu Deus em vão.”
E ainda assim temos nome de Deus na bio, versículo na legenda e intolerância no comentário. Temos uma infinidade de mensagens e vídeos com versículos e todos eles com o recado: não se esqueça de se inscrever no canal, deixar seu joaninha e compartilhar para gerar engajamento.
Talvez os Mandamentos nunca tenham saído de moda.
Fomos nós que saímos da escuta.
Tapamos nossos ouvidos porque a Escrita Sagrada nos dá regras de vida e de fé.
Hoje temos manuais de convivência, cartilhas de boas práticas, treinamentos de compliance…
Mas não temos mais espanto diante do erro.
Nem reverência pelo certo.
Há uma tendência a adaptação dos mandamentos para que o indivíduo se sinta bem, o bem estar virou sinônimo para que as ofertas e dízimo mantenham o caixa da igreja.
Nos habituamos a relativizar tudo:
a verdade virou opinião,
a fé virou escolha estética,
o pecado virou estratégia de marketing.
E o altar virou palco.
A igreja estão pintando suas paredes de preto, evitam janelas abertas, usam luzes estretoscópicas, existe agora um mapa de luz para cada sessão.
O homem no banco da igreja continua ouvindo.
Mas às vezes ouve mais o volume do teclado da vizinha digitando no grupo da célula, do que o eco da voz que vem da montanha.
Talvez seja hora de reescrever…
não os Mandamentos, mas a vontade de obedecer.
De deixar que essas palavras de pedra ainda nos impactem no coração de carne.
Porque no fundo,
ainda há uma Lei maior do que todas:
"Amarás ao Senhor teu Deus com todo o teu coração…" e ao próximo como a ti mesmo.
Mas pra isso…
é preciso lembrar quem é Deus, quem é o próximo…
e quem somos nós.
Olhar para si mesmo e questionar: _Quem sou eu sentado no banco da igreja ?!
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Imagem - Pixabay
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