quinta-feira, 5 de junho de 2025

Egito: terra de pão, prisão e promessas esquecidas. - da Serie O Homem Sentado No Banco Da Igreja




 “Egito: terra de pão, prisão e promessas esquecidas”

(ou: quando o lugar que te alimenta começa a te matar aos poucos)

O Egito era bonito.
Era fértil.
Tinha comida na escassez do mundo.
Era onde José se tornou alguém, onde a fome virou fartura.
Deus usou o Egito. Salvou através dele.
Mas… o tempo passou.

E um novo faraó se levantou — “que não conhecia José.”
Não lembrava da história.
Não tinha dívida com ninguém.
Apenas medo.
Medo daquele povo que crescia.
Medo de perder o controle.

E o Egito, que antes era abrigo, virou cativeiro.

O homem no banco da igreja conhece bem isso.
Já esteve em lugares que um dia foram bênção — e que hoje sufocam.
Trabalhos que já foram propósito e hoje são prisão.
Igrejas que já foram cura e agora são cobrança.
Relações que já foram lar e viraram cela.
Convicções que já foram fé… e hoje são algemas.

Porque nem toda prisão tem grades.
Às vezes ela tem salário.
Tem status.
Tem rotina.
Tem nome de “vitória” — mas cheiro de esgotamento.

O povo de Israel ficou ali por séculos.
Tornaram-se escravos devagar.
Não foi de um dia pro outro.
Foi o costume.
A adaptação.
O medo de sair do conhecido.

E então… eles começaram a gemer.
Não oravam mais. Não cantavam.
Gemiam.

E foi o gemido — e não a liturgia — que Deus ouviu.

Talvez seja assim com você.
Talvez você nem saiba mais orar.
Nem tem forças pra louvor.
Só geme.
Só suspira.
Só segura o choro.
E acha que Deus não ouve.

Mas Ele ouve.
Ouve o som das correntes que você nem percebeu que carrega.
Ouve quando você diz "tá tudo bem", mas por dentro clama: "me tira daqui!"
Ouve quando sua fé não grita mais, mas insiste em não morrer.

E então Ele chama alguém.
Um improvável.
Um ex-príncipe, exilado, gago, traumatizado.

Deus sempre envia libertadores que conhecem as duas margens do rio.
Gente que já esteve dentro e fora.
Gente como Moisés.
Gente como você, talvez.

Porque pra sair do Egito, não basta querer liberdade.
É preciso desaprender a escravidão.

O homem no banco da igreja se dá conta:
Talvez o Egito ainda esteja dentro dele.
Talvez o faraó more nas vozes internas que dizem:
“Você não pode sair.”
“Você nasceu pra isso.”
“Sem mim, você morre.”

Mas Deus ainda diz:
“Eu vi. Eu ouvi. Eu desci. E Eu vou tirar você daí.”


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Psicoterapeuta Abílio Machado

Psicólogo (CH) | Terapeuta Integrativo

Pós-graduado em Neuropsicopedagogia (ICH) | Avaliação Psicológica - CFS

Especialista no ensino de Artes, Filosofia e Teologia

Pós-graduando em Psicanálise, Psicoterapia e Psicopatologia do Adolescente

Olhar sensível e integrativo, atuo no acolhimento de histórias complexas e na escuta profunda das dores humanas, promovendo espaços de reconstrução emocional e autoconhecimento. Meu trabalho transita entre a ciência, a espiritualidade e a arte — sempre guiado pelo respeito à singularidade de cada indivíduo

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