quarta-feira, 18 de junho de 2025

Quando Cada Um Faz o Que Quer: A Alma Seu Juiz... da série O Homem Sentado no Banco da Igreja!

Hoje ele está nu. Sentado entre as pedras de um riacho, o corpo arqueado, os ombros expostos. A água despenca fria sobre suas costas como se o tempo inteiro o repreendesse. Não há ninguém por perto. Só ele, a natureza e a vergonha de perceber-se entregue aos próprios impulsos. O homem está sendo surrado pela verdade líquida — e não tenta se esquivar. Pensa nos tempos dos juízes… e se reconhece neles.




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Quando Cada Um Faz o Que Quer: A Alma Seu Juiz...

Por Abilio Machado 


Após a morte de Josué, não houve mais liderança unificada. A geração que conhecera o deserto havia morrido, e os filhos da promessa cresceram em conforto. Terra dividida, povo disperso. O texto diz: “Naqueles dias, não havia rei em Israel, e cada um fazia o que parecia certo aos seus próprios olhos.”


Parece uma celebração da liberdade. Mas foi o prenúncio do caos.


O povo se afastava, era oprimido, clamava a Deus, recebia um juiz libertador, voltava ao equilíbrio… e então caía de novo. O ciclo se repetia. E não é exatamente isso que vivemos, século após século?


A liberdade sem consciência vira vício. A autonomia sem integridade vira autossabotagem. E o vazio deixado por lideranças frágeis ou ausentes é preenchido por todo tipo de tirania emocional, política e espiritual.


Na modernidade, abolimos os juízes externos — e nos tornamos prisioneiros dos internos. Um tribunal mental nos julga o tempo todo: "não fui bom o bastante", "sou um fracasso", "ninguém me ama", "devo obedecer ou serei punido". Os juízes agora moram dentro de nós. E mesmo assim, fazemos o que bem queremos. Ou pensamos que fazemos.


No coletivo, vivemos num tempo sem juízes — ou com juízes demais. O próprio judiciário se perdeu nas próprias leis quando começaram a deixar a lei para impor seus desejos pessoais, ideológicos e autoprotetivos decseus muitos benefícios, As opiniões viram leis, gritos viram mandamentos. A autoridade moral se perdeu no ruído das redes, e cada novo “influencer” julga como se soubesse o fim da história, A-ha que descobriu o átomo da autocriação ao tomar banho de nutrela ou ganhar dinheiro induzindo ao vício do jogo de tirinhas e suas bets. O povo segue… confuso, exausto, buscando por libertadores que viram opressores. 

Uma opressão feita aos poucos. Os novos domadores de leões não são mais do circo itinerante, são das plataformas virtuais, que tem que fotografar-se no banheiro, o prato que vai almoçar,  a melhor pose na academia,  é o maior absurdo de todos entrar em um jogo e passar assistir ao influencer jogar aquilo que você deveria fazer.


E a fé?


A fé nesse tempo virou contrato. O Deus do pacto virou o Deus da emergência: só o invocamos quando a coisa aperta. Enquanto isso, pactuamos com os ídolos modernos — da estética, do consumo, da performance — e nos prostramos diante deles, acreditando que vão nos salvar da angústia de não termos um centro.


Mas Deus levanta juízes. Não perfeitos. Não constantes. Homens e mulheres que, em meio à ruína, se levantam com uma voz sóbria. Uma consciência despertada. E mais do que libertar o povo, despertam sua memória.


Talvez, hoje, o juiz que nos falta seja esse instante de dor. Esse banho gelado da alma que acorda quem fomos. Sentado no riacho, o homem sente mais do que frio: sente vergonha e esperança. Porque meu  nobre leitor(a)

"Só quem se vê nu pode finalmente se vestir com verdade."



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